(pt) Anarcho-feminist group Moiras: o paradoxo do trabalho (ca, de, en, fr, it)[traduccion automatica]
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Domingo, 5 de Setembro de 2021 - 08:44:38 CEST
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O trabalho é, sob o capitalismo e o patriarcado, um dos maiores paradoxos que o
ser humano enfrenta. É sinônimo de escravidão e segurança, de reconhecimento
social e satisfação profissional, mas também de opressão. Não tê-lo é um dos
maiores infortúnios, que move massas de gente a enfrentar enormes perigos
cruzando fronteiras e mares; tê-lo pode ser uma sentença de prisão perpétua. ----
Se o trabalho dos operários é essa encruzilhada para todos, ainda mais para as
mulheres, que durante séculos realizaram um trabalho árduo sem remuneração e sem
qualquer reconhecimento, e que são estimuladas a trabalhar, como se nunca o
tivessem feito, como a única saída para sua emancipação.
O problema quando se pensa no trabalho é que o discurso social vigente hoje está
cheio de meias-verdades ou, diretamente, de falsidades egoístas: não é verdade
que o trabalho assalariado liberta. Os trabalhadores que nos precederam sabiam
disso muito bem, mas muitos de nós o esquecemos. Vender o tempo da nossa vida e
ser explorado nas grandes cidades, de segunda a sexta-feira, de setembro a julho,
obriga-nos a suportar níveis de tensão e infelicidade que encobrimos com
cervejas, com comprimidos, com o consumo de aparelhos estúpidos, ou postar
imagens falsas de nossas vidas nas redes para projetar a ideia de que, como nos
anúncios, somos felizes.
O jornal ABC teve o motivo de publicar, há poucas semanas, uma manchete que
ilumina bem o tipo de hipocrisia social de que falo: dizia que alguns pais tinham
'decidido' dormir no carro para economizar dinheiro e poder pagar tratamento
médico a um de seus filhos. A audácia do editor que escreveu aquela manchete é
óbvia para nós, acostumados a desfrutar (ainda) de tratamentos médicos
universais. Assim é o trabalho de graça que a maioria de nós pode acessar, mas já
esquecemos que é possível organizar as coisas de outra forma, resignados com a
longa noite das horas extras.
Chegamos, então, à primeira mentira capitalista: o trabalho assalariado não
liberta, ele acorrenta. Já sabemos que 'quanto mais fome dá', mas cair na
armadilha de pensar que subsistir é viver seria o mesmo que supor que é verdade
que há famílias que 'decidem' viver em carros, como se tivessem um alternativa.
A hipocrisia do discurso social sobre o trabalho tem outra reviravolta no caso
das mulheres: o feminismo de Estado nos diz que a "incorporação das mulheres ao
trabalho" é um fato recente, produto de uma longa luta, que devemos acolher com
entusiasmo. Emma Goldman já disse que as mulheres teriam que se emancipar de
nossa emancipação.
Esse discurso oficial sobre o acesso das mulheres ao trabalho parte do
pressuposto de que não existe todo o trabalho de cuidado e reprodução da vida
humana que as mulheres desenvolveram na longa história do mundo. Também considera
universal e atemporal a experiência das mulheres da burguesia, que estavam
confinadas nas casas e transformadas no 'anjo da casa', ignorando que as mulheres
proletárias sempre trabalharam, por salários de miséria, nas fábricas, como
babás, como lavadeiras, costureiras ou diaristas.
É verdade que as mulheres, também as da classe trabalhadora, foram sendo
'conduzidas' aos poucos pelo Estado para dentro de suas casas. Na Espanha, isso
aconteceu especialmente no governo de Franco, durante o longo êxodo do campo para
as cidades, com uma política pró-natalista de apoio ao salário familiar que criou
inúmeras operárias, donas de casa poupadoras e obedientes. Foi uma das chaves
para desmontar a velha luta operária e fazer a transição da barricada para o bairro.
Essa organização fechou completamente o círculo da divisão sexual do trabalho: as
mulheres, dedicadas ao 'seu trabalho' e a garantir que as crianças fossem para a
escola limpas e não fizessem barulho quando o pai chegasse; eles, obedientes ao
patrão, mas senhores e senhores em suas casas. E quando a sociedade de consumo de
massa tornou necessário expandir a base de consumo e multiplicar infinitamente as
falsas necessidades, de repente foi melhor que as mães abnegadas fossem mulheres
liberadas com trabalho. A dona de casa foi denegrida, transformada no risível
'maruja', e os filhos sumiram da equação; que sejam atendidos por avós, escolas
com monitores mal pagos ou estacionados em frente à TV. É o que sempre foi um
trabalho sem importância.
Então nos encontramos com uma organização social que faz de conta que as crianças
e os velhos se cuidam, ou são uma tarefa marginal e menor: é muito mais
importante, onde você vai parar, chutar uma bola, um jogo que se move milhões e
cria milionários, enquanto as tarefas essenciais para sustentar a vida são
cobertas com salários de pobreza. Da mesma forma, os empregos de "colarinho
branco", que são inúteis ou agravam diretamente a vida da comunidade, são bem
pagos e têm prestígio social, enquanto os indispensáveis, desde o cultivo de
alimentos até a limpeza das ruas, são inúteis.
Diante desse absurdo, exigimos um trabalho humano que atenda às necessidades
reais, que sirva para expressar a criatividade e desenvolver as capacidades
pessoais e que priorize o cuidado com a vida e não o acúmulo avaro de dinheiro.
Novelo número V
http://elmilicianocnt-aitchiclana.blogspot.com/2021/08/grupo-anarcofeminista-moiras-la.html
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