(pt) lutafob: COMUNICADO NACIONAL -- Por um 1º de maio de luta pela vida e contra o capital
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Sábado, 9 de Maio de 2020 - 09:24:51 CEST
Comunicado número 19 da Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do Brasil (FOB) ---- 1º de Maio de 2020 ---- Aos
trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade ---- Aos moradores das favelas, periferias e ocupações urbanas ---- Aos camponeses e
camponesas, famílias assentadas e sem-terras ---- Às comunidades tradicionais, povos indígenas e quilombolas ---- Aos lutadores e lutadoras
que enfrentam todas as formas de opressão e exploração ---- O 1º de maio é um dia de luto e de luta da classe trabalhadora - de luto porque
lembramos daqueles e daquelas que no passado lutaram pelos direitos do povo trabalhador, como os oito mártires de Chicago, anarquistas e
sindicalistas revolucionários condenados injustamente à morte, porque lideravam as revoltas proletárias que reivindicavam a redução da
jornada de trabalho. De luta porque continuamos na resistência pelos nossos direitos e contra todas as formas de opressão e exploração.
Nesse 1º de maio de 2020, o luto e a luta tornaram-se realidades urgentes durante a pandemia da Covid-19, cuja origem é a própria expansão
da economia capitalista pelo mundo. Na verdade, o capitalismo não é só responsável pela origem da pandemia, mas, principalmente, é
responsável pelo grande aumento de casos e mortes, com mais de 3 milhões de infectados e mais de 231 mil mortes em todo o mundo. No Brasil,
os casos de infectados chegaram a 85.380, com 5.901 falecimentos (números de 30 de abril).
Diante dessa realidade temos uma certeza - somente o povo tem a capacidade de salvar o povo! Somente com a nossa auto-organização e com a
nossa luta direta, poderemos superar a crise social. Por isso, esse 1º de Maio exige uma convocação de toda a classe trabalhadora para lutar
pelo socialismo contra os crimes capitalistas.
1. Exploração e miséria em tempos de pandemia
Nos últimos anos, os diferentes governos têm retirado direitos do povo para aumentar os lucros dos empresários. A emenda constitucional 95
cortou por 20 anos os investimentos públicos em saúde, assistência social, educação e demais serviços essenciais. A Reforma Trabalhista
acabou com direitos trabalhistas e legalizou formas degradantes de contrato, como o trabalho intermitente. A Reforma da Previdência destruiu
a seguridade social e as aposentadorias.
O resultado dessas medidas não poderia ser outro: o aumento da exploração e da pobreza. No início do ano de 2020, o desemprego atingia 12,5
milhões de pessoas, cerca de 12% da classe trabalhadora. Da mesma forma, o trabalho informal aumentou muito, os trabalhadores e
trabalhadoras sem carteira assinada totalizaram 11,8 milhões e aqueles e aquelas que trabalham por conta própria somaram 24,3 milhões. A
situação da pobreza e da miséria também é assustadora, os dados afirmam que no Brasil existem 13,5 milhões de pessoas sobrevivendo com até
145 reais por mês.
Essa dura realidade para o povo trabalhador favorece o aumento dos casos de contaminação por Covid-19. De um lado, não temos as condições
sanitárias adequadas para a higienização - segundo pesquisa do instituto DataFavela, publicado dia 8 de março, 47% das famílias que moram
nas favelas não têm acesso à água potável e 15% não tinham sabonete para usar em casa. Em todo o Brasil, 17% da população não tem acesso à
água potável e 48% não tem coleta de esgoto. Por outro lado, estamos na linha de frente do combate à pandemia, trabalhando nos serviços
essenciais, no setor da saúde, na limpeza urbana, nos transportes públicos, nos supermercados, nas farmácias e outros, mas sem equipamentos
de proteção individual (EPI's) para garantir o mínimo de segurança no trabalho. E ainda, cerca de 36,1 milhões de autônomos e informais
perderam suas fontes de renda e não possuem qualquer seguridade social.
Apesar das péssimas condições de vida da classe trabalhadora, o governo de Bolsonaro-Mourão-Guedes correu para salvar os ricos com um pacote
de medidas para liberar R$ 1,2 trilhão para os bancos, R$ 48 bilhões para empresas aéreas, de energia e grandes varejistas e outros R$ 88
bilhões para o agronegócio. Para o povo, as medidas foram migalhas, como o programa de renda mínima de R$ 600, (aprovado depois da pressão
popular) que tem condições que excluem milhões, como CPF válido, ter celular e acesso à internet. O resultado foram as filas enormes nas
agências da Caixa Econômica e da Receita Federal, muita humilhação e revolta popular.
A ação principal do governo genocida de Bolsonaro-Mourão-Guedes contra os nossos direitos foi a publicação da medida provisória 936,
apelidada de MP da morte, porque permite o corte de até 70% dos nossos salários e a suspensão dos contratos de trabalho. Os empresários
correram para aproveitar essa medida e no dia 22 de abril já tinha mais de 2,5 milhões de acordos assinados para redução de salários ou
suspensão de contratos.
