(pt) luta fob: (SIGA-RJ) 20 de Novembro: Zumbi dos Palmares vive hoje na luta do povo negro!
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Quinta-Feira, 5 de Dezembro de 2019 - 09:34:19 CET
O 20 de Novembro é o para comemora a insurgência e a rebelião do povo negro. A data é referência ao dia da execução de
Zumbi dos Palmares, o último líder do maior quilombo da história do Brasil e, consequentemente, maior símbolo da luta de
negros e negras contra o racismo, a exploração e o genocídio. ---- Por isso, é fundamental resgatar essa memória de luta
e resistência para animar as atuais lutas pela emancipação do povo negro. ---- Palmares e a insurgência negra no Brasil.
---- Muito diferente do que se costuma afirmar, o povo negro escravizado pelo colonizador europeu no Brasil,
portugueses, holandeses e franceses, mas predominantemente portugueses, lutou intensamente contra o trabalho em
cativeiro, contra as torturas, os estupros e contra o genocídio. As rebeliões negras, a capoeira, as greves negras, os
suicídios, as sabotagens, os assassinatos dos senhores e autoridades, a ajuda mútua para comprar a alforria e a
organização dos quilombos, podem ser destacados com as experiências de resistência negra.
Os quilombos e os quilombolas, se espalharam por todo o território colonizado pelos europeus. Nas regiões onde
predominou a colonização espanhola, as comunidades organizadas pelos negros e negras insurgentes recebem o nome de
"cimarrones". Mas de todos os quilombos o mais conhecido, sem dúvidas, é o de Palmares, porque foi o maior, o mais
populoso e o que durou mais tempo.
O Quilombo dos Palmares foi construído pelos africanos e africanas que se insurgiram contra a escravidão imposta pelos
colonizadores europeus, na Capitania de Pernambuco, hoje estado de Alagoas. Localizado na Serra da Barriga, seu primeiro
líder foi Ganga Zumba, reuniu entre 20 e 30 mil pessoas, incluindo a presença indígena, e resistiu cerca de cem anos,
mais ou menos entre 1600 e 1710.
Ganga Zumba decidiu assinar um acordo de paz com os europeus que determinava a soltura dos palmarinos prisioneiros, a
liberdade dos nascidos em Palmares, em contra partida, os palmarinos deveriam entregar escravos fugitivos que ali se
abrigassem. Esse acordo deixou Zumbi e outros palmarinos revoltados, por isso, Ganga Zumba acabou executado e Zumbi, que
já tinha provado sua destreza na arte da guerra, assumiu a liderança de Palmares.
Ao recusar o acordo de paz e organizar a defesa de Palmares contra as ofensivas dos colonizadores, Zumbi tornou-se uma
das principais referências históricas e símbolo das lutas de todos os negros e negras do Brasil. Zumbi e os palmarinos
perceberam que existiam dois mundos inconciliáveis, o mundo do colonizador, da escravidão e do genocídio contra negros e
indígenas, e o mundo em construção pelas mãos do povo negro insurgente, o mundo dos quilombolas.
É importante destacar Dandara dos Palmares. Dandara é uma personagem lendária, não existem documentos históricos que
comprovam sua existência. A lenda conta que ela seria esposa de Zumbi, eximia capoeirista e liderava as brigadas de
negras palmarinas. Dandara teria sido capturada pelos colonizadores em 1694 e, recusando-se a ser submetida ao
cativeiro, tirou a própria vida pulando de uma pedreira ao abismo. Apesar do aspecto lendário, Dandara simboliza todas
as guerreiras negras anomias que a historiografia racista apagou.
Zumbi organizou as defesas dos Palmares até 20 de novembro de 1695. A derradeira investida das tropas dos colonizadores
contra os negros rebeldes durou 22 dias. Zumbi organizou a retirada, ficou escondido na mata até ser encontrado,
executado e degolado. Sua cabeça foi levada e exposta na praça pública no Pátio do Carmo, na cidade do Recife.
