(pt) [Parte 1] De olho na revolta social do outro lado do oceano | Coletes Amarelos: guerra civil ou guerra social? por Crônica Subversiva By A.N.A.
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Segunda-Feira, 1 de Abril de 2019 - 08:47:35 CEST
Desde novembro do ano passado, a França toda está sacudida pelo maior movimento social
vivido no país desde 1968. Estamos frente a um movimento heterogêneo e anárquico por
essência já que nenhuma representação oficial do movimento é aceita por parte do corpo do
movimento. O que está acontecendo na França? Que posição tomam xs anarquistas? Podemos
falar de Insurreição? De Revolução Social?Intrigadxs, alguns anarquistas realizaram um par
de entrevistas com companheirxs que moram na França e que de alguma ou outra maneira,
decidiram se envolver com o movimento. Uma parte dessas entrevistas foi já publicada no
número 3 da da revista anarquista "Crônica Subversiva" de Porto Alegre. Entretanto, como o
debate nos parece urgente enviamos uma parte das entrevistas pela internet.
A nossa intenção ao realizar essas entrevistas é antes de tudo entender quais são as
posições dxs anarquistas em relação ao movimento, quais são suas formas de ação e como
elas se comunicam com o movimento social. Para isso, buscamos provocar o debate trazendo
aqui diferentes posicionamentos em relação à ação anarquista nos movimentos sociais, tudo
isso no intuito de nos provocar, desde o lugar onde estamos para (re)pensar nossos meios e
métodos de ação.
Das 4 respostas recebidas até agora, encontramos companheiros que se identificam como
"Indivíduos Anarquistas que moram em Paris" que chamamos aqui de "IA", outro companheiro
"T" que chamou-se de "um anarquista de uns 40 anos, desempregado de longa data que mora na
periferia de Pari". Mais um companheiro anarquista da região metropolitana chamado aqui de
"A" e por fim, umas/uns companheirxs anarquistas de Toulouse que chamaremos aqui de "AT".
1) Primeiramente poderiam explicar como nasceu o movimento dos Coletes Amarelos? Qual foi
a primeira reação do/dos movimentos anarquistas em relação ao movimento social?
IA: O movimento dos Coletes Amarelos nasce de uma petição cidadã na internet contra um
novo imposto sobre o combustível. Lançada em maio de 2018, a petição circula amplamente
nas redes sociais, é cada vez mais compartilhada e assinada até que chegara a mais de um
milhão de assinaturas. Após, alguém postar um vídeo na web chamando a colocar um colete
amarelo no para-brisa do carro como sinal de protesto. No início de outubro, uma nova
chamada é lançada, convidando a uma mobilização no dia 17 de novembro de 2018. Nós (quase
totalmente alheios às redes sociais), começamos a perceber a existência desse movimento
uns dez dias antes dessa data porque as pessoas falavam disso e alguns diziam que ia
explodir. A tensão sobe e os jornalistas midiatizam muito o evento. A mobilização é muito
forte desde o início, notadamente nas zonas rurais. Essa primeira data consiste sobretudo
em uma multiplicação de bloqueios, com a ocupação de trevos[rotatórias]e de pedágios de
estradas. Contamos já com os primeiros mortos do movimento (agora são 12), manifestantes
atropelados pelos automobilistas que forçam os bloqueios. A determinação dos manifestantes
é impressionante, temos os primeiros enfrentamentos com a polícia. Muito rapidamente, a
questão do preço do combustível é ultrapassada por uma raiva mais geral contra outros
impostos e taxas que golpeiam sobretudo as classes mais pobres. Os estudantes secundários
(que já estavam mobilizados) entram no baile, bloqueiam os colégios e se revoltam contra a
polícia. É a explosão de um "saco cheio" contra a vida cara demais ("não chegamos ao fim
do mês" escuta-se nas entrevistas). Pede-se a demissão (impeachment) de Macron, que nos
olhos da maioria dos manifestantes representa "a oligarquia no poder". Não tem que
esquecer que o atual presidente e ex-ministro da economia nunca escondeu seu desprezo de
classe e sua parceria com os patrões. O imposto no combustível foi sem dúvida a gota que
transbordou o copo. Esses momentos felizes de revolta tiveram lugar em Paris, mas também
em muitas cidades do país, inclusive em regiões, supostamente, pacificadas. Isso se
propagou também na "França de Além Mar", notadamente na ilha da Reunião, que, em dezembro
de 2018 foi sacudida por uma verdadeira onda insurrecional.
