(pt) cab anarquista: Terra para quem nela vive e produz: contra a violência do capital e do latifúndio
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Terça-Feira, 20 de Outubro de 2020 - 07:24:56 CEST
comentários acampamento Tiago dos Santos, latifúndio, LCP, Liga dos Camponeses Pobres, terra ---- Nos últimos dias, as famílias do
acampamento Tiago dos Santos (vinculado à Liga dos Camponeses Pobres), em Rondônia, sofreram intenso ataque da imprensa corporativa e dos
aparatos de repressão do Estado. 600 famílias, incluindo muitas crianças, foram vítimas de sobrevoos de helicóptero e um cerco pela polícia
militar que impediu a entrada de alimentos, culminando em um violento despejo no último dia 10 de outubro com bombas, gás lacrimogênio e
balas de borracha. ---- Por mais de 10 anos estas famílias lutavam por terra para produzir e viver, ocupando um latifúndio de mais de 57 mil
hectares, cujo grileiro inclusive encontra-se preso sob acusação de ser o maior grileiro de terras de Rondônia (mais de 1 milhão de
hectares) e chefe de organização criminosa especializada em grilagem e superfaturamento de terras no estado, contando com envolvimento de
empresários, advogados, servidores públicos, inclusive no judiciário federal.
A história do Brasil é manchada de sangue dos/as de baixo pela violência dos poderosos nas florestas e no campo, com um processo de brutal
concentração de terras. Um modelo colonial, centro-periferia e agrário exportador que é estrutural de nosso país, que desde a Colônia até
hoje vem assassinando indígenas, destruindo quilombos, expulsando camponeses, explorando trabalhadores do campo, destruindo florestas,
envenenando o povo e saqueando os bens naturais. E agora o Governo Bolsonaro assume esse legado genocida como uma de suas principais
políticas de Estado, beneficiando o agronegócio e o capital financeiro nacional e internacional. Fazendo uso, mais do que nunca, de
instrumentos como o INCRA no ataque e esfacelamento dos movimentos do campo e florestas.
Por isso, toda a solidariedade às famílias camponesas do acampamento Tiago dos Santos, e pela organização e apoio mútuo entre os movimentos,
territórios e povos. Em mais um ano eleitoral, tal violência do Estado e do capital só reforça que o caminho para a emancipação do povo não
é, e nunca foi, pelas urnas e parlamento. Ceder a alianças estratégicas com partidos e governos só tem como resultado a desmobilização do
povo e mais sofrimento para os/as de baixo. Diante disso, o que deve existir é a convicção de que a construção do poder popular só virá com
uma aliança indígena, preta, camponesa e popular na organização da luta para viver e produzir nos territórios.
Coordenação Anarquista Brasileira
Outubro de 2020
http://cabanarquista.org/2020/10/16/terra-para-quem-nela-vive-e-produz-contra-a-violencia-do-capital-e-do-latifundio/
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