(pt) Coordenação Anarquista Brasileira (CAB): [CHILE] Nasce a Federação Anarquista Santiago
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Terça-Feira, 20 de Agosto de 2019 - 08:14:12 CEST
Nos inscrevemos nos últimos 20 anos de recomposição do anarquismo social e organizado,
tempo que esteve marcado pela compreensão da necessidade de contar com uma organização
política e também da importância que tem a inserção nas diferentes lutas da classe
dominada. ---- A criação desta Federação busca, com humildade porém com muita convicção,
demonstrar que o anarquismo especifista na região chilena não morreu e que hoje, mais do
que nunca, nosso projeto político deve se posicionar como uma alternativa contra esse
sistema de dominação capitalista e patriarcal. É por isso que, para nós, hoje é um dia
histórico, já que sentimos que somos mais uma expressão do anarquismo organizado que,
desde o fim do século XIX até hoje, buscou contribuir com a influência de suas ideias e
práticas para as lutas mais profundas dos povos.
Vivemos um período histórico marcado por uma crise social e ecológica ocasionada pela
exacerbação do extrativismo, a espoliação dos territórios e o controle dos corpos por
parte do sistema de dominação. Esse cenário coloca novos desafios para o anarquismo.
Entender o sistema de dominação e as relações de dominação para ampliar os campos de
inserção nas lutas populares se torna um ponto chave. Se existem diferentes âmbitos de
dominação, qualquer expressão classista de luta contra ela é um campo fértil para o
anarquismo, e isso é fundamental para sair da ideia segundo a qual existem lugares
privilegiados para a organização em comparação com outros. Esse sistema, que exerce poder
e coerção através de relações de dominação, para nós tem dois pilares fundamentais: a
dominação patriarcal e a dominação capitalista. Os efeitos dessa imbricação são os que se
manifestam atualmente na sociedade.
Pensamos nossa estratégia de ruptura a partir dessa análise, em uma perspectiva que
priorize a não fragmentação das opressões, tendo presente que não existe uma dominação por
cima de outra, mas que elas acontecem dependendo do contexto histórico em que se
delimitam. Assim, o racismo, o (hetero) sexismo e o classismo são opressões que operam de
maneira simultânea, coexistem, são consubstanciais e se imbricam.
Diante disso, propomos elementos estratégicos como a despatriarcalização, a
descolonização, o federalismo e a autogestão revolucionária como alternativa para a
destruição do sistema de dominação patriarcal-capitalista e sua estratégia colonial, e a
construção de uma sociedade autogestionária revolucionária, federalista, que elimine as
classes sociais, as normas de gênero e as divisões raciais, em que nosso horizonte de vida
será comunitário, ecológico e feminista.
A conjuntura política atual é marcada por um contexto repressivo expresso, por exemplo, na
lei de migração, na "sala de aula segura", na reformulação da lei antiterrorismo, na
militarização e na implementação de estados de exceção, somadas ao cerceamento de direitos
sociais, com a reforma da previdência, a reforma tributária (que busca manter as taxas de
lucro em um contexto de crise econômica), o avanço da ofensiva neoliberal na saúde, na
questão da moradia, na educação e na flexibilização da legislação ambiental. Quanto à
economia, a marca é a precarização da vida, que adquire uma importância estratégica na
perspectiva do conflito patriarcado/capital contra a vida, com uma liberalização extrema
marcada pela assinatura de tratados como o TPP 11 - TLC - APEC, a hiperdívida (queda dos
salários reais) e a desaceleração da economia. Quanto ao social, está acontecendo um
aumento da violência: com "detenções cidadãs" (prisões realizadas por pessoas não
policiais), surgimento de quadrilhas, xenofobia, narcotráfico, homo-lesbo-transfobia,
feminicídio, racismo, destruição do tecido social, depressão e crise ecológica. Isso tudo
só serve para nos convencer que nossa alternativa anarquista anticapitalista,
antipatriarcal e ecológica é mais do que necessária para contribuir ao conjunto de forças
políticas que lutam por uma mudança revolucionária da sociedade.
VIVA O ANARQUISMO SOCIAL E ORGANIZADO!!
VAMOS FORTALECER A ESTRATÉGIA ESPECIFISTA LATINOAMERICANA!!
ARRIBA LOS Y LAS QUE LUCHAN!!
FEDERAÇÃO ANARQUISTA SANTIAGO
https://anarquismo.noblogs.org/?p=1139
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