A partir do 24 de novembro e até hoje, o movimento dos Coletes Amarelos se articulou ao
redor de ocupações de trevos e pedágios de estradas assim como jornadas de mobilização
semanais nomeados Atos (Atos 1, 2, etc.). Esses Atos, sobretudo durante as primeiras
semanas são caraterizados por violentos enfrentamentos com a polícia, a destruição e
saques de comércios, ataques a bancos e edifícios públicos. Motins de um jeito raramente
visto na história recente do país. Além desses momentos públicos e coletivos, desde o
início do movimento, assistimos a um grande onda de ações decentralizadas anônimas que em
alguns casos são realizadas por grupos de indivíduos que se identificam como "Coletes
Amarelos" e em outros, poderiam igualmente ser contribuições de companheiros anarquistas
ou outras minorias revolucionarias: incêndios de pedágios e radares nas autopistas,
sabotagens de infraestruturas de transporte (autopistas e trens), energéticas (postos de
gasolina, transformadores, centrais eólicas ou postes elétricos), de comunicação (antena
de fibra ótica), incêndio a edifícios públicos (principalmente centros de impostos mas
também prefeituras e tribunais), ataques à sedes de diferentes partidos políticos,
moradias de políticos e as vezes agressões contra prefeitos, deputados, e vice-prefeitos,
ataques a lugares da mídia (rádio, jornais, televisão), bloqueios e as vezes saques de
grandes depósitos como Amazon, Carrefour ou Geodis.
Tudo isso surgiu de uma maneira muito imprevisível e inédita. De um lado, esse movimento
de revolta de tal tamanho, que rechaça os partidos e os sindicatos nos entusiasmou, por
outro, não somos cegos frente a algumas tendências que emergem massivamente nos discursos
dos Coletes Amarelos. Não podemos fechar os olhos frente a uma subida do nacionalismo que
agita o fantasma do "povo francês contra a oligarquia" e não nos reconhecemos em um
radicalismo cidadão que aspira ao "poder do povo", quer dizer, à transformação do Estado,
por exemplo através da instauração do Referendum de Iniciativa Cidadã[1].
Isso não quer dizer que não achamos que a situação atual não seja interessante, vemos que
estamos em um momento em que a revolta se generaliza e isso nos alegra. Na revolta,
podemos descobrir o sabor da liberdade e transformar radicalmente nossas relações com
outros indivíduos.
T: Inicialmente, o movimento foi lançado em outubro de 2018 na internet, nas "redes
sociais" após a uma nova subida do preço do combustível[2]. As pessoas que deram origem ao
movimento não se conheciam e não vinham de âmbitos militantes.
O movimento se tornou consistente a partir das primeiras ocupações de rotatórias e do
primeiro protesto agitado na avenida dos Champs-Elysés, em Paris, no dia 17 de novembro
2018. Desde então, o movimento tomou uma forma inédita mostrando uma desconfiança, até uma
hostilidade em relação aos partidos políticos e os sindicatos. Desde o primeiro dia, o
movimento reuniu pessoas muito diferentes politicamente e socialmente. Muito rapidamente a
questão dos impostos e da subida do preço do combustível foi ultrapassada: esta
reivindicação principal parecia secundária em relação à raiva generalizada. A raiva do
movimento dos Coletes Amarelos é principalmente um "estar de saco cheio" das desigualdades
sociais, de não conseguir chegar ao fim do mês, e do fato que os ricos (politiqueiros,
burgueses de todo o tipo) "se empanturrarem nas nossas costas", para retomar uma expressão
muitas vezes utilizada neste movimento. Por fim, desde o início do movimento, um único
slogan faz a unanimidade durante as grandes jornadas de manifestação (os famosos "Atos"
semanais que começaram no 17 de novembro): "Macron: demissão".
Em um primeiro momento, o movimento botou seu foco inicial na questão dos impostos e pelo
fato que reunisse pessoas de frentes políticas opostas, o movimento dos Coletes Amarelos
gerou nxs anarquistas tanto desconfiança quanto entusiasmo. Alguns participaram ativamente
desde o primeiro dia enquanto outros até hoje rechaçam participar. Como é o próprio
movimento anarquista, talvez mais do que em tempos "normais", não existe uma posição comum
reunindo todas as tendências anarquistas. E no seio mesmo de cada uma dessas tendências,
temos indivíduos, grupos de afinidades, coletivos e organizações tendo posições
divergentes em relação ao movimento dos Coletes Amarelos.
