(pt) Coordenação Anarquista Brasileira (CAB): CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA, ORGANIZAR A LUTA DESDE A BASE COM AÇÃO DIRETA POPULAR E SOLIDARIEDADE DE CLASSE!
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Segunda-Feira, 25 de Março de 2019 - 06:05:55 CET
No dia 20 de fevereiro de 2019, após meses de especulação do mercado financeiro, chantagem
dos grandes empresários e publicidade pesada da mídia corporativista, o governo Bolsonaro
entregou na Câmara dos Deputados a tão cobiçada Reforma da Previdência. Finalmente a
classe trabalhadora brasileira conheceu qual será o tamanho do ataque que vem pela frente
através da caneta dos de cima. ---- Como já era previsível, o projeto de Paulo Guedes é
ainda mais duro do que o apresentado por Temer. Essa reforma significa mais retirada de
direitos de trabalhadoras e trabalhadores. ---- Dentre os pontos mais críticos da proposta
do governo Bolsonaro, está o aumento da idade para a aposentadoria. Para ter acesso ao
benefício, as idades mínimas passarão a ser de 65 anos para os homens e 62 para mulheres.
O tempo mínimo de contribuição também aumentará de 15 para 20 anos, e para receber o valor
integral da aposentadoria, o trabalhador terá que contribuir por 40 anos! Um tempo
escravizante para a realidade do emprego no Brasil. Aliada à Reforma Trabalhista e seu
decorrente aumento do trabalho informal, intermitente, pejotização etc, a Reforma da
Previdência irá significar que contribuiremos a vida inteira e não receberemos nada dessa
contribuição. Calcula-se que o(a) brasileiro(a) levaria 53 anos a partir da entrada no
mercado de trabalho para poder se aposentar com 100% do valor do benefício, praticamente a
destruição da Previdência pública.
O acesso à aposentadoria pelas mulheres será ainda mais difícil. A combinação entre a
idade e o tempo de contribuição ficou mais dura. A estrutura machista da sociedade faz com
que o tempo de contribuição seja mais curto, já que o desemprego é maior e muitas mulheres
com filhos(as) sequer são contratadas em algumas empresas. E como os salários das mulheres
são mais baixos em relação ao dos homens - ainda menores para as mulheres negras - o valor
final da aposentadoria também vai ser menor.
Outro ponto é o "gatilho automático", que determina que sempre que aumentar o índice
estipulado pelo governo para medir a expectativa de vida, automaticamente aumenta o tempo
para a aposentadoria. Bolsonaro e as classes dominantes querem impor aos trabalhadores o
pagamento da "crise" para a manutenção de seus lucros e de seu poder, em mais uma medida
que amplia o avanço nefasto do Estado Policial de Ajuste, oprimindo, explorando e
precarizando ainda mais a vida do trabalhador.
QUAL O PANO DE FUNDO DESSA REFORMA? QUEM GANHA SÃO OS BANCOS!
O governo diz que essa reforma é necessária para o país crescer e reduzir os déficits das
contas públicas. Conversa fiada! Essa reforma beneficia somente os bancos e grandes
empresários. Ela significa na realidade menos direitos e mais miséria para as
trabalhadoras e trabalhadores brasileiros.
Além de ferir de morte a aposentadoria pública, a proposta abre caminho para o mercado
financeiro. Com uma aposentadoria mais difícil de ser acessada e com valores mais baixos
do benefício, deve crescer o mercado da previdência privada. Cumprindo assim a agenda
neoliberal que, para garantir mais lucros aos bancos, prega a redução dos gastos sociais
do Estado. Receituário que impôs enormes retrocessos, como a Reforma Trabalhista, a
terceirização irrestrita e a Emenda Constitucional 95 - que congela por 20 anos os
investimentos públicos. A Reforma da Previdência, que Temer não conseguiu aprovar, é o que
faltava nesse pacote de ataques do capital financeiro.
Se é boa para os bancos, ela é péssima para o trabalhador! Paulo Guedes e Bolsonaro
pretendem criar para a Previdência um regime de capitalização privatizado, em que cada
trabalhador recolhe para a própria aposentadoria a exemplo do que foi implantado na
sangrenta ditadura militar de Pinochet, no Chile. Sob a doutrina da Escola de Chigago
(seguida por Guedes), o país latinoamericano entregou a gestão das aposentadorias para
entidades privadas. O resultado foi péssimo para o povo: mais de 90% dos beneficiados
recebem pouco mais da metade do salário mínimo chileno. Às bordas da miséria, a taxa de
suicídio de idosos tem crescido a cada ano: entre 2010 e 2015, 936 chilenos com mais de 70
anos tiraram suas próprias vidas. Desastre para trabalhadoras e trabalhadores, lucro para
empresários. As Administradoras dos Fundos de Pensão, formada por multinacionais
(inclusive o banco BTG Pactual, fundado por Paulo Guedes), ano a ano fecham suas contas
com enormes taxas de lucros. Em 2018, elas somaram mais de 450 milhões de dólares em
lucros, o equivalente a mais de R$ 1,7 bilhão. Importante lembrar que, nesse modelo, os
empregadores e o governo não fazem contribuições. Nos últimos anos, a população vem
pressionando para que o país volte a adotar o sistema solidário, que é o modelo brasileiro
atual.
