(pt) Fórum Anarquista Especifista - FAE: HO NO AGORA (ca, de, en, it)[traduccion automatica]
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Sexta-Feira, 13 de Agosto de 2021 - 09:45:20 CEST
A militância no anarquismo especifista se dá no dia a dia, na luta popular, na
construção de formas autônomas de vida, no embate contra o autoritarismo/
governismo, e na busca incansável por uma sociedade mais justa e libertária.E
para que tudo isso aconteça é importante que tomemos conhecimento da realidade ao
nosso redor, das dificuldades que nós enquanto povo enfrentamos na rotina diária
da correria, para que saibamos mais como agem nossos inimigos de classe, e assim
possamos melhor combate-los. ---- Por perceber a importância de se ligar no que
rola na Bahia, iniciaremos uma série de textos de análises de conjuntura no
cenário baiano, também refletindo como o panorama nacional atinge nosso local de
luta.
DE OLHO NO AGORA - A BAHIA E O BRASIL EM JUNHO E JULHO
VIOLÊNCIA E DESEMPREGO
Antes mesmo de junho chegar, os boletins publicados no último dia de maio nos
informavam que a Bahia ocupou no primeiro trimestre de 2021 o primeiro lugar no
ranking de mortes violentas registradas no país[1]. No dia 22 de Junho, em pleno
São João, um novo boletim publicado nos informava que o estado teve em 2020 um
aumento de 137,5% de trans assassinadas violentamente em relação a 2019[2]. Em
meio a esse cenário, o governo de Rui Costa continua seu silêncio sobre o caso do
menino Micael Silva, (que completou um ano no dia 14 de junho e que segue sem
apuração e nem resposta) ampliando a certeza do comprometimento do governo baiano
com o genocídio sistemático da população negra[3]. Enquanto isso, os agrupamentos
opositores e partidários do governo estadual empurram uns para os outros a
culpabilidade dos índices, cada vez mais alarmantes, de criminalidade no interior
e na capital.
Por outro lado, o desemprego se espalha pelos municípios baianos cerceando as
possibilidades de vida digna para mais de 1,386 milhão de cidadãos. Segundo
pesquisas divulgadas no fim de maio pelo IBGE, a taxa de desemprego nos primeiros
meses de 2021 atingiram 21,3% da população na Bahia, que é muito acima da média
nacional, configurando-se como a maior do país[4].
AS ESQUERDAS E OS PROTESTOS DE RUA
Os atos de protesto no 29 de maio contra Bolsonaro (inicialmente mobilizados por
vários movimentos sociais e que na sua véspera no dia 28 já tinham confirmadas
186 manifestações[5]),representou segundo alguns analistas um novo ciclo de
lutas[6]que se abre ante ao desgate institucional e popular do governo genocida.
Mas é preciso ressaltar que se o campo multifacetado da esquerda conseguiu enfim
articular algum nível de mobilização contra a aterradora gestão atual da
calamidade pública, isso se deu principalmente por fora das linhas do Estado. Os
principais partidos ditos de esquerda em um primeiro momento se lançaram contra a
mobilização dos atos[7], ora sinalizando que seria um atentado contra as medidas
sanitárias, ora indicando que o correto seriam atos virtuais e simbólicos. Porém,
mediante a força da mobilização ao redor do Brasil, resolveram apoiar os atos de
última hora e tentar capitanear ao máximo esse ganho político para as próximas
eleições. Essa estratégia não só deu certo em alguma medida, que o PT na Bahia
desde cedo já anunciava seu apoio para os atos seguintes do dia 19 de junho.[8]
Essa ambiguidade na postura da esquerda autoritária é compreensível se
observarmos um pouco mais de perto o seu cálculo político. Que se baseia no
desgaste lento e gradual do governo Bolsonaro até às eleições, ao mesmo tempo que
não toma a linha de frente desse combate. Essa estratégia traria duas benesses, a
primeira seria a de preservar a imagem dos seus partidos e candidatos contra toda
animosidade que uma crítica mais contundente traria, deixando-os mais à vontade
na articulação com todo o campo institucional ( vide FHC declarando voto a
Lula[9], e Marcelo Freixo saindo do PSOL e indo para o PSB[10]); e em segundo
lugar deixaria Bolsonaro enfraquecido para a disputa eleitoral, quando enfim o
arauto da vez da esquerda autoritáriapoderia se mostrar mais livremente.
No entanto, essa estratégia de inércia fingida tem seus riscos, e não mobilizar
de forma alguma suas bases eleitoreiras pode fazer com que tais partidos não
tenham fôlego no pleito de 2022. Isso se mostrou claramente no 1º de maio, que
sendo uma data da classe trabalhadora teve pela primeira vez nos últimos anos uma
mobilização considerável por parte dos segmentos reacionários. O que não é
desprezível tendo em vista o que essa data representa e a força que tem em outros
países da América Latina. Por outro lado apoiar uma instabilidade política ainda
maior faz com que tal esquerda autoritária diminua a previsibilidade de seus
cálculos para 2022. Sendo assim, como ficou evidenciado a amplitude de tais atos,
tais partidos preferiram dar um apoio envergonhado do que ficar de fora
totalmente, o que poderia manchar suas reputações de alguma forma. Na prática o
que se viu foi uma presença marcada pelos movimentos sociais, esquerdas
libertárias e esquerdas institucionais que em boa parte dos atos capitanearam
para si os atos.