A: O movimento dos Coletes Amarelos nasceu após o aumento dos preços do combustível ao
qual se adicionava o aumento explosivo dos radares nas estradas e as multas de trânsito
cada vez mais numerosas sobretudo quando o governo Macron fez passar o limite de
velocidade nas estradas de 90 a 80 km/h em julho de 2018. Nos anos 70, o Estado
subvencionou a construção das estradas em uma parceria pública/privada com Vinci[3]e
outros. Claramente os impostos dos franceses pagaram uma parte das obras e, uma vez essas
obras rentabilizadas para esses gigantes da indústria, os pedágios iam supostamente
desaparecer. Mas é tudo o contrário que aconteceu: em 1995, o governo Jospin[4]vendeu
definitivamente as estradas a esses grandes grupos, inclusive escrevendo no contrato que
os ligava ao Estado um aumento anual das tarifas ainda mais alto que a inflação. Para
dar-lhes uma ideia, hoje um trajeto nas estradas da França custa tão caro em gasolina
quanto em pedágios, que antes do último golpe petroleiro, saiam ainda mais caro que a
gasolina. Não é casualidade que esse movimento nasceu nas rotatórias: foi primeiramente um
movimento de pessoas que moravam fora das cidades e para quem o carro representava uma
parte colossal das suas despesas. Porém, seria falso restringir o movimento a essas únicas
preocupações, mesmo se claramente a grande maioria das reivindicações se focavam no poder
de consumo. Muito rapidamente, a partir do 1° de dezembro (o movimento começou no dia 17
de novembro), as perspectivas se expandem: restabelecimento do ISF (Imposto sobre a
Fortuna), fazer pagar os ricos, possibilidade para o povo de destituir os dirigentes,
vontade de "democracia" direta e real. O que, na minha opinião, temos que perceber é que,
muito rapidamente, o movimento desafiou sem concessão, e de forma generalizada todos os
intermediários institucionais: políticos, imprensa, sindicatos, polícia, grandes
empresas... em suma, quase todos os atores maiores de uma sociedade capitalista.
A visão dxs anarquistas é, ainda hoje, muito heterogênea. Alguns simplesmente esnobam o
movimento. Acho que por desprezo às classes médias trabalhadoras, que vivem fazendo
crédito para consumir, etc. e que não usam os elementos da linguagem do militante
experiente. Outrxs, ficaram afastadxs por medo, sem dúvida, do seu vazio teórico, da sua
aparente pobreza política. Outros ainda se jogaram dentro por amor (as vezes) cego, à
insurreição, prontos para acolher a Grande Noite. Por fim, uma parte foi para ver, antes
de começar a atuar.
AT: O movimento nasceu a partir de um chamado nas redes sociais em relação ao preço do
combustível. Na região de Toulouse (sudoeste da França), se materializou com uma presença
cotidiana nas rotatórias ao redor da cidade e nos pedágios. Depois de duas semanas,
tivemos as primeiras manifestações do sábado. Por nosso lado, foi um pouco complicado em
um primeiro tempo para nos posicionarmos e nos apropriarmos do movimento, vendo esse
espectro político um pouco vago, abraçando também reivindicações nacionalistas (por
exemplo, a favor do fechamento de fronteiras ou a denunciação de pessoas migrantes em uma
rotatória no norte da França). O que começou a interessar o movimento anarquista é o
caráter dos distúrbios das manifestações, o rechaço dos partidos e sindicatos e as
reivindicações de classe. Porém, foi também a porta aberta para dinâmicas fascistas se
desenvolverem e temos a sensação que levamos um tempo para acharmos uma maneira de nos
encontrar nesse movimento (e ainda hoje continua.)
2) Aqui, temos os ecos que esse movimento se reivindica de nenhum partido político nem
está relacionado com sindicatos, como se pudéssemos sentir um estado de "saco cheio" geral
da miséria social e um rechaço à política tradicional. Pensam que isso é um "terreno
fértil" para propagar as ideias e práticas anarquistas?
T: Com certeza. Este rechaço é levado por uma grande maioria do movimento e assumido assim
desde o início. De fato, há muito em comum entre o movimento dos Coletes Amarelos e as
bases anarquistas: particularmente o rechaço do governo, dos partidos políticos, dos
sindicatos e outros "parceiros sociais" (esses "corpos intermediários" encarregados de
acalmar a revolta e permitir gerar boas relações entre o Estado e os manifestantes), e
obviamente a ação direta. O movimento existe principalmente através das ações ilegais,
indo desde o bloqueio filtrantes[5]nas rotatórias até o incêndio de prefeituras. As ações
realizadas desde novembro de 2018 são inúmeras e muito variadas, os meios típicos de ação
de uma insurreição (bloqueios, sabotagens, distúrbios...) e os alvos são quase sempre os
mesmos que os que os anarquistas costumam atacar (edifícios ou lojas capitalistas e/ou
estatais).
Particularmente em novembro-dezembro 2018, vimos os bairros mais ricos de Paris inundados
por revoltados que destruíam tudo no seu caminho, inclusive na famosa avenida dos
Champs-Elysées, em uma espécie de ódio de classe que mostrava que tudo isso ia além de uma
simples questão de imposto sobre o combustível (esse foi cancelado já em 5 de dezembro, o
que não impediu que o movimento perdurasse).
Por fim, o funcionamento sem chefes e a multiplicação das assembleias para se organizar de
maneira autogestionada mostram outro ponto em comum com as práticas anarquistas.