O TRABALHADOR NÃO VAI PAGAR ESSA CONTA!
Os empresários e governos argumentam que a Reforma da Previdência é urgente por conta de
um déficit, cujos cálculos utilizados são no mínimo questionáveis. Por exemplo, quando
falam em déficit não mencionam o desvio dos recursos da Previdência e da Seguridade Social
feitos por todos os governos, através sobretudo da chamada DRU (Desvinculação das Receitas
da União). Esse mecanismo permite ao governo tirar recursos da Seguridade Social (formada
por Previdência, Saúde e Assistência Social) para usar em outras áreas que achar
necessário. Desde Temer, o percentual permitido passou de 20% para 30%. Claramente uma
forma de retirar verbas dos direitos sociais para pagar os juros da dívida pública. Além
do calote de grandes empresas, que não pagam o que devem à Previdência. São quase R$ 500
bilhões de dívidas de empresas com o INSS. Não somos nós que devemos pagar essa conta!
Mesmo a inclusão na reforma de setores como os militares, políticos e a alta burocracia do
funcionalismo público não justifica a proposta, já que quem tem salários maiores tem
condições de poupar para a aposentadoria. Essa manobra não passa de um disfarce para
tentar ganhar apoio do povo, mas o fato é que a aposentadoria dos mais pobres vai ser
ainda mais precária.
CONSEQUÊNCIAS DA REFORMA
Caso seja aprovada, essa reforma vai gerar ainda mais pobreza e jogar na miséria grandes
contingentes da população mais pobre. Com o desmonte do SUS e de outros serviços públicos
como a Educação, vai crescer o trabalho informal e o desemprego, além de dificuldades dos
mais jovens para entrar no mercado de trabalho. A criação da carteira verde e amarela, que
prevê menos direitos trabalhistas, é outra punhalada na Previdência, o que somado com os
outros fatores, vai quebrar de vez o sistema.
O pacote traz ainda mais maldades, como o pagamento de um salário mínimo a idosos pobres
somente a partir dos 70 anos, redução de até 40% no benefício de quem ficar incapacitado,
e o fim da multa de 40% do FGTS para aposentados que estejam trabalhando, e sejam
demitidos. Professoras(es) e trabalhadoras(es) rurais terão que trabalhar ainda mais,
sendo essas algumas das consequências dessa proposta nefasta que começa a ser discutida no
Congresso.
ORGANIZAR A LUTA DESDE A BASE!
Enfraquecidas economicamente e há muito tempo acostumadas com reuniões de gabinete, as
grandes centrais sindicais ainda apostam nas negociações no Congresso e na desarticulação
do governo com as bancadas na Câmara. Ainda estão distantes de começarem a construção de
uma dia nacional de paralisação.
Agonizando, o sindicalismo tradicional burocratizado é incapaz de mobilizar trabalhadoras
e trabalhadores e acaba por repetir as mesmas fórmulas e repertórios de ação, com
dirigentes discursando em cima de carros de som, o que tem sido incapaz de construir uma
luta popular de resistência contra os ataques dos governos e patrões.
É necessário criar uma forte campanha de luta contra a Reforma da Previdência, com um
repertório de ações que vá além dos discursos das centrais. A história mostra que nossos
direitos foram conquistados a defendidos pela luta popular, nas ruas. Por isso, não dá
para entregar a defesa de nossas aposentadorias às mãos dos políticos e seus conchavos.
Não será o jogo de negociações no Congresso que vai barrar essa proposta. É a luta
cotidiana nas ruas, nos locais de trabalho, de moradia e de estudo, com vistas à
radicalização em uma Greve Geral, que vai mostrar a nossa força e sepultar a Reforma da
Previdência.
DEFENDER NAS RUAS A NOSSA APOSENTADORIA!
DESDE A BASE, COM LUTA POPULAR E SOLIDARIEDADE DE CLASSE!
CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA, CONSTRUIR UMA GREVE GERAL DE BASE!
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