A adesão partidária se confirmou nos atos do dia 19 de junho (com 408 atos
confirmados)[11], o de 3 de julho (com 119 atos confirmados)[12]e 24 de julho
(com 284 atos confirmados)[13], em um cenário que a imagem do governo começa a
entrar em índices de rejeição cada vez mais altos.[14]Isso se dá mediante os
escândalos quase que diários da CPI da covid que revelam várias tramas de
corrupção envolvendo as compras das vacinas.Desse modo, em termos de disputa da
opinião pública os atos tem reforçado a rejeição ao governo genocida que se
revela cada mais insustentável em manter mobilizada sua base.
Por outro lado, por parte da esquerda institucional o que se vê é um cuidado para
que os atos não escalem novos tensionamentos contra a ordem vigente, e se
mantenham dentro do ordenamento jurídico burguês; uma vez que se mantendo dentro
do recharço institucional previsto, a trilha eleitoreira segue bem sucedida.
Nesse sentido é que se compreende o porquê de setores partidários contribuírem
para a criminalização de táticas como black blocks, o que trouxe à baila
novamente várias discussões sobre a legitimidade ou não de radicalização em
protestos, de modo semelhante ao que ocorreu em 2013.
EDUCAÇÃO PÚBLICA
Ainda no mês de junho foi decretado pelo governo do estado o retorno das aulas
semipresenciais, a ser condicionado pelas as taxas de contaminação e
internação[15], porém é preciso ressaltar que estudos recentes apontam que em São
Paulo professorxs que trabalharam presencialmente nas escolas tiveram risco quase
três vezes maior de desenvolver Covid-19 do que a população da mesma faixa etária
no estado. Além do mais foi constatado que o número de contratos de trabalho no
setor de educação encerrados por motivo de morte cresceu 128% de janeiro a abril
deste ano, se comparado ao mesmo período do ano passado.[16]
Associando isso ao fato de que assistimos um aumento dramático dos contágios em
diversos países nos quais a variante delta da Covid-19 tem se propagado[17],
vemos que caso essa abertura presencial se estenda a toda a rede de educação do
estado, o que pode ocorrer é um aumento vertiginoso de internações e mortes dxs
profissionais da educação. Vale lembrar que esse aumento da contaminação por
parte da variante delta tem se mostrado em países com um alto grau de controle e
monitoramento das contaminações o que é bem distinto de nossa realidade
sanitária.[18]
[1]https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2021/05/31/monitor-da-violencia-ba-e-responsavel-por-135percent-das-mortes-violentas-registradas-no-1o-trimestre-de-2021-em-todo-o-pais.ghtml
[2]https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2021/06/22/bahia-e-3o-estado-do-brasil-que-mais-matou-mulheres-trans-e-travestis-em-2020.ghtml
[3]https://reajanasruas.blogspot.com/2021/06/micael-silva-11-anos-vitima-do-estado.html
[4]https://atarde.uol.com.br/bahia/noticias/2170048-desemprego-na-bahia-vai-a-213-e-atinge-maior-numero-desde-2012
[5]https://www.brasil247.com/brasil/29m-ja-sao-186-atos-contra-bolsonaro-confirmados-e-movimentos-indicam-medidas-de-precaucao-veja
[6]https://www.redebrasilatual.com.br/politica/2021/06/atos-de-29-de-maio-abrem-novo-ciclo-de-lutas-democraticas-avaliam-cientistas-sociais/
[7]https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/lula-ignora-atos-de-29-de-maio-contra-bolsonaro-esquerda-viveu-dilema-sobre-ir-c3-a0s-ruas/ar-AAKwu2J
[8]https://atarde.uol.com.br/politica/noticias/2171596-pt-baiano-muda-orientacao-e-recomenda-participacao-em-novos-protestos-contra-bolsonaro
[9]https://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2021-03-16/fhc-diz-que-votaria-em-lula-contra-bolsonaro-em-2022---menos-pior-.html
[10]https://valor.globo.com/politica/noticia/2021/06/11/deputado-marcelo-freixo-sai-do-psol-rumo-ao-psb-de-olho-no-governo-do-rio.ghtml
[11]https://jornalistaslivres.org/408-atos-fora-bolsonaro-no-19-de-junho-veja-a-lista/
[12]https://blogs.correiobraziliense.com.br/servidor/119-atos-de-protesto-confirmados-para-24-de-julho/
[13]https://www.diariodocentrodomundo.com.br/protestos-pelo-fora-bolsonaro-em-24-de-julho-sao-confirmados-em-15-paises-e-284-cidades/
[14]https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/07/datafolha-para-63-dos-brasileiros-bolsonaro-e-incapaz-de-liderar-o-pais.shtml
[15]https://agenciasertao.com/2021/06/29/rui-costa-preve-retorno-das-aulas-presenciais-nos-proximos-15-dias/
[16]https://aplbsindicato.org.br/aplb-alerta-para-os-riscos-da-volta-as-aulas-presenciais/
[17]https://valor.globo.com/mundo/noticia/2021/07/09/variante-delta-faz-sia-retomar-restries-contra-a-covid-19.ghtml
[18]https://www.brasil247.com/coronavirus/impulsionado-por-variante-delta-casos-de-covid-19-crescem-80-no-mundo-diz-oms
https://faebahia.blogspot.com/2021/08/a-militancia-no-anarquismoespecifista.html
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