(pt) Coletivo Anarquista Luta de Classe: CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DOS QUE LUTAM SOLIDARIEDADE AOS ESTUDANTES PROCESSADOS PELA UFPR
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Terça-Feira, 25 de Setembro de 2018 - 07:20:07 CEST
Via Chão de Escola - Alternativa de Luta Page ---- O ano de 2018 está sendo um ano marcado
pela perseguição e criminalização de estudantes e trabalhadores que se colocam em luta em
todo o país. Há pouco mais de dois meses, 23 manifestantes que participaram de
mobilizações contra os aumentos de tarifas do transporte público foram condenados de 5 a 7
anos de prisão em regime fechado. No mês passado, especificamente no Paraná, diversos
estudantes que participaram das ocupações de escolas públicas contra a reforma
desestruturante do ensino médio foram condenados a pagamentos de multas que beiram os 30
mil reais. Na Universidade Federal do Paraná (UFPR) a realidade é a mesma, e vemos a
criminalização e perseguição aos movimentos de luta. Atualmente, estudantes estão sendo
processados desde 2015 por participarem de um movimento pela manutenção da qualidade da
própria instituição.
A retirada de 12 bilhões de reais do orçamento para a educação pública, ainda no governo
da "Pátria Educadora" de Dilma Rousseff (PT), foi um marco importante no ano de 2015. Isso
se refletiu em precarização das atividades acadêmicas, atrasos no pagamento de
funcionário/as, além de cortes na assistência estudantil que são sentidos até hoje na
UFPR. Naquele momento, estudantes decidiram lutar contra o aumento do preço do Restaurante
Universitário (RU) e contra o corte de bolsas. Realizaram assembleias, tal qual
professores universitários e técnicos, e decidiram lutar contra a perda de direitos.
Tentaram o diálogo com o então reitor, Zaki Akel, que negou qualquer possibilidade de
atender às reivindicações da comunidade universitária. Avaliada a falta de vontade
política da Reitoria em defender os direitos e a qualidade da educação pública,
deflagrou-se greve estudantil. Novamente, o reitor Zaki se negou a negociar, no que os
estudantes decidiram pela ocupação do prédio da Reitoria da UFPR até que houvesse a
garantia de que não seriam jogados mais direitos na lata do lixo.
Durante o processo da greve e ocupação, uma comissão com 9 representantes dos estudantes
dos campi do interior, litoral e capital foi eleita para participar das reuniões de
negociação com a Reitoria. O reitor se comprometeu em garantir o cumprimento de nossas
pautas, e o movimento foi vitorioso por conquistar o congelamento do valor do RU no ano
subsequente. Contudo, todas as outras pautas assinadas pela Reitoria não foram cumpridas e
o reitor Zaki iniciou um processo judicial contra os estudantes dessa comissão,
culpabilizando-os por "danos" da ocupação decidida pelo movimento estudantil.
A ocupação foi um recurso utilizado após falharem todas as tentativas dos estudantes se
fazerem ouvir pela Reitoria da época, que se recusava a recebê-los em reuniões e a sequer
dar uma resposta para as pautas, que tratavam de questões como falta de salas de aula,
atrasos nas bolsas e falta de comida no RU. Na época, a reitoria alegou que a ocupação
causou um prejuízo de 473 mil reais, valor ultrajante que não condiz com quaisquer danos
físicos ao prédio ou a atrasos de pagamentos - à época, os próprios ocupantes permitiram
aos funcionários da Reitoria a entrada no local para garantir o repasse dos salários aos
trabalhadores da Universidade; os responsáveis pela transação financeira foram orientados
pela própria Reitoria a não realizarem os pagamentos.
Ocupações, greves e manifestações são instrumentos políticos legítimos para defender e
lutar por nossos direitos! A criminalização de qualquer luta social é um afronte àqueles
que lutam e um reforço à piora das condições de vida da classe trabalhadora. Não devemos
jamais aceitar tais práticas. Repudiamos a tentativa de seguir a criminalização desses
estudantes, por isso cobramos que ocorra imediatamente a audiência de conciliação já
solicitada com a Advocacia Geral da União (AGU) para a retirada de todas as acusações e do
processo e nos posicionamos contra qualquer outra forma de criminalização dos que lutam. É
necessário que todas as categorias da Universidade reforcem esse pedido e a defesa das
lutas pela qualidade da educação e serviços prestados à comunidade pela UFPR, inclusive a
atual Reitoria de Ricardo Marcelo e Graciela Bolzón de Muniz. Portanto, as seguintes
entidades e grupos assinam esta carta de solidariedade aos estudantes criminalizados pela
UFPR:
CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DOS QUE LUTAM
SOLIDARIEDADE AOS ESTUDANTES PROCESSADOS PELA UFPR
Assinam esta nota:
=>Centro Acadêmico de Medicina Veterinária
=>Centro Acadêmico de Zootecnia
=>Centro Acadêmico de Psicologia
=>Centro Acadêmico de Serviço Social
=>Centro Acadêmico de Geologia
=>Centro Acadêmico Alexandre Direne
=>Centro Acadêmico de Luteria
=>Centro Acadêmico de Engenharia Florestal
=>Centro Acadêmico de Educação Física - Litoral
=>Centro Acadêmico de Medicina - Toledo
=>Grêmio de Arquitetura e Urbanismo
=>Diretório Acadêmico de Psicologia - Universidade Federal de Uberlândia
=>FEAB - Curitiba (Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil)
=>Coletivo Anarquista Luta de Classe
=>Coletivo Outros Outubros Virão
=>Coletivo Alicerce - Curitiba
=>Coletivo Quebrando Muros
=>Coletivo Chão de Escola
=>Alvorada do Povo
=>Coletivo Rosas
=>PSTU - Curitiba
=>PET - Química UFPR
=>APUFPR - (Associação de Professores da Universidade Federal do Paraná)
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