(pt) [Reino Unido, ACG] Não há pausa na guerra de classes By A.N.A.
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Terça-Feira, 7 de Abril de 2020 - 10:01:13 CEST
É tática comum dos estados e do capital invocar o "interesse nacional" e o "estamos todos juntos" como meio de desviar a atenção da guerra
de classes. Tais clamores ouviram-se durante e depois da crise financeira de 2008, quando estados e capital se protegeram, culpando os
trabalhadores. Contudo, a situação atual, com o Covid-19 certamente superou a crise financeira de 2008 no apelo à unidade nacional. Na
realidade, não houve certamente uma ocasião, desde a II Guerra Mundial, em que o interesse nacional tenha sido usado com tanto sucesso (pelo
menos "no Ocidente"). ---- No Reino Unido todos os partidos e governos estão amplamente em consenso, felizes pelo ecoar desta chamada à
unidade e, qualquer divergência entre Tory (partido conservador) e Labour (partido trabalhista), liberais e conservadores, "os que desejam
sair" (referente ao Brexit) e "os que defendem permanência" (Brexit), Westminster e Holyrood, foi posta de lado pela classe política.
Jornalistas e políticos do mesmo modo, respaldados pelos seus especialistas moderados e cientistas de estimação, alegraram-se em fazer
surgir o mito do WWII - um pé de guerra pelo NHS (sistema nacional de saúde), a guerra pelas nossas vidas, etc. - para fazerem valer o
argumento da unidade. Claro que as divisões reais da sociedade - entre, de um lado os trabalhadores e o capital e estado, do outro - estão
tão presentes como sempre. Os efeitos desta crise serão sentidos desproporcionadamente pelos mais pobres - tanto no Reino Unido como pelo
mundo a fora.
O consenso político está enraizado na ideia unânime de que não pode haver maior dano na economia, argumento este que reflete a
interdependência do estado e do capital. Contrariamente aos clamores de alguns sociais democratas, o neoliberalismo não tem sido exemplo do
capital a acabar com o estado, mas sim do estado e do capital a tornarem-se cada vez mais integrados, requerendo o capital que o estado
facilite a exploração dos trabalhadores. A atual crise dá-nos um exemplo excelente da sua interdependência, com o estado aparecendo como
forma de garantir que a economia (i.e. da exploração econômica dos trabalhadores) continue a funcionar de alguma forma.
Para que isto acabe, temos visto uma série crescente de propostas de orçamentos, pelo governo do Reino Unido, de modo a lidar não só com a
situação do Covid-19, mas também com as exigências de trabalhadores. Como resultado tem havido reais, embora limitadas, concessões no âmbito
laboral - a cobertura de 80% do salário desses trabalhadores será um alívio bem-vindo para algumas dessas pessoas, embora insignificante
para aquelas em situação laboral precária e muitas das pessoas que recebem salários muito baixos. E enquanto a exigência de algumas pessoas
para a "renda básica" poderá ter algumas vantagens, em especial nos tempos atuais, será uma medida para salvar o capitalismo e não para o
enterrar.
Contudo, apesar das intenções, capital e estado poderão ter tempos mais difíceis do que pensam ao tentarem colocar a cabeça debaixo da
terra. Mesmo antes de medidas adicionais serem tomadas devido à crise do Covid-19, trabalhadores tinham forçado o 1º orçamento para a
"esquerda", desde 2008. Enquanto o conflito entre liberalismo, já enfraquecido antes da pandemia, e o populismo (nacional) está tomando um
lugar de segundo plano, parece que poderá ser renovado mais cedo do que esperado. Não é difícil ver que a crise atual alimentará o aumento
do clima de políticas anti-imigração. Nem o liberalismo, nem o populismo nacional oferecem algo aos trabalhadores, mas é antes a competição
entre os dois que poderá abrir oportunidade ao avanço do poder operário. A acrescentar, para apoiar a auto-organização de trabalhadores,
neste momento, é vital que também olhemos para a forma como poderemos estender qualquer vantagem que seja conseguida. Para esse fim, a ideia
absurda da unidade nacional - esta não é uma "situação política" -em que trabalhadores e patrões estão do mesmo lado, tem de ser contestada
sempre que possível.
Fonte: https://www.anarchistcommunism.org/2020/03/22/class-war-not-on-pause
Tradução > Ophelia
agência de notícias anarquistas-ana
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2020/04/03/reino-unido-nao-ha-pausa-na-guerra-de-classes/
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