(pt) luta fob: Coletivo Carranca - RECC | Por água, terra e soberania alimentar
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Domingo, 11 de Julho de 2021 - 08:09:02 CEST
Dia 02 de Julho é reivindicado o dia da Independência da Bahia, mas nosso país
ainda mantém heranças de um Brasil colônia a qual nossa luta ainda é por água e
terra. O desmonte promovido pelas políticas neoliberais avança a passos largos,
sobretudo quando se trata das privatizações. A bola da vez é um dos bens mais
preciosos da humanidade, a água. O governo genocida de Bolsonaro e seus satélites
se aproveitaram da pandemia de Covid-19 para aprovar os PL 4.162/2019 e 495/2017,
o primeiro atualiza o Marco Legal do Saneamento Básico e foi aprovado no senado
em junho de 2020 - e aguarda sanção do presidente -, o segundo, visa criar
"mercados de água", e também foi aprovado. O governo tomava a aprovação da
questão como prioritária em vias de uma "retomada econômica", plano que começa a
ser botado em prática pelo governo federal, com o aval dos demais políticos
traidores da população, que deram seus votos a favor de um projeto antipovo.
Na realidade, o que está em jogo é tornar a água propriedade privada de empresas
transnacionais, colocando-a sob o controle do capital financeiro. Grandes grupos
econômicos possuem interesses na aprovação de tais medidas, desde o agronegócio e
mineradoras ao setor elétrico e de saneamento básico. Empresas como a Vale,
Coca-Cola, Ambev, AEGEA, Suez e BRK Ambiental, só para citar algumas. As
consequências nefastas dessas medidas serão a destruição de nascentes ou mesmo de
rios inteiros - levando em consideração a privatização de serviços da
transposição do Rio São Francisco - desmatamento de áreas ribeirinhas e de
conservação, aumento das tarifas de água, controle privado dos rios e águas
subterrâneas do país. Esse cenário agravante, que se encaminha ainda dentro de um
contexto pandêmico, é o da exclusão e proibição, privação do direito a um bem tão
básico e essencial à Vida. E que não deve ser mercantilizado para atender aos
interesses facínoras do capitalismo. A água é do povo e devemos lutar por ela.
Recentemente foi noticiado que Juazeiro da Bahia ocupa o primeiro lugar do
ranking do agronegócio no país, mas a que custo? Pois paralelo a isso, vem se
intensificando ainda mais os despejos de forma violenta, ainda que em situação
pandêmica. Foi o caso do Acampamento Palmares (MST - BA), que sofrem intimidações
e ameaças de despejo e que não ocorrem de agora; as 80 famílias que há mais de 10
anos já ocupavam a antiga fazenda Mariad, em Juazeiro, foram despejadas de suas
casas, tendo que deixar para trás além de suas plantações como feijão, macaxeira,
diversos gêneros agrícolas e criatórios, a fazenda que faz parte do grupo Mariad
Importação e Exportação de Gêneros Alimentícios, que outrora, teve seu
proprietário envolvido comtráfico de drogas, o colombiano Gustavo Duran Bautista,
que traficava cocaína dentro das caixas de uvas que eram transportadas para
diversos países. Ressaltando ainda que as famílias ficaram 17 dias sem água e
energia, chegaram a ser encurraladas e inclusive proibidas de sair e entrar no
acampamento. Em meio a pandemia com milhões de desempregados e a fome batendo na
porta de muitos, os setores ligados ao agrohidronegócio só avançam. É importante
destacar que as exportações do agronegócio brasileiro bateram recorde de
faturamento de US$ 11,57 bilhões em março, e que segundo o próprio Ministério da
Agricultura, o setor nunca havia ultrapassado a marca de faturamento de US$ 10
bilhões no mês de março desde 1997, ao mesmo tempo em que ocorrem diversos
despejos violentos não somente em juazeiro, mas todo Estado da Bahia, com aval do
governador e também por todo o país sob o governo do genocida de Bolsonaro e Mourão.
Em plena pandemia, a ganância do setor privado tem o apoio dos governos estaduais
e federal para botar em prática planos de privatização de estruturas que o estado
deveria utilizar para garantir a qualidade de vida do povo. A MEDIDA PROVISÓRIA
Nº 1.031, DE 23 DE FEVEREIRO DE 2021 trata da desestatização da Eletrobrás,
estatal que é responsável hoje por 37% do total da capacidade de geração de
energia do país e pelo seu gerenciamento, tendo na sua constituição um sistema de
empresas composto por Eletrobras Chesf, Eletrobras Eletronorte, Eletrobras
Eletronuclear, Eletrobras CGT Eletrosul e Eletrobras Furnas; pela empresa de
participações Eletrobras Eletropar; e pelo centro de pesquisas Eletrobras Cepel.