Assembleias se formaram durante o movimento e existem ainda, se desfazem e reaparecem sob
outras formas. Conversa-se muito também em fóruns, grupos virtuais no Facebook ou chats
como Signal, Telegram, Whatsapp...
Para relativizar um pouco, temos que entender que esse movimento é muito heterogêneo, que
reúne pessoas com culturas políticas muito diferentes, e que se o nojo do sistema atual é
o ponto comum de todas as pessoas que participam do movimento dos Coletes Amarelos, há
também várias pessoas que buscam impulsionar sua carreira nas costas do movimento: alguns
antigos políticos integraram o movimento para encontrar alguns seguidores para guiar,
outros buscam formar partidos políticos ou listas para as próximas eleições europeias.
Porém, isso não se faz sem agitação, os que se autoqualificaram de "representantes dos
Coletes Amarelos" até o ponto de considerar um encontro com ministros foram confrontados
frente a raiva do movimento, recebendo um monte de críticas argumentadas, assim como
também mensagens de insultos, ameaças de morte, etc.
IA: Efetivamente, o movimento expressou inicialmente um rechaço dos partidos, dos
sindicatos e da grande mídia, um saco cheio da política tradicional que sempre faz o
interesse dos ricos. Hoje, temos a sensação que os sindicatos e alguns partidos
(principalmente de esquerda, mas não somente) estão por recuperar e enquadrar a raiva que
inicialmente se expressou de maneira espontânea e selvagem. Trata-se de um "terreno
fértil" para as ideias anarquistas? Difícil de dizer, e, em todo caso, não nos
questionamos nesses termos. Não acreditamos que nosso objetivo seja educar "o povo" ao
anarquismo nem que os anarquistas devem guiar a insurreição. Obviamente, tratam-se de
momentos onde nossos discursos podem ser parcialmente entendidos e nossas práticas
compreendidas, mas, temos a sensação que muita gente está experimentando formas de
auto-organização, de autonomia política e de ação direta sem passar pelo anarquismo. E que
bom! A difusão de nossas ideias faz parte de nossa atividade cotidiana e não é porque
muita gente começa a se revoltar que isso se torna mais importante ou urgente. A questão
que nos propusemos mais adiante: como contribuir para aprofundar a desordem? Como
complicar a tarefa das tentativas de pacificação lideradas pelos politiqueiros de todas as
cores?
AT: Em Toulouse, os vínculos entre o movimento anarquista e os Coletes Amarelos passa
essencialmente pelos quadros antirrepressão e pelas modalidades de ação. Porém, vemos que
é bastante complicado aportar em relação às questões de "fundo" político. Uma parte das
pessoas querem manter um desfoque político para evitar a todo custo uma ruptura. Isso
impede posicionamentos claros frente a questões essenciais. Por exemplo, podemos ver
pessoas protegendo os gambés cantando "todo mundo odeia a polícia". É bastante estranho.
Apesar de uma relação perturbada com o político, uma grande parte do movimento segue
reivindicando o movimento como apolítico. Então, por um lado a propaganda é possível e
oferece quadros de discussão bastante interessantes, por outro, nos chocamos com um muro,
onde nossos textos e panfletos são considerados como "radicais demais" ou querendo dividir.
Continuará...
>> Notas:
[1]RIC: Referendum de Iniciativa Cidadã foi uma proposta de "radicalização" da democracia
lançada pelo partido da França Insubmissa (FI) que propõe que qualquer cidadão possa
propor uma lei e que essa lei possa ser aprovada ou não através de um referendum. Mais que
revolucionaria, essa proposta segue um caminho reformista e apaziguador, se bem propõe
expandir o princípio democrático não questiona a própria estrutura na qual o jogo
democrático está inscrito. A finalidade desse tipo de iniciativa é a pacificação da
revolta e o seu controle pelos dirigentes sindicais e partidários da esquerda tradicional.
[2]https://www.liberation.fr/france/2018/12/14/qui-est-a-l-origine-du-mouvement-sont-ils-encore-actifs_1698002
[3]Antigamente Sociedade Geral das Empresas, Vinci é um grupo empresarial presente em 16
países. Foi também o responsável por montar o projeto do aeroporto "Grand- Ouest",
tentativa falhada graças à luta dos Zadistas de Notre Dame des Landes. Entre outros, Vinci
encontrou-se também com protestos na Rússia da construção da estrada de Moscou até São
Petersburgo que passa pela floresta de Khimki já que mais de 75% da população se opõe ao
projeto.
[4]Jospin foi primeiro Ministro do país de 1997 a 2002 durante o governo do presidente de
direita J.Chirac. Foi primeiro secretário do Partido Socialista de 1981 a 1988 e de 1995 a
1997.
[5]https://www.latribune.fr/economie/france/gilets-jaunes-macron-annule-la-hausse-des-taxes-sur-les-carburants-800017.html
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