(pt) CAB: Declaração Internacional: Por um Primeiro de Maio de Luta! - DECLARAÇÃO SOBRE O DIA INTERNACIONAL DA CLASSE TRABALHADORA (ca, de, en, fr, it)
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Quarta-Feira, 5 de Maio de 2021 - 07:54:30 CEST
dia do trabalhador e da trabalhadora, Jornada de trabalho de 8 horas, Mártires de
Chicago, Socialismo Libertário ---- Em 1º de maio de 1886, uma greve massiva
inicia nos Estados Unidos exigindo uma jornada de trabalho de 8 horas. A palavra
de ordem dessa campanha era "Oito horas de trabalho, Oito horas de lazer, Oito
horas de descanso", propagada desde a metade do século 19 através da qual o
movimento da classe trabalhadora lutava para retirar poder do Capital e disputar
o tempo de trabalhadores e trabalhadoras para a vida, a cultura e a diversão.
---- A greve foi preparada previamente. O movimento trabalhista estadunidense
decidiu realizá-la em 1884. Para chegar a ela, centenas de reuniões e atos foram
realizados, fundos foram guardados, tudo em uma época em que a organização
sindical era ilegal. Manifestos e jornais circulavam estimulando trabalhadores e
trabalhadoras a se unirem à greve planejada.
Ainda assim, a luta pela jornada de trabalho de 8 horas não foi concebida como
uma mera reforma. Ela carregava a esperança por um futuro melhor, uma batalha que
se encaminharia para outra, mais definitiva, por uma sociedade igualitária, livre
de toda opressão. Não havia a compreensão de que essa demanda deveria passar pelo
parlamento ou pelos tribunais de justiça, mas sim que ela deveria ser arrancada
através da ação direta realizada pelo conjunto do povo. A classe trabalhadora
desconfiava dessas instituições hipócritas que para ela só significavam repressão
e fome.
No dia 1º de maio de 1886, a greve se tornou massiva, com atos por todo o país e
seu núcleo na populosa cidade industrial de Chicago. Lá, a repressão policial foi
sentida de forma brutal, mas também foi proporcional a resistência do povo
trabalhador. Diversos confrontos aconteceram, resultando em pessoas feridas e
mortas, incluindo um dos trabalhadores que morreu em frente à planta industrial
de McCormick, onde havia um número importante de fura-greves.
Desafiados por uma repressão ferrenha, os trabalhadores convocaram um ato no dia
4 de maio na Praça Haymarket. Durante esse evento, uma pessoa desconhecida atirou
um explosivo em resposta à repressão policial. Isso instigou uma reação brutal da
polícia, lançando uma campanha de perseguição, aprisionamento e tortura contra
trabalhadores. A justiça burguesa caiu com todo seu o peso sobre oito militantes
e lideranças sindicais anarquistas, depois de uma condenação por conspiração.
O caso na corte era uma emboscada anti-trabalhador, igual a alguns anos depois
quando dois anarquistas proeminentes, Sacco e Vanzetti, sofreriam em outra
armadilha jurídica. Testemunhos e evidências seriam fabricados para trazer toda o
ódio da classe burguesa sobre a militância trabalhadora. O próprio promotor,
Julius Grinell, disse nesses termos: "A lei está em julgamento. A anarquia está
em julgamento... Senhores do juri, condenem esses homens, façam-nos de exemplos,
enforquem-nos e salvarão nossas instituições, nossa sociedade".
No ano seguinte, em novembro de 1887, a lei burguesa sentenciou alguns dos
anarquistas acusados a anos de prisão e outros à morte por enforcamento. Diante
da corte, Adolph Fischer declarou:
Se vou morrer por ser anarquista, por ser um amante da liberdade, da fraternidade
e da igualdade, então não tenho objeções. Se a morte é a penalidade por nosso
amor à liberdade da raça humana, então digo abertamente que perdi minha vida;
porém, não sou um assassino.
Desde então, o dia Primeiro de Maio é comemorado como Dia Internacional da Classe
Trabalhadora. Celebrado pela primeira vez em 1890, o Primeiro de Maio é marcado
como o dia da greve trabalhadora contra o Capital, como uma ocasião para
relembrar os mártires de Chicago e a luta pela jornada de trabalho de 8 horas.
Como um resultado de greves e uma luta tenaz, a demanda por 8 horas de trabalho
foi lentamente conquistada pela classe trabalhadora em diferentes países, como no
caso do Uruguai e da Nova Zelândia antes de 1915 e da e Espanha com a Greve da La
Canadiense, em 1919.
O que o Primeiro de Maio significa hoje:
A jornada de trabalho de 8 horas já foi conquistada como um direito em diversos
países, e o 1º de Maio é reconhecido como um dia internacional de comemoração do
movimento das trabalhadoras e dos trabalhadores ao redor do globo. Apesar disso,
milhões de pessoas oprimidas ainda hoje trabalham por longos e exaustivos
períodos em condições deploráveis. Acidentes ainda acontecem em fábricas e
oficinas, resultando em tragédias horríveis. O Capital Transnacional vem se
expandindo desproporcionalmente em todo o mundo, empobrecendo as condições de
vida e trabalho de populações de países e regiões periféricas inteiras, e
ameaçando a própria existência do planeta.
Portanto, a demanda pela jornada de trabalho de 8 horas ainda é atual e válida.
