(pt) luta fob: [RECC-SC]Greve na UFSC
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Domingo, 22 de Setembro de 2019 - 08:46:14 CEST
Nós estudantes da UFSC entramos agora na segunda semana de greve estudantil, deflagrada
nos dias 10 e 11 de setembro. A mobilização contra o Future-se iniciou dias após a
apresentação da reforma pelo ministro Weintraub, no dia 17 de julho. Com encontros
impulsionados pelo caligeo e atividades organizadas pelo movimento UFSC Contra o
Future-se, a mobilização tomou corpo, culminando numa grande assembleia intercategorial,
com presença dos diversos campus da UFSC. ---- Nesta assembleia, a greve foi postergada
para o dia 10/setembro, e na pós-graduação, para o dia 11. Com assembleias realizadas pela
grande maioria dos cursos, o movimento foi tomando corpo em mais de 80 cursos, e tem
mostrado a disposição das/os estudantes para a luta contra o projeto universitário do
governo federal e os cortes.
A situação da UFSC e demais universidades públicas é crítica. Os cortes vêm atingindo
diretamente o cotidiano universitário, principalmente aos setores mais precarizados como
os/as trabalhadores terceirizados demitidos em massa (mais de 95 demissões na UFSC, mais
de 100 na UFG), e os estudantes pobres, negros e indígenas, que sistematicamente vem
perdendo as políticas de permanência estudantil, corte de bolsas, etc. Sabemos que o
governo não irá recuar neste projeto se não houver uma grande mobilização popular.
As/os estudantes da UFSC iniciaram um importante processo de luta com a greve estudantil,
mas a greve deve conseguir se espalhar pelas outras categorias na UFSC, na cidade e no
país para avançar em nossas reivindicações. A greve é um importante instrumento de luta da
classe trabalhadora, mas para que seja vitoriosa, devemos superar algumas estratégias que
impedem a radicalidade da ação coletiva e centralizam o controle da luta nas mãos da
burocracia estudantil.
Nossos inimigos e seus amigos
Antes de tudo, precisamos ter claro quem são nossos inimigos, isso envolve compreender os
interesses em jogo na defesa e aprovação do Future-se e demais políticas do governo.
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Já é evidente que o governo federal e o Ministério da Educação, personificado por
Bolsonaro-PSL/Mourão-PRTB e Weintraub são inimigos do povo, com uma agenda de destruição
dos serviços básicos de previdência, saúde e educação. Essa agenda também é defendida e
aplicada pelas outras instâncias no Congresso e no Senado, em nível local e regional.
Deputados como Bruno Souza-PSB e Ana Campagnolo-PSL, em Santa Catarina, além de alinhados
ao governo federal, utilizam o prestígio de seus cargos no Estado para difamar a
universidade e o movimento estudantil e sindical.
Também estão entre nossos inimigos os juízes e policiais que criminalizam, perseguem e
reprimem a revolta popular, assim como os empresários e banqueiros que financiam os
governos, buscando obter ainda mais lucro em cima do trabalhador e rifar nossos direitos
ao setor privado.
Na UFSC, temos as fundações e parcerias com o setor privado, e também o mandatário oficial
do governo federal: a reitoria. Algumas organizações político-partidárias que atuam no
movimento estudantil (PCB, PT, PCdoB, PDT, PSOL, PCLCP) tem defendido que a reitoria não é
nossa inimiga, mesmo depois do reitor Ubaldo divulgar o fechamento do RU e demais medidas
que atacam os interesses das/os estudantes. Apesar da reitoria ter recuado diante da forte
pressão estudantil, devemos compreender que, como gestor universitário, sua função não é
defender nossos interesses, mas aplicar a agenda vinda de cima, do MEC e do governo
federal. Por isso, não podemos ter ilusão de que a estrutura institucional da universidade
estará do nosso lado na luta.
Autonomia e tutela: a tensão entre direção e base
Greve é uma ação coletiva, sua força é proporcional a capacidade do movimento grevista de
paralisar as aulas, locais de trabalho, serviços, para isso é necessário organização e
discussão coletiva sobre os caminhos da luta.
Muitas organizações político-partidárias, na assembleia do dia 2 de setembro, se
posicionaram contrarias a greve imediata e contra a tática de ocupação. Ainda nesta
assembleia, o DCE, sem nenhuma discussão prévia (nem mesmo durante a assembleia), propôs a
suspensão do vestibular para ser encaminhada ao CUn. Essa proposta tem um duplo objetivo:
criar polêmica entre as/os estudantes, atrasando a votação de questões importantes como a
greve e a ocupação; e canalizar a ação das/os estudantes para fazer pressão por dentro das
instâncias institucionais, ao lado da reitoria.
Apesar das tentativas, as/os estudantes logo perceberam que a proposta de suspensão não
servia aos nossos interesses e nem contribuía com a luta contra o Future-se e os cortes.
Enquanto o DCE, junto da reitoria, queria gerir o sucateamento da universidade, as/os
estudantes acertadamente rechaçaram essa proposta em discussões nas bases, e se colocaram
a construir a greve desde suas assembleias de curso.
Nas últimas assembleias, dia 10 e 11, a graduação e a pós iniciaram a organização de seus
respectivos Comandos/Comitês de Greve. É muito importante, para a união e fortalecimento
da greve, a organização geral da luta em todos os cursos e programas. Contudo, é
fundamental nos mantermos atentos contra os oportunismos da burocracia estudantil. Nós
defendemos o absoluto controle das bases estudantis sobre os rumos da greve, e por isso,
propomos:
1. Que o Comitê de Greve seja composto exclusivamente pelos cursos em greve, com delegados
eleitos em assembleia de curso e com rotatividade. Somos contrários a existência de
cadeiras para as entidades oficiais (UNE, UCE, UFES e DCE). O Comitê de Greve é das/os
estudantes grevistas e não da burocracia estudantil.
2. A fusão do Comitê de Greve da graduação com o da pós-graduação. Somos todas/os
estudantes e nossa luta é uma só, não encontramos sentido em manter dois espaços separados
para a coordenação da greve na UFSC. Devemos superar o corporativismo entre graduação e
pós construindo espaços conjuntos.
3. Que o Comitê de Greve seja aberto às bases dos cursos. Um espaço fechado é propício
para as manobras políticas e acordos de cúpula, prática comum da burocracia. Não é porque
elegemos nas bases um delegado com direito de voz e voto que o Comitê precisa se reunir a
portas fechadas!
Generalizar a revolta: construir a greve nacional na educação
A iniciativa que nós estudantes da UFSC tivemos é fundamental, contudo, não é suficiente
para impor uma derrota ao governo e impedir o avanço da agenda anti-povo. É necessário que
a revolta se espalhe pelas universidades e escolas do Brasil, abarcando estudantes,
pesquisadores, professores, técnicos-administrativos e trabalhadores terceirizados.
A curto prazo, é preciso unir nossa luta junto aos estudantes e trabalhadores da UFFS e
demais setores da educação em Santa Catarina. A médio prazo, devemos impulsionar a
construção de uma Greve na Educação nacionalmente. Os servidores técnico-administrativos,
durante o encontro da FASUBRA neste fim de semana (14-15 de setembro), mostraram
disposição de somar nesta luta a nível nacional. Os trabalhadores dos Correios, que estão
em greve, vêm fazendo um chamado para a Greve Geral de resistência nacional.
É nossa tarefa, enquanto estudantes, impulsionar uma greve nacional na educação, não um
dia ou dois de paralisação, mas uma greve por tempo indeterminado!
https://lutafob.wordpress.com/2019/09/17/recc-sc-greve-na-ufsc/
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