(pt) Coletivo Quebrando Muros: NOTA EM SOLIDARIEDADE A RENATO FREITAS E DENÚNCIA CONTRA A GUARDA MUNICIPAL DE CURITIBA
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Segunda-Feira, 17 de Setembro de 2018 - 07:55:26 CEST
Na noite do último domingo (09/09), o militante e advogado Renato Almeida Freitas Jr. foi
mais uma vez vítima do racismo do Estado. ---- Ao chegar em Curitiba depois de passar o
final de semana fazendo campanha em outras cidades paranaenses, Renato, que atualmente é
candidato a deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores, parou para panfletar na
Praça do Gaúcho, local de bastante movimentação na região central de Curitiba. De acordo
com ele, por volta das 19h a Guarda Municipal chegou na praça e muitas pessoas
dispersaram, mas ele continuou a panfletagem. ---- Nesse momento, ele foi abordado de
forma truculenta e despreparada pela GM, que ordenou que a equipe de campanha deixasse a
praça. Ao questionar as razões de tal ordem, um guarda que estava a cerca de dois metros
de distância disparou com munição de borracha (a recomendação de uso é de que a distância
seja de 20 metros) em direção ao seu abdômen e, na tentativa de se proteger, Renato
instintivamente colocou mão e virou o corpo - quando veio o segundo disparo, também à
queima-roupa, pelas costas. A dor foi tanta que ele caiu e o GM engatilhou a arma
"não-letal" mais uma vez, mas a intervenção de terceiros evitou um terceiro disparo. O
resultado foram lesões na região do abdômen, nas mãos (na que foi atingida diretamente
pela bala de borracha ele teve o tendão lesionado e na outra um estilhaço quebrou um dos
dedos) e nas costas.
Depois de ferido, Renato foi arrastado pelo asfalto pela GM e colocado de forma violenta
na viatura. Seus companheiros contataram o Siate, mas os guardas não esperaram a
ambulância e o levaram até o Hospital do Cajuru. Lá, o racismo institucional não cessou:
os guardas acompanharam Renato a todo o momento fazendo chacota e o ofendendo. Além disso,
eles mentiram para o médico responsável por realizar o Raio-X que Renato tinha várias
passagens pela polícia e era um sujeito periculoso. O médico se negou a atendê-lo até que
Renato conseguiu convencê-lo do contrário.
Ao sair do hospital, foi encaminhado para uma delegacia para prestar depoimento, sendo
autuado por desacato à autoridade, injúria, resistência à prisão e incentivo à violência.
Essa não foi a primeira vez que Renato sofreu na pele com a truculência policial: em 2016
ele foi detido e agredido também pela Guarda Municipal de Curitiba por "ouvir rap muito
alto" no centro. Na ocasião, um GM chegou a insinuar que o carro não pertencia a Renato,
bem como a duvidar de sua profissão. Em função do ocorrido, Renato moveu um processo
contra os dois guardas que o abordaram.
Curiosamente, esse lamentável episódio ocorrido no domingo aconteceu poucos dias depois
que Renato prestou depoimento na qualidade de vítima contra os dois GM's que o detiveram
em 2016: o inquérito foi instaurado e é possível que eles sejam punidos. Sendo assim, a
nova agressão pode ser entendida como uma represália a sua denúncia e mais um episódio de
perseguição contra defensores de direitos humanos que tornam público o racismo e a
violência policial tão presente no cotidiano das periferias brasileiras.
Mais uma vez a Guarda Municipal demonstra despreparo, truculência e abuso de autoridade
desempenhando seu papel de braço armado do Estado e mostrando explicitamente a que e a
quem serve, sendo este apenas mais um exemplo dentre as dezenas de ações similares que
acontecem dia após dia.
Cabe mencionar que o ocorrido aconteceu na mesma semana em que o Brasil inteiro se comoveu
pelo ataque sofrido por Jair Bolsonaro (PSL), candidato à presidência da República. Ao
contrário do assassino de Marielle Franco - mulher negra, deputada estadual pelo PSOL-RJ e
defensora dos direitos humanos - e de seu motorista Anderson Gomes, ambos alvejados a
tiros há quase seis meses, o autor da facada que atingiu Bolsonaro já está preso e com sua
vida devidamente arruinada.
A violência perpetrada todos os dias pelo Estado não recebe tamanha visibilidade e
comoção, pelo contrário: são falseadas narrativas para justificar tais ações, situação que
aconteceu com Marielle e vem acontecendo com Renato. Por isso, é nossa tarefa disputar tal
narrativa e prestar solidariedade irrestrita ao companheiro Renato, ainda que não
corroboremos com a tática da disputa eleitoral como ferramenta para manter e angariar
direitos.
É preciso denunciar o encarceramento e o genocídio do povo negro que o Estado vem
promovendo, tentando silenciar e aniquilar as vozes dos que gritam contra o racismo e as
injustiças.
Toda solidariedade e força a Renato Freitas!
NÃO PERDOAREMOS, NEM ESQUECEREMOS!
O QUE É DE VOCÊS ESTÁ GUARDADO.
https://quebrandomuros.wordpress.com/2018/09/12/nota-em-solidariedade-a-renato-freitas-e-denuncia-a-guarda-municipal-de-curitiba/
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