(pt) Declaração anarquista Internacional: Contra a opressão patriarcal e a exploração capitalista: Ninguém está sozinha! (ca, de, en, fr, it, pt, tr)
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Domingo, 14 de Março de 2021 - 08:43:47 CET
Hoje, 8 de Março, comemoramos o Dia Internacional das Mulheres Trabalhadoras,
data histórica na qual levantamos a luta pelos direitos políticos, sociais,
econômicos e sexuais das mulheres, lésbicas, e pessoas transgênero das classes
oprimidas, para acabar de vez com as violências sistemáticas do patriarcado e
pela luta revolucionária operária, popular e anticolonial. Proposta pela primeira
vez por um grupo de mulheres socialistas na Segunda Conferência Internacional de
Mulheres Socialistas de 1910, em Copenhague, o dia teve a intenção inicial de
promover os direitos civis das mulheres, para logo converter-se em uma jornada de
agitação, mobilização, protesto e greve por e para a vida e liberdade das
mulheres e dissidências de gênero ao redor do globo. Desde as manifestações por
direitos trabalhistas e políticos das mulheres nos estados industriais no início
do século XX, até a revolta pelo pão e pela paz das mulheres trabalhadoras que
deu início, junto a outras greves e manifestações, à Revolução Russa de fevereiro
de 1917, o 8 de março como Dia Internacional das Mulheres foi consolidado
lentamente por meio da luta ativa das mulheres da classe trabalhadora, razão
inicial por que resgatamos um feito tão grande que nos permite não só lembrar as
conquistas do movimento feminista diante da opressão patriarcal, mas também nos
apropriarmos dos debates e propostas que nossas antecessoras levantaram para
construir espaços que nos permitam levantar a voz diante das injustiças e das
violências deste sistema de dominação capitalista, patriarcal e colonial.
A jornada comemorativa internacional tem tido múltiplas bandeiras de luta que
variam em cada território e época, destacando-se entre elas a luta pelo sufrágio
e pela igualdade salarial, o reconhecimento dos trabalhos de cuidado e demais
tarefas relegadas ao âmbito privado realizadas majoritariamente por mulheres, a
luta pela despenalização e legalização do aborto e o acesso a contraceptivos, e a
abolição das violências baseadas em gênero materializadas em altos números de
abusos sexuais, feminicídios e transfeminicídios, entre outras. Também destacamos
a data como um espaço de mulheres e dissidências da classe trabalhadora que
historicamente permitiu a articulação organizativa do movimento feminista, e tem
se caracterizado por mobilizações massivas, mais recentemente pela Greve
Internacional de Mulheres, iniciada na Espanha, o movimento #NiUnaMenos
(#NemUmaAMenos) da Argentina e América Latina, e a luta pelo aborto legal, seguro
e gratuito em países de todo o mundo. Hoje em dia as mulheres trabalhadoras
estamos na linha de frente do combate à crise social e econômica produto da
pandemia da Covid-19, que revelou formas de violência e dominação patriarcal com
frequência invisibilizadas, como a exploração do trabalho feminino no âmbito
privado e a subordinação ante à figura masculina também nesse âmbito, e facilitou
o recrudescimento da violência doméstica, o assédio e o aumento nos casos de
feminicídios, transfeminicídios e abusos sexuais devido ao confinamento, por isso
nos mobilizamos no 8 de Março com tanta urgência. Contudo, embora reconheçamos a
importância da luta feminista em nossos tempos, somos conscientes, e por
consequência rechaçamos, a existência do "feminismo" branco, burguês e binário
que busca se fazer hegemõnico em detrimento das lutas das oprimidas, colocando
desde nossas organizações sociais e de base disputas contra a opressão patriarcal
constituídas desde baixo e por meio da ação direta. Nos mantemos alertas também à
influência do Estado sobre essa multiplicidade presente dentro do "feminismo",
que rapidamente busca acomodar as lutas e reivindicações dentro de suas
instituiçções, para confiná-las em sua própria maquinaria.
Nesta data de comemoração, também destacamos a importância das mulheres e
dissidências na luta pelos direitos da classe trabalhadora e oprimida pelo
sistema de dominação capitalista, destacando a militância de figuras como Teresa
Claramunt, Luisa Capetillo e Virginia Bolten, pelos direitos das minorias sexuais
e de gênero, pelo freio à exploração ambiental, pela abolição do Estado, e pelo
fim de todas as opressões, com vistas à transformação revolucionária da
realidade. Assim, a partir do apoio mútuo, da solidariedade de classe e do
cuidado coletivo, e por meio da crítica à construção de uma teoria política
baseada em concepções tradicionais de gênero hierárquicas, binárias e
excludentes, lutamos pelo socialismo e pela liberdade para todas. Portanto,
comemoramos o 8 de Março como jornada de luta, revolucionária e desde baixo, por
nossa emancipação que, como escreveu Emma Goldman em A Tragédia da Emancipação da
Mulher (1906): "tornaria possível à mulher ser humana no verdadeiro sentido (...)
e todos os vestígios de séculos de submissão e escravidão deveriam ser retirados
do caminho que conduz a uma liberdade maior."
Pela libertação das oprimidas,
Arriba las que luchan!
Viva as que lutam!
? Alternativa Libertaria/ Federazione dei Comunisti Anarchici (AL/FdCA) - Itália
? Anarchist Communist Group (ACG) - Grã-Bretanha
? Anarchist Federation - Grécia
? Aotearoa Workers Solidarity Movement (AWSM) - Aotearoa/Nova Zelândia
? Coordenação Anarquista Brasileira (CAB) - Brasil
? Die Plattform - Anarchakommunistische Organisation - Alemanha
? Embat - Organització Llibertària de Catalunya - Catalunha
? Federación Anarquista de Rosario (FAR) - Argentina
? Federación Anarquista de Santiago (FAS) - Chile
? Federación Anarquista Uruguaya (FAU) - Uruguai
? Grupo Libertario Vía Libre - Colômbia
? Libertäre Aktion - Suíça
? Melbourne Anarchist Communist Group (MACG) - Austrália
? Organización Anarquista de Córdoba (OAC) - Argentina
? Organización Anarquista de Tucumán (OAT) - Argentina
? Organisation Socialiste Libertaire (OSL) - Suíça
? Union Communiste Libertaire (UCL) - França
? Workers Solidarity Movement (WSM) - Irlanda
? Zabalaza Anarchist Communist Front (ZACF) - África do Sul
http://cabanarquista.org/2021/03/08/internacional-8-marco/
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