(pt) "Voto útil": um dogma instituído pela experiência da CNT?! por Vantiê Clínio Carvalho de Oliveira By A.N.A. (en)
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Segunda-Feira, 29 de Outubro de 2018 - 07:24:33 CET
É exatamente a experiência "de exceção" (pois foi a primeira e única) da Espanha que
demonstrou claramente para a história dos anarquismos o quanto é um equívoco estratégico
ceder à falácia do sufrágio universal burguês, mesmo que apenas por uma questão meramente
conjuntural: foi exatamente a "frente ampla progressista" do governo republicano eleito
pelo voto anarcossindicalista que favoreceu o avanço do fascismo, primeiro se negando a
liberar armas para a/os trabalhadora/es antifascistas e depois orquestrando junto com os
"comunistas" a grande traição ao campo revolucionário autogestionário pois, segundo a/os
própria/os integrantes do governo republicano chegaram a declarar publicamente, para
ela/es era preferível a "ordem fascista" do que a "subversão anarquista". ---- Sobre todo
este processo há um ótimo documentário disponível no youtube intitulado "Vivir La Utopia".
"Anarquista" que toma o equívoco cometido na Espanha pela CNT naquele momento histórico
(ao apoiar um governo dito "progressista" por questões "conjunturais") como um "dogma" a
ser seguido pelo campo libertário - ou seja, que vê aquela experiência como uma "fórmula"
a ser seguida, do tipo: "sempre que os fascismos forem mobilizados pela burguesia para
dividir o povo e assim enfraquecer seu potencial revolucionário, a/os anarquistas devem
apoiar governos ditos ‘progressistas'" - não enxerga que aquele evento foi a experiência
decisiva que demonstrou cabalmente ao campo libertário que a/os projetos de sociedade do
campo político hierarquizante em geral (sejam de direita, centro, esquerda ou traseira)
têm mais afinidades entre si do que com o projeto social autogestionário (como se não
bastasse todas as traições históricas anteriores da/os dita/os governos "revolucionários
populares" contra o campo revolucionário popular autogestionário) e, por isto, está
fadada/o a (a/os dita/os "anarquistas" que tomam aquela experiência de exceção da CNT
espanhola como uma "fórmula dogmática" a ser seguida em certos momentos conjunturais
específicos) repetir os mesmos erros que levaram a quase totalidade das experiências
históricas revolucionárias libertárias a sofrerem seus reveses decisivos (por darem
suporte a adversários do projeto político libertário, sob o raciocínio equivocado de que
tratava-se ali de um "mal menor" diante do fascismo "declarado" - sim, pois, mesmo não
sendo "declarado", os demais projetos políticos hierarquizantes também são variações de
fascismo, entendido aqui como sendo a imposição de cadeias de mando/obediência da parte
dos "de cima" sobre "a/os de baixo").
E talvez até - esta/es "anarquistas" que não aprendem com a lição definitiva desta
experiência de exceção -, estarão fadada/os também a, em algum possível momento futuro, se
verem na mesma situação do pequeno grupo de membra/os da CNT que acabaram entrando para o
governo republicano durante a guerra civil e que num determinado momento se viram fazendo
parte de um órgão que tramou e executou uma escandalosa traição contra aquela que foi a
maior experiência revolucionária autogestionaria da história.
Sim, a experiência de exceção da CNT durante aquele período é realmente um grande
balizamento histórico para o amadurecimento estratégico do campo libertário, mas a lição
inequívoca que ela nos trouxe não é uma pretensa fórmula segundo a qual "em tempos de
mobilização fratricida do fascismo que visa enfraquecer um potencial avanço do campo
revolucionário a/os anarquistas devem se aliar a/os autoritária/os autodenominada/os
progressistas", mas sim (a lição inequívoca desta experiência é) a certeza tantas vezes
demonstrada por todas as experiências revolucionárias libertárias históricas de que quem
quer a autoridade piramidal, e não a liberdade, será sempre um ‘aliado natural' da
hierarquia - leia-se: do militarismo, do elitismo, da estrutura de dominação de classe
(mesmo que seja de uma classe "gerencial" sobre outra "gerenciada") - e portanto (quem
quer a autoridade piramidal), será sempre um ‘inimigo natural e contumaz' do projeto
libertário.
Experiências devem servir para ampliar o acúmulo de aprendizado histórico, e não para
serem erigidas em uma espécie de "sintoma neurótico" pelo qual se permanece presa/o
indefinidamente à repetição de determinados esquemas de resposta inadequados.
E, diante da história secular dos anarquismos, não aprendermos com todo esse acúmulo de
experiência, mais do que favorecer "neuroses organizativas de repetição", é sintoma de
limitação intelectual.
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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2018/10/22/os-e-as-anarquistas-devem-votar-no-haddad-pt-para-barrar-o-fascismo/
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