Ou seja, tudo para os ricos e poderosos e quase nada para os pobres, só migalhas, exposição ao risco de contaminação, assédio no local de
trabalho, demissões e perda de direitos. Por isso, a campanha "Fora Bolsonaro, Poder para o Povo" é fundamental e tornou-se parte da nossa
luta pela vida, pelo direito à saúde, ao trabalho e à renda.
2. A classe trabalhadora brasileira enfrenta a crise social e a pandemia: só o povo salva o povo
Durante o anúncio do programa de renda mínima emergencial, os representantes do governo afirmaram que milhões de brasileiros e brasileiras
seriam "invisíveis", isto é, apesar da necessidade, não teriam cadastrados e nem fazem parte de qualquer programa governamental. O total de
"invisíveis" seria de 46 milhões. Não somos "invisíveis"! Somos homens e mulheres que trabalham e produzem a riquezas desse país.
Veja também:
Frases e Retratos dos Mártires de Chicago
[VÌDEO]1º de Maio: seu significado e suas origens
A classe trabalhadora tem multiplicado formas de auto-organização, de solidariedade e apoio mútuo. Diversos coletivos autônomos estão
organizando campanhas de arrecadação e distribuição de alimentos, kits de higienização, EPI's, produção artesanal de máscaras, divulgando
informações sobre a Covid-19 e orientações de prevenção, denunciando assédios nos locais de trabalho, a falta de segurança, redução de
salários e demissões. É o povo lutando para salvar todo o povo.
As organizações filiadas à FOB - os SIGA's, a Casa da Resistência e a Rede Estudantil Classista e Combativa (RECC) - têm participado
ativamente dessas inciativas e propondo a organização de Comitês de Solidariedade em várias cidades. Defendemos que a auto-organização
popular, o apoio mútuo e a solidariedade fazem parte de nossa luta imediata pelas nossas vidas, pela saúde, trabalho e renda. Essas ações
permitem que a consciência e a experiência coletiva da classe trabalhadora possam romper com a apatia e com as ideias reformistas e
conservadoras que negam o protagonismo da classe na luta por sua emancipação. Por isso, as práticas mutualistas e reivindicativas que hoje
avançam por todo o país precisam se converter na luta conjunta pela construção do poder popular e do socialismo. Para preservar nossa
resistência, defendemos a organização de Brigadas de Autodefesa contra a violência da polícia, exército, facções e milícias.
3. Por um 1º de Maio combativo, de luta pela vida e contra o Capital
As seis principais centrais sindicais do Brasil (CUT, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central e CSB) convocaram um "palanque virtual" para o
1º de maio. Reunindo figuras como Lula, FHC, Ciro Gomes, Rodrigo Maia, Flávio Dino, Davi Alcolumbre, José Dias Toffoli, Dilma Rousseff,
Wilson Witzel e João Doria. Algumas dessas figuras não são muito diferentes de Bolsonaro; como Flávio Dino que apoiou a concessão da Base de
Lançamento de Alcântara aos EUA; Wilson Witzel com sua política assassina contra o povo negro no Rio de Janeiro e João Doria, fortalecendo a
PM-SP que já era uma das polícias que mais matam no país, para exterminar ainda mais pobres e pretos nas periferias e favelas. A esquerda
institucional se reúne com a direita envergonhada porque tem a mesma intenção: tomar de Bolsonaro o poder do Estado para que eles próprios
voltem a governar nossa miséria. Esse verdadeiro show de horrores é o máximo que o sindicalismo oficial tem pra oferecer durante esse
período de aprofundamento da crise sanitária, política e econômica.
É um insulto à memória aos nossos mortos e uma ofensa aos lutadores e lutadoras do povo que ainda enfrentam com todas as forças a miséria
capitalista. Não podemos permitir que esvaziem o significado do 1º de maio transformando nossa data em palanque eleitoral.
Por isso precisamos cumprir uma dupla função: 1) reforçar os mecanismos de ação direta e apoio mútuo, combatendo o capital e o governo de
Bolsonaro-Mourão-Guedes. 2) enfrentar as políticas traidoras da classe, como o colaboracionismo, a conciliação com patrões e o burocratismo
partidário e sindical, linha auxiliar da ordem burguesa.
Neste 1º de Maio, reafirmamos a necessidade da estratégia da Greve Geral Insurrecional pela vida e contra o Capital. Só através da ação
direta, da auto-organização e autodefesa populares, fortalecendo as organizações independentes e revolucionárias que já existem e criando
novas, é que poderemos dar um salto de qualidade em direção ao fim definitivo da exploração e humilhação dos capitalistas.
FORA BOLSONARO/MOURÃO! PODER PARA O POVO!
SÓ O POVO SALVA O POVO! GREVE GERAL PELA VIDA E CONTRA O CAPITAL!
#1WORLD1STRUGGLE
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