O objetivo dos colonizadores era que a execução de Zumbi servisse de exemplo para desencorajar novas rebeliões e a
organização de "novos Palmares", entretanto, é impossível vencer a coragem a determinação de um povo que luta pela
liberdade. Os quilombos e as demais formas de luta e resistência negra só se multiplicaram, sendo Zumbi, Dandara e todos
os palmarinos elevados a condição de heróis e heroínas do povo negro.
A atualidade da resistência negra
Desde Palmares, não existe um só exemplo de resistência, revolta, insurgência, greves, rebeliões, guerrilhas no Brasil
que não envolva o povo negro e suas lutas pela liberdade e pela igualdade, consequentemente, contra a exploração e
opressão de tipo colonial e supremacista.
Passados 324 anos da execução de Zumbi, sua luta e a luta de Ganga Zumba, de Dandara, dos palmarinos, de todos os
quilombolas e negros e negras rebeldes, continuam incrivelmente atuais. Assinatura da Lei Áurea em 1888 não significou o
fim do racismo no Brasil. Na verdade, o racismo atualmente é estrutural, pois é, a distinção racial determina as
relações sociais, políticas e econômicas, impondo ao povo negro e indígena posições inferiores na sociedade, péssimas
condições de vida e emprego.
Os trabalhadores negros e negras recebem os menores salários, possuem as jornadas de trabalho mais exaustivas, exercem
as profissões de menor prestígio social, possuem a menor expectativa de vida, são 75% das vítimas de homicídios, são 65%
da população carcerária e são as maiores vítimas da violência promovida pelas forças policiais e militares.
O racismo estrutural tem suas origens históricas nos processos de colonização e escravidão. Mesmo depois do fim da
escravidão formal, negros e negras continuaram submetidos à miséria, pobreza, violência, preconceito e discriminação.
Por isso, podemos afirmar que a causa social do racismo estrutural é o sistema capitalista, porque a estrutura social
que divide a sociedade em classes possui no racismo um elemento determinante, isto é, indígenas e negros são submetidos
à exploração e a opressão de classe, ocupando a base da pirâmide de estratificação social.
Na realidade brasileira não se pode separar as desigualdades raciais das desigualdades de classe, pois a estrutura
social capitalista reproduz as desigualdades raciais com o objetivo de aumentar os lucros e as riquezas das classes
dominantes que, por sua vez, são supremacistas e continuam agindo como se ainda existisse a dominação colonial e
escravocrata.
Por isso, as lutas de Zumbi, Ganga Zumba, Dandara, dos palmarinos, de todos os quilombolas e negros e negras rebeldes
têm que continuar nos dias de hoje. O combate ao racismo estrutural e ao Estado supremacista é condição determinante
para a destruição do sistema capitalista e a abolição das desigualdades raciais e de classe.
Uma das faces mais cruéis do racismo capitalista é o genocídio do povo negro, morador das favelas e periferias. Em 2017,
segundo o Atlas da Violência no Brasil, foram assassinados 47.200 negros no Brasil. Segundo o Anuário do Fórum
Brasileiro de Segurança Pública, a polícia matou 6.220 pessoas em 2018, sendo que 4.665, 75% das vítimas, eram pessoas
negros.
Estamos diante de uma guerra de extermínio, as classes dominantes agem como colonizadores que promovem o genocídio sobre
a população da área dominada, mas esse colonialismo é interno. Diante dessa verdadeira guerra de colonização interna
temos que promover a autodefesa e convocar uma greve geral contra o genocídio do povo negro.
Temos que construir pela base uma Greve Geral contra o Genocídio do Povo Negro, adotando táticas insurrecionais, a ação
direta, a sabotagem, a paralisação da produção, dos serviços e da circulação de mercadorias contra as políticas de
extermínio promovidas pelas classes dominantes e pelo seu Estado terrorista e racista!
Zumbi vive! Dandara vive!
Pela construção de "novos Palmares"!
https://lutafob.wordpress.com/2019/11/30/siga-rj-20-de-novembro-zumbi-dos-palmares-vive-hoje-na-luta-do-povo-negro/
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