(pt) cab anarquista: Como votam as e os anarquistas? Nas lutas! - Nas lutas do povo negro! (de, en, ca, it)
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Domingo, 6 de Dezembro de 2020 - 09:40:21 CET
Em períodos como este, muito se fala na necessidade de o povo negro ocupar os
espaços de poder do Estado. Como se toda a herança escravocrata e colonialista
brasileira estivesse com os dias contados, se o número de parlamentares negros
crescer nas câmaras municipais. Enquanto isso, o Capitalismo e o Estado seguem
com a violência racista cotidiana. ---- O caso de Beto Freitas, brutalmente
assassinado por seguranças de um Carrefour em Porto Alegre, não foi exceção. Nos
últimos dez anos, enquanto os assassinatos de homens e mulheres brancas caíram no
país, as mortes de negros e negras cresceram, segundo o Atlas da Violência. ----
Acreditamos que a solução para esse cenário não é depositar um voto nas urnas
para tentar mudar a correlação de forças dentro dos parlamentos. Como anarquistas
revolucionários, defendemos a construção e o fortalecimento dos movimentos
sociais, na perspectiva de auto-organização do povo negro, firmando resistência e
cerrando punho na construção do Poder Popular. Só isso poderá destruir o racismo
e a supremacia branca, assim como toda forma de dominação!
"Não acreditamos no debate de opressões enquanto luta contra privilégios', nem
cremos no 'empoderamento' individual, e sim que estes eixos fazem parte da forma
como se estrutura a sociedade. O único empoderamento possível é construir o poder
negro real, coletivo, no seio do movimento social em conjunto dos setores
oprimidos: negros e negras, povos da floresta, camponeses, mulheres e
trabalhadores em geral." - Racismo e Dominação Colonial, Revista Socialismo
Libertário n.4
Leia a revista em PDF aqui ou procure uma de nossas organizações para aquisição
dela impressa.
Nas lutas das/dos trabalhadores de aplicativos
A precarização do trabalho e o alto desemprego jogaram muita gente pro trabalho
informal, e os serviços de transporte e de entrega por aplicativo foram os que
mais cresceram nesses últimos anos. As grandes empresas do setor se aproveitaram
disso, e diminuíram os rendimentos desses trabalhadores e trabalhadoras, que
tiveram que trabalhar muito mais para ganhar o mesmo que ganhavam antes. A
situação ficou ainda mais séria com a pandemia, quando o pessoal teve que se
arriscar nas ruas, sem que os aplicativos dessem qualquer apoio.
Fazer frente a isso não foi trabalho de nenhum político profissional: os próprios
trabalhadores e trabalhadoras estão se organizando, fazendo paralisações e outros
tipos de mobilização, para terem melhores condições de trabalho. Nós, anarquistas
organizados na CAB, votamos nas lutas dos trabalhadores e trabalhadoras de
aplicativos, divulgando suas lutas, levantando a solidariedade de clase nos
espaços onde militamos, e também fortalecendo a auto-organização de
entregadores/as e motoristas, onde nossa militância trabalha nesses setores.
Acreditamos que só, assim, fortalecendo os movimentos desde baixo, que teremos
condição de construir um processo de transformação social, que acabe com a
exploração e qualquer tipo de dominação!
Nas lutas das mulheres!
A violência contra a mulher tem raízes profundas na nossa sociedade patriarcal e
machista, e se expressa de várias formas: controle da natalidade e sexualidade,
trabalho doméstico não remunerado, assédios morais e sexuais, tortura psicológica
e violência física, e são ainda mais graves com mulheres negras e empobrecidas.
Essa violência também é institucional, produzida e reproduzida pelo Estado. A
desigualdade de gênero é mais um mecanismo útil de dominação, ainda mais se
levarmos em conta que são homens brancos a grande maioria dos que ocupam os
postos de poder estatal.
Mas não acreditamos que aumentar a presença de mulheres no Estado pode
transformar e superar esse cenário. É na luta das de baixo, com a construção
coletiva em nossos territórios, que podemos aumentar a força social para derrubar
o sexismo e o patriarcado. É por isso que votamos nas lutas das mulheres, na
construção cotidiana nos bairros, nos locais de trabalho e de estudo, no campo e
nos demais territórios onde estão as classes oprimidas, pelo Poder Popular!
Nas lutas indígenas e quilombolas
Os povos originários e quilombolas seguem sob ameaça em tempos de democracia. A
"Constituição Cidadã" de 1988 garantiu direitos no papel, que mais de 30 anos
depois são violados sistematicamente pelo próprio Estado.
A resistência dos indígenas e quilombolas, mesmo sob ameaças e violências, mostra
que a luta pelo direito à terra e ao território tem importância central no país.
Apesar dos mecanismos de garantia de direitos conquistados duramente, o Estado é
aliado do Capital na expulsão, empobrecimento e genocídio desses povos. Como
instrumento das classes dominantes, o Estado não é neutro nesses casos. Muitas
vezes, políticos e juízes são donos de terras ou têm relações muito próximas com
esses grandes proprietários, então não devemos ter qualquer ilusão com esse espaço.
Por isso, nós anarquistas da CAB, apoiamos as lutas dos povos da floresta e dos
quilombos, mantendo laços de solidariedade, defendendo as conquistas históricas
dos movimentos pela soberania dos territórios, na denúncia do etnocídio e contra
a negação de direitos conquistados historicamente. Nestas eleições e fora delas,
votamos nas lutas indígenas e quilombolas!
Nas lutas das/os terceirizados
Há alguns anos a terceirização se aprofundou nos setores públicos e privados,
processo facilitado pela aprovação de leis que só favorecem empresários.
Trabalhadoras e trabalhadores terceirizados ganham menos, têm menos estabilidade
no emprego, jornadas mais longas, e correm mais riscos, como acidentes de
trabalho. Também contam com sindicatos enfraquecidos, com muitas direções apenas
interessadas no jogo de poder com os de cima.
Nós, anarquistas, estamos ombro a ombro com as terceirizadas e terceirizados,
fortalecendo a auto-organização dessas/es trabalhadoras/es na luta por melhores
condições de trabalho, salários dignos e respeito a seus direitos. Nesse período
de pandemia, em que elas e eles estiveram mais expostos ao contágio, participamos
de mobilizações e denunciamos a negligência dos patrões.
É um cenário de precarização das relações e condições de trabalho, que no jogo
político não teve resistência à altura. Acreditamos que é só na ação direta das
trabalhadoras e trabalhadores que esse cenário pode mudar. Por isso, nestas
eleições votamos na luta das/os terceirizadas/os, fortalecendo a solidariedade de
classe e a organização!
Nas lutas LGBTQIA+
A diversidade sexual já foi considerada distúrbio mental, e ainda hoje é fruto de
muito estigma e violência. O Brasil é um dos países com maior número de agressões
e assassinatos contra a população LGBTQIA+, fruto de uma cultura firmada no
patriarcado, na heterossexualidade compulsória e no conservadorismo, que mantém
as hierarquias e dominações na nossa sociedade.
Enfrentar a marginalização e as violências dessa população é urgente, e deve se
dar em todos os espaços em que estamos inseridos, aliados às lutas classistas e
antirracistas das periferias do mundo.
Discordamos da leitura de que os avanços virão a partir da conquista de cadeiras
entre vereadores e deputados. A experiência recente mostra como figuras da
própria esquerda rifaram as pautas
http://cabanarquista.org/2020/12/01/como-votam-as-e-os-anarquistas-nas-lutas/
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