(pt) OASL - São Paulo: A Luta de Classes em Bauru (ca, de, en, it)[traduccion automatica]
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Sexta-Feira, 6 de Agosto de 2021 - 07:58:36 CEST
Em Primeiro de Agosto de 1896, nasceu a cidade de Bauru, no centro-oeste
paulista. A historiografia burguesa tenta narrar uma história de desenvolvimento,
crescimento e expansão, uma história que esconde conflitos, autoritarismo e
genocídio. ---- As origens coloniais e racistas da cidade ---- As terras
bauruenses nunca foram inabitadas, pelo contrário, pertenciam aos indígenas da
etnia Kaingang. Quando as primeiras fazendas de café se instalaram na região, os
"bugreiros", matadores profissionais, passaram a conduzir ataques aos povos
originários.
A exportação de café logo levou à necessidade de uma potente ferrovia, e três
empresas se instalaram na região - Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, Companhia
Paulista e Estrada de Ferro Sorocabana. Os interesses dos acionistas europeus, em
sua maioria da elite inglesa, logo levou a uma guerra de extermínio contra a
população local, e milhares de Kaingangs foram mortos.
Os donos das fazendas e das ferrovias bauruenses são elogiados nos livros de
história como os fundadores do município, inovadores e empreendedores, tendo seus
nomes atribuídos a diversas ruas e praças, como o engenheiro Machado de Melo ou a
família Leite.
O movimento operário e a cidade ferroviária
A ferrovia exigia mão-de-obra, e logo trabalhadoras e trabalhadores de todo o
estado de São Paulo vieram para a região, levando ao seu crescimento e, também,
ao acirramento dos conflitos de classes.
O Sindicato dos Ferroviários foi a maior importante e notável organização
operária da cidade, e a influência anarquista era decisiva. Não apenas foram
estabelecidas Escolas Modernas (de educação racionalista e científica destinadas
ao operariado), como lutas radicais eram realizadas, como a grande greve
ferroviária de 1914 contra o atraso de salários. Militantes bauruenses também se
envolveram na iniciativa da Aliança Anarquista, tentativa de construção de uma
organização específica no contexto da greve geral de 1917.
Desde então o Sindicato dos Ferroviários cumpriu um importante papel ao longo do
século XX. Durante os anos 30, atuou como oposição de esquerda contra os setores
burgueses ligados a Getúlio Vargas e àqueles alinhados à burguesia paulista de
32. Em 3 de Outubro de 1934, em uma prévia da posterior Revoada dos Galinhas
Verdes, sindicalistas do movimento ferroviário combateram nas ruas os
integralistas durante a vinda do fascista Plínio Salgado à cidade.
Quase dez anos depois, em 1949, a categoria ferroviária organizou uma nova greve,
duramente reprimida no evento conhecido como "Chacina de Triagem", com mortos e
feridos. Quando o golpe de 64 é deflagrado, o Sindicato dos Ferroviários convoca
uma grande assembleia massiva para organizar a resistência operária.
Memórias de cima e de baixo
No ano de 1962, a Frente Anti-Comunista (FAC), um agrupamento de extrema direita,
foi criada com a intenção de perseguir pessoas de esquerda. Um de seus centros de
articulação foi a Instituição Toledo de Ensino (ITE), faculdade fundada por
simpatizantes do integralismo, na qual, mais recentemente em 2018, foram lançadas
as candidaturas de direita de João Doria (PSDB) e Rogério Chequer (NOVO).
Atualmente, diversas famílias empresariais que colaboraram com os militares e
paramilitares de extrema-direita se mantém fortes, organizadas e com grande
influência na cidade, uma prova de que a mudança do regime não mudou a estrutura
da sociedade. O apoio político da burguesia bauruense aos projetos conservadores
de João Doria, Suellen Rosim e Jair Bolsonaro são a comprovação de que os valores
da elite capitalista não se alteraram nesse período de mais de um século.
Do nosso lado, a antiga Estação Ferroviária da Noroeste do Brasil se tornou lar
de uma série de grupos culturais da cidade, em sua maioria progressistas, e um
símbolo da histórica resistência sindical. É por essa razão que políticos de
direita e grupos empresariais se movimentam, ano após ano, com propostas de
desmanche desse espaço, muitas vezes sugerindo a privatização. A burguesia
bauruense quer apagar a memória das lutas na cidade.
A construção do Poder Popular, ontem e hoje
Não pretendemos esgotar nesse texto todas as lutas da cidade, que incluiu outros
importantes eventos, como o congresso de trabalhadores da saúde de 1987, que
marcou o início do movimento antimanicomial brasileiro. Buscamos jogar um pouco
de luz sobre a valorosa história bauruense das e dos de baixo, dos valentes
Kaingangs aos bravos Ferroviários, e demonstrar que a resistência popular do povo
de Bauru segue viva.
Ocupações de pessoas sem-teto, mobilizações estudantis e greves sindicais tomam
as ruas ao lado do movimento negro, das feministas, da comunidade LGBTI+ e dos
povos originários. E nós, da Organização Anarquista Socialismo Libertário (OASL),
temos orgulho de contribuir com a manutenção dessas rebeldias e do caminhar rumo
a uma sociedade livre e igualitária.
Nesse Primeiro de Agosto, comemoramos a resistência dos oprimidos, dos
perseguidos, de quem se recusou abaixar a cabeça para os colonizadores, os
patrões e os ditadores!
VIVA O POVO BAURUENSE! VIVAM AS CLASSES POPULARES!
PELA CONSTRUÇÃO DO PODE
https://anarquismosp.wordpress.com/2021/08/01/a-luta-de-classes-em-bauru/
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