(pt) rusga libertaria: [CAB] MULHERES TOMAM A FRENTE DA RESISTÊNCIA! POVO FORTE VENCE NAS RUAS!
a-infos-pt ainfos.ca
a-infos-pt ainfos.ca
Segunda-Feira, 21 de Outubro de 2019 - 08:34:35 CEST
Estamos em período eleitoral. Os partidos políticos, à esquerda e à direita, apresentam
suas candidaturas e suas propostas ao povo. Alguns prometem governo popular e dizem que
irão defender direitos, no marco da democracia representativa dos ricos. Outros falam de
soluções autoritárias, de mais repressão e polícia, como se o maior problema do nosso povo
fosse a criminalidade e a falta de segurança. Nós da Coordenação Anarquista Brasileira
(CAB) não escolhemos entre as opções disponíveis. Votamos nulo como reação de protesto,
mas sabemos que isso não basta. Nossa militância toma essa atitude por uma questão de
princípio. Acreditamos que fazer política não tem a ver exclusivamente com eleger um
candidato. Pelo contrário. Quem de fato elege os candidatos são os de cima, os ricos, e
não o povo.
A democracia deles é uma farsa e, portanto, sua estrutura e institucionalidade está fadada
a reproduzir dominação, mesmo que sob verniz popular. O que não significa que ficamos
alheios aos resultados das eleições ou que achamos que tanto fez como tanto faz. Não somos
principistas e puristas em matéria de política. A conjuntura imposta nesse novo arranjo de
poder, o qual caracterizamos como Estado Policial de Ajuste, nos coloca a certeza que
precisamos cerrar punhos e organizar a resistência, com auto-organização de mulheres,
LGBTs, negros, indígenas, estudantes, trabalhadores, todo o conjuntos dos setores
oprimidos para garantir nossos direitos. Pois não há cenário favorável para o nosso povo
fora da luta popular.
É uma completa ilusão crer que a derrota do Bozo e sua trupe virá das urnas. O resultado
das eleições não irá desmobilizar em nada as forças da extrema direita, que ganham chão a
cada dia que passa. Eleito ou não, o lastro social e ideológico que a candidatura do
capitão da reserva deixará já é uma herança terrível, e o conflito que hoje existe deve
alcançar níveis ainda mais altos a partir de 2019, independente de quem venha a sentar na
cadeira da presidência.
Do outro lado, uma briga encarniçada no campo progressista sobre qual candidatura teria
mais condições de ganhar o pleito, se a de Ciro ou de Haddad. O que parece até um
desperdício de disposição militante, como se a vitória de qualquer um dos dois
representasse de fato a derrota da extrema direita. Pelo contrário: enquanto a militância
realmente convicta se mata pelas redes sociais, os candidatos vão capitulando seus
programas ainda no primeiro turno e tentando atrair algum apoio, para o segundo turno, dos
partidos que eventualmente fiquem pelo caminho. E principalmente do tal "Mercado" (como se
este fosse um ente divino e único, e não um bando de especuladores que pouco se importam
com o país - que dirá com povo oprimido -, estando apenas interessados na aposta que lhes
dará o melhor retorno).
Um grande exemplo disso é Haddad, que já aceita falar sobre a reforma da Previdência
enquanto seus apoiadores juram que sua candidatura representa, em alguma medida, os
"interesses populares". Há ainda o elemento militar. Pra quem tem acompanhado minimamente
as falas do alto generalato, as Forças Armadas voltaram à cena política e não demonstram
qualquer vontade de sair. Muito pelo contrário, começam a ganhar força explicitando o
descontentamento com a Constituição de 1988, por exemplo. Ou seja, é a ameaça real de se
liquidar de vez com o pacto nascido da efervescência popular dos anos 1980 e que, sob a
narrativa da redemocratização do país, foi capaz de consolidar um mínimo de direitos ao
conjunto das classes oprimidas. Mas voltando à milicada, o recado sobre a não aceitação do
resultado das urnas já está dado, e é incerta a postura que adotará o exército em caso de
uma convulsão social impulsionada pela extrema direita. E mesmo que assumam uma atuação
mais nos bastidores, quais as chances de prevalecer um projeto de caráter popular com
estes abutres pairando na cena? Isso tudo sem contar o judiciário, aquele setor de classe
com corte bem delineado e que já deixou claro a quem serve, mas que ainda é escolhido como
fiel da balança por boa parte da esquerda que acredita nas vias institucionais.
Para o campo libertário, o cenário é ainda mais duro. Se já era difícil fazer corrente de
opinião contra a farsa das eleições em um ambiente tão polarizado e em que as forças
políticas de diferentes espectros legitimam essa disputa, que dirá então quando a saída
apontada tem um nível de concretude tão distante. Os espaços que poderiam propiciar uma
outra experiência política aos setores historicamente excluídos dos centros de tomada de
decisão praticamente inexistem, e quando existem tendem a estar aparelhados por forças que
jogam todas as suas fichas nas eleições. Os menos convictos viram dissidentes, arrebatados
pelo discurso alarmista vigente. Aos que estão de fora da nossa bolha social, não temos
uma solução concreta (em questão de tempo presente) a ofertar, e os códigos comuns entre
nossas linguagens hoje são tão restritos que temos dificuldade até em nos fazermos entender.
Por isso, a melhor chance que temos hoje é encarnada pela articulação das Mulheres Unidas
Contra o Bolsonaro. Uma unidade que se forja a partir da ameaça de avanço do
conservadorismo (e de um projeto ultraliberal que vem à reboque), mas que tem potencial
para se consolidar e vir a assumir uma atuação mais "propositiva", no sentido de emplacar
mudanças estruturais na sociedade. Câmbios de fundo que impactem no imaginário coletivo a
respeito do que é ser mulher e do seu direito ao seu corpo, e que resultem na consolidação
de dispositivos como a legalização do aborto, em que seja garantida a destinação de
recursos coletivos para disponibilizar, a toda e qualquer mulher, todas as condições
necessárias para a realização do procedimento de forma segura e gratuita. A derrota do
Bozo e de toda a ameaça conservadora com viés protofascista que ele encarna passa
necessariamente por este fronte. Mesmo com suas eventuais contradições (todos os
movimentos têm), é a mobilização das mulheres que de fato traz em si uma potencial frente
de ataque a um dos pilares do conservadorismo - o patriarcado. Mais do que a resistência
hoje, é na organização das mulheres que encontramos o grande vetor de mobilização social
do século XXI, e é para elas que devemos concentrar toda nossa energia e disposição militante.
É nessa trincheira que há possibilidade de acúmulo de força social com perspectiva de
mudança na correlação de forças e avanço para o andar de baixo na luta de classes. Por
isso, mais do que apertar números nas urnas, o que mais iremos fazer?
Nossa militância estará engrossando o caldo das mobilizações neste dia 29 de setembro.
Tomar as ruas do país para resistir aos ataques feitos pelas elites ao nosso povo! São
milhares de mulheres dizendo #elenao e unificando a luta feminista contra os retrocessos
nos direitos e o conservadorismo.
Convocamos para a luta popular, por Democracia Direta! Povo forte vence nas ruas!
https://rusgalibertaria.noblogs.org/arquivos/1022
Mais informações acerca da lista A-infos-pt