(pt) A atual capitulação do reformismo diante do avanço do fascismo de Estado - FEDERAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES SINDICALISTAS REVOLUCIONÁRIAS DO BRASIL [FOB]
a-infos-pt ainfos.ca
a-infos-pt ainfos.ca
Sábado, 24 de Novembro de 2018 - 06:04:20 CET
"Ninguém no mundo, ninguém na história, conseguiu a liberdade apelando para o senso moral
de seu opressor" Assata Shakur ---- Mais uma farsa eleitoral termina. Dessa vez, com
amplas vitórias nacional e estaduais de uma corja fascista ativamente alimentada pelo
reformismo da esquerda institucional. Os reformistas, além de defenderem com unhas e
dentes sua tão estimada democracia burguesa, sabotaram e travaram a luta popular por duas
décadas, em seus tronos de gerentes do capitalismo brasileiro. O trabalhismo dos governos
petistas, que oscilava entre a social-democracia e o neoliberalismo, trouxe frustração e
desgosto para o povo. Somados a isso, as promessas ao vento, o abismo entre discursos e
práticas destes governos levaram parte da classe trabalhadora a se iludir com uma
alternativa abertamente autoritária e elitista. Um caminho mais velho que andar para
frente, que não tem outro fim senão o precipício. Felizmente a realidade é mais complexa e
fecunda do que praguejam aqueles que, mascarados do mais cordial humanitarismo, se colocam
como escudos da burguesia .
O ódio à política de conciliação de classes petista, somado à inércia festiva, que se
divulga como "crítica" do reformismo eleitoreiro de "esquerda", abriram caminho para uma
falsa polarização entre forças políticas, que desencadeou vários episódios de violência
dentre a população. O segundo turno foi marcado pelo aprofundamento da violência, a
exemplo do assassinato de Mestre Moa, em Salvador - BA, cometido por um eleitor de
Bolsonaro; a morte de Charlione em Pacajus, interior do Ceará, que aconteceu durante uma
manifestação pró-Haddad; e a morte de Priscila, mulher trans assassinada em nome de Bolsonaro.
Em resposta, o campo da esquerda eleitoral esvaziou a pauta da contradição econômica entre
capital e trabalho, colocado pelo aprofundamento do projeto neoliberal no Brasil. Reforçou
da maneira mais grotesca e reacionária a falsa polarização entre candidatos, deslocando a
raiz do problema para saber quem é o gerente da vez. E, pior, culpando o povo por sua
derrota! A chapa de Haddad e Manuela (PT-PCdoB) tentava negociar com vários setores
acordos que pudessem render-lhes votos. Inclusive negociando pautas antigas no movimento
feminista.
Durante a contrapropaganda, abusava-se do sentido pacifista da palavra "amor" contra o que
se generaliza como "discurso de ódio", misturando-se preconceitos da sociedade brasileira
à justa ira do povo pela extrema piora nas condições de vida nos últimos anos. Certos de
que estão do lado do amor, os reformistas não conseguem enxergar conteúdo político na
abstenção. Os não-votos (votos nulos, em branco e o não comparecimentos) representaram
42,1 milhões de eleitores. Foi uma das maiores abstenções do histórico de segundo turno em
eleições presidenciais. O fato de chegarmos a este número elevado apesar da polarização
causada pelo sentimento de antipetismo e desesperança não é por acaso. É um dado que
indica que milhões de pessoas encontram-se insatisfeitas com o próprio modelo político
aplicado no Brasil. Mostra também que grande parte do Povo não nutre ilusões a respeito do
próximo opressor a ocupar o cargo de presidência da República.
A esquerda eleitoreira qualificou o voto no Bolsonaro como simples "fascismo", ou como um
retrato proporcional do avanço do fascismo na sociedade, reduzindo todas as possíveis
posições e comportamentos políticos ao voto nas eleições burguesas. Voto esse baseado em
campanhas fragmentadas e na proliferação de mentiras compradas e divulgadas por grandes
empresários. As eleições de 2018 foram marcadas por "fake news" (falsas notícias), tática
utilizada pelos candidatos que estavam mais bem colocados nas pesquisas. Estas fake news
espalharam-se pelo povo e fizeram que boa parte da população fosse enganada ou confundida.
O reformismo mostrou sua verdadeira face elitista também no argumento de que o voto em
Bolsonaro expressava a "ignorância" do povo, recomendando que "trocassem armas por
livros". O povo sabe muito bem o que é violência, porque está morrendo nas guerras
promovidas pelo Estado! Quem não sabe e não compreende o desespero real que é testemunhar
de perto mortes e sangue escorrendo cotidianamente é a esquerda reformista
pequeno-burguesa que assiste a tudo de seu sofá pela TV! A ineficácia dos governos
petistas em criar soluções para o problema da violência é um dos fatores que explicam a
ilusão de parte do povo a respeito de Bolsonaro. O elitismo conservador da esquerda
reformista, que hierarquiza posições políticas tomando como base a "erudição", é o mesmo
que diz querer ensinar o povo os caminhos rumo à emancipação e construção do socialismo.
A justificativa dos setores da esquerda que se colocam publicamente como "críticos" ao
governo do PT para capitular e fazer campanha para o PT na atual conjuntura, nada mais é
do que uma gororoba dessas pressuposições sobre o povo. Ou melhor, uma gororoba de seus
próprios preconceitos de classe. Assumem que o povo - que na verdade não encontra rumos a
seguir em sua radicalidade de classe - é fascista junto com Bolsonaro. Que a vitória do
Bolsonaro é expressão de uma sociedade fascista, e que o PT poderia contribuir para frear
a propaganda fascista no país, quando foi este mesmo partido que mais contribuiu para a
construção dessa ira difusa de uma classe trabalhadora traída e desiludida com o que foi
vendido como "progressismo". Na equação reformista, sociedade=Estado=eleições, sendo a
violência completamente daí sublimada.
Existe uma diferença enorme entre o humanitarismo e a luta pelo socialismo, e os partidos
da esquerda institucional já provaram de todos os modos possíveis ao longo de suas
existências que optