(pt) [França]Liberdades sob ameaça, hoje e sempre By A.N.A. (en)
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Quinta-Feira, 30 de Setembro de 2021 - 15:17:06 CEST
Moção da Federação Anarquista aprovada no 79º congresso em Merlieux, 22 de agosto
de 2021 ---- O clima social é de inquietude: crise social, crise sanitária, crise
econômica... ---- Surfando na onda do mal-estar social, o Estado aproveita para
reforçar o seu aparelho de segurança e repressão a fim de satisfazer um
eleitorado cada vez mais conservador. ---- Com o movimento dos Gilets
Jaunes[Coletes Amarelos], as forças da ordem macroniana têm curso livre para
reprimir com virulência as manifestações, resultando num grande número de
mutilados. Desde o início dos protestos, os ministros do Interior têm, um após o
outro, defendido a atuação das forças de repressão.
Algumas declarações são um insulto às vítimas. Enquanto isso, o resto do governo
faz vista grossa, assim como os parlamentares.
A manipulação está Em Marcha[1]: as ações coordenadas entre o poder e a mídia
culminam num sentimento de insegurança na população e permitem passar sem alarde
leis e decretos liberticidas.
Assim, torna-se possível reforçar o monitoramento dos indivíduos "sob suspeita".
Ninguém se indigna com isso, e as organizações que se opuseram ao decreto perante
o Conselho de Estado fracassaram.
Estamos assistindo à mecanização do controle das populações: os algoritmos, a
geolocalização, o controle sobre as comunicações eletrônicas, os drones, as
câmeras de vigilância, e agora o QR code... Todo um arsenal tecnológico e
jurídico transforma insensivelmente nossos Estados "de direito" em Estados
policiais, e nossas sociedades "livres" em sociedades reféns do medo, onde a
desconfiança barra a solidariedade e faz da hospitalidade um delito penal.
O dispositivo legislativo desenvolveu-se enormemente durante essa crise. A
arbitrariedade policial aumentou. As liberdades dos indivíduos comuns são assas
frágeis diante dos juízes.
A Federação Anarquista denunciara a proposta de lei de "segurança global", em
especial o célebre artigo 24 sobre a proibição de registrar imagens das forças
policiais em ação, e de maneira mais geral o dispositivo que dava poderes
excessivos aos policiais municipais. O Conselho Constitucional tomou uma posição
curiosa: declarou inconstitucional o conteúdo do artigo 24 reformulado, mas
aprovou outras disposições liberticidas. É de fato o texto como um todo que
atenta contra as liberdades públicas, e que deve ser rejeitado.
Trata-se de uma tática que consiste em inscrever num texto um catatau jurídico,
cujo grosso será evidentemente anulado para fazer passarem as minúcias, tão
perigosas quanto.
Recentemente, o Conselho de Estado analisou o "Esquema nacional de manutenção da
ordem" e contestou algumas disposições do texto. Da mesma maneira que no Conselho
Constitucional, anula-se o grosso para fazer passar o resto. Assim, por exemplo,
a tática do "kettling" é suprimida, por ser demasiado atentatória contra o
direito de ir e vir.
Quatro disposições que miram a liberdade de informação também foram anuladas. Mas
sejamos prudentes. Muitas disposições anuladas reaparecem noutros textos. Os
redatores aproveitam-se da ausência de vigilância. Nos meses que se seguem,
eleições presidenciais e legislativas obrigam, diante da ascensão da
extrema-direita, a classe política profissional, direita e esquerda, a atacar com
medidas restritivas e atentatórias contra as liberdades públicas. A Federação
Anarquista não medirá esforços na luta contra o estabelecimento de um Estado cada
vez mais policialesco e reacionário.
Federação Anarquista
federation-anarchiste.org
Notas:
[1]Jogo de palavras com o nome do partido de Emmanuel Macron, La République en
Marche.
Tradução > Guilherme Tell
agência de notícias anarquistas-ana
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