A Eletrobras também detém metade do capital de Itaipu Binacional. O fato é que a
privatização desse sistema acarretará em prejuízos incalculáveis para os
brasileiros, e por isso está sendo realizada de maneira sorrateira durante a
crise econômica, política e social que estamos vivenciando. Idealizado pelo
genocida Bolsonaro, a recente aprovação da MP N° 1.031 está colocando em risco
não só o acesso a direitos básicos como água e energia, mas também o direito à
terra e às condições de trabalho das populações tradicionais e demais brasileiros
que precisam dos serviços. A violência no campo e a luta por terra e água já é
uma realidade vivenciada pelas populações tradicionais desde a colonização do
Brasil, e mesmo sob o poder do Estado, essas empresas (especialmente durante a
ditadura militar) têm praticado crimes ambientais e contra essas populações em
prol do "desenvolvimento econômico do país". Os prejuízos às comunidades
tradicionais vão desde a desterritorialização e grilagem de terras até a negação
dos direitos mais básicos para a sobrevivência (água potável, alimentação,
saneamento básico, saúde, educação), com consequente marginalização de homens,
mulheres, jovens, crianças e idosos da classe trabalhadora.
Como se não bastasse, após a aprovação da Lei 14.026/2020, que alterou o marco
legal do saneamento, prefeitos e governadores passaram a acelerar os processos de
privatização dos serviços de água e de esgotamento sanitário, botando em risco o
meio ambiente e o acesso a esses serviços pelas populações mais carentes. Como é
o caso do governado Rui Costa do Partido dos Trabalhadores (PT).
Quando falamos em privatização de empresas de geração de energia elétrica e
tratamento de água e esgoto estamos falando da privatização da água. E por desses
projetos de leis, existe o desmonte dos serviços e de seus acessos pelas
populações rurais e urbanas vulneráveis economicamente e socialmente. A troca de
favores entre o estado e empresas privadas visa o lucro dos grandes empresários e
partidos políticos ligados a eles. São projetos bem-sucedidos para os
gananciosos, mas fracassados em atender às demandas da população. Um exemplo
desses fracassos foi o "apagão do Amapá", que aconteceu em novembro de 2020; o
apagão atingiu 13 dos 16 municípios do Amapá e foi provocado por um incêndio que
atingiu uma subestação de energia em Macapá. A causa do apagão foi a falta de
manutenção que deveria ter sido realizada por uma das empresas privadas
responsáveis por administrar a energia no estado, nesse caso, a ISOLUX. Além da
falta de compromisso com a manutenção, a empresa não teve o interesse em resolver
o problema com compromisso e rapidez, deixando a população sem acesso à energia
por vários dias. O governo em conjunto com empresas como essa, querem ter o
controle da água e da terra, pois assim, podem controlar a miséria e continuar
enriquecendo à custas do povo brasileiro.
Do outro lado, porém, temos a reação de um povo que nunca fugiu da luta e possui
técnicas seculares de sobrevivência. A agroecologia se coloca enquanto uma
Ciência do povo, pois, é valido ressaltar que a nossa ciência ainda carrega
traços coloniais e se rende a alguns setores do mercado, quanto a agroecologia se
porta a uma construção respeitando os saberes popular e conhecimento dos povos
tradicionais, tendenciando ao respeito do solo, água, humanos, animais e toda
forma de vida. Compreendendo os processos da natureza e colocando as necessidades
humanas acima do lucro, visando assim então pela soberania alimentar. Os dados
mostram que 70% dos alimentos inseridos na cesta básica dos brasileiros são
provenientes da agricultura familiar, mas o acesso à terra e a políticas públicas
são 2 fatores distantes da realidade desses produtores, e tornam-se cada vez mais
escassos com o avanço do agronegócio.
Que possamos aprender com nossa história, com os povos originários, com os
quilombos e as lutas dos trabalhadores, todas as conquistas foram através de
lutas, todas as conquistas foram pelas mãos do povo. E será somente pelas mãos do
povo que nos livraremos de uma vez de um Brasil que nunca deixou de ser colônia e
capacho de estrangeiro. Por ÁGUA, TERRA E SOBERANIA ALIMENTAR!
https://lutafob.org/9106/
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