Além disso, a sociedade pela qual os Mártires de Chicago e gerações de militantes
lutaram e sonharam é mais válida que nunca, pois estes carregavam em seus
corações desejos de justiça social para toda a humanidade, sabendo que a luta
contra o Capitalismo e o Estado foi e é decisiva ainda hoje. Eles sabiam que de
um lado estavam os opressores e suas instituições, e do outro estavam as classes
oprimidas, aquelas que sangram nas máquinas, famintas, desempregadas, a quem o
sistema capitalista despreza mas que serão as construtoras de um novo mundo.
Como aquele e aquelas que participaram das greves de Chicago, nós oprimidos e
oprimidas sabemos hoje que a justiça não pode ser alcançada dentro desse sistema.
Sabemos que a ordem social não traz nada de bom para nós que dependemos do
trabalho para viver. O Capitalismo só traz miséria, fome, violência e morte. É
isso que o sistema nos trouxe por séculos e ainda assim ele tem evoluído
tecnologicamente nos últimos trinta anos de maneira grotesca. O Capitalismo
começou guerras para controlar recursos, gerando caos em países e
transformando-os em "estados falidos", destruindo inteiramente seus sistemas
produtivos e deslocando populações inteiras, transformando-as em refugiadas ou
migrantes econômicos em busca de emprego e bem-estar. A lista de catástrofes
gerada pela ambição incontrolável do Capital e seu desdobramento imperialista é
longa.
São as classes oprimidas ao redor do globo que sofrem as consequências da
reprodução do sistema capitalista e sua necessidade de explorar a natureza e o
trabalho humano. Somos nós que devemos levantar as bandeiras da luta dos Mártires
de Chicago e seus sonhos de justiça e liberdade.
As tarefas do Anarquismo Organizado:
O Anarquismo, ideologia defendida pelos Mártires de Chicago, não morreu nem
desapareceu, como diversas tendências político-ideológicas têm sustentado. Pelo
contrário, o Anarquismo hoje tem o poder de provar que sua proposta é válida e
útil para a humanidade e que seu projeto de sociedade é válido para a lutas do
presente e não uma "relíquia do passado". O compromisso anarquista, propondo a
construção de uma sociedade onde o poder político e a propriedade, os meios de
subsistência, são socializados e onde a liberdade coletiva é um componente
essencial desta ordem social, é válido e vigente hoje.
Essa proposta não será concretizada do dia para a noite, deve ser uma construção
paciente, determinada, decidida, avançando na luta e na organização do povo.
Devemos avançar dia a dia. Isso é possível a partir de uma inserção social no
seio do povo, entre as classes populares.
É de especial interesse para o Anarquismo Organizado ter uma influência sobre os
segmentos onde a luta dos oprimidos e oprimidas, especialmente das e dos
trabalhadores, fortalecendo e desenvolvendo a organização dos sindicatos para
lutar por melhores salários e condições de trabalho. Vincular essas lutas e
sindicatos a outras organizações das classes oprimidas e ir tecendo uma
estratégia para a criação de uma Frente de Classes Oprimidas, avançando na
concretização de espaços cada vez maiores de autogestão e protagonismo das e dos
de baixo. Processo chamado por nós de construção do Poder Popular.
Todos os direitos e benefícios que pertencem ao povo foram conquistados através
da luta. As classes dominantes não dão nada de graça. Apenas através da
solidariedade e da luta militante do povo organizado em unidade conseguimos
garantir vitórias para as oprimidas e oprimidos. Nessa luta, o Anarquismo
Organizado tem um lugar, com nossa estratégia, nossas propostas e nossa
metodologia que enfatiza a criação do Poder Popular e não de um partido político,
como vanguardistas costumam fazer.
Os desejos de justiça e liberdade dos Mártires de Chicago retornarão às ruas
novamente neste Primeiro de Maio, junto às oprimidas e oprimidos do mundo em sua
luta por um futuro melhor. Seus sonhos vivem nas lutas de todo o povo, por todo o
globo, por pão e dignidade, mas também por uma sociedade justa e igualitária.
VIVA OS MÁRTIRES DE CHICAGO!
VIVA O DIA INTERNACIONAL DA CLASSE TRABALHADORA!
FORTALECER O ANARQUISMO ORGANIZADO! PELO SOCIALISMO E PELA LIBERDADE!
ARRIBA LOS Y LAS QUE LUCHAN!
? Federación Anarquista Uruguaya - FAU
? Federación Anarquista de Rosario - FAR (Argentina)
? Organización Anarquista de Tucumán - OAT (Argentina)
? Embat - Organització Llibertària de Catalunya
? Devrimci Anarsist Federasyon - DAF (Turquia)
? Anarchist Federation (Grécia)
? Organización Anarquista de Córdoba - OAC (Argentina)
? Die Plattform - Anarchakommunistische Organisation (Alemanha)
? Federación Anarquista Santiago - FAS (Chile)
? Aotearoa Workers Solidarity Movement - AWSM (Aotearoa/Nova Zelânda)
? Coordenação Anarquista Brasileira - CAB (Brasil)
? Libertäre Aktion (Suíça)
? Zabalaza Anarchist Communist Front - ZACF (África do Sul)
? Alternativa Libertaria - AL/fdca (Itália)
? Grupo Libertario Vía Libre (Colômbia)
? Workers Solidarity Movement - WSM (Irlanda)
? Anarchist Communist Group - ACG (Grã-Bretanha)
? Melbourne Anarchist Communist Group - MACG (Austrália)
? Organisation Socialiste Libertaire - OSL (Suíça)
? Union Communiste Libertaire- UCL (França)
http://cabanarquista.org/2021/05/01/declaracao-internacional-por-um-primeiro-de-maio-de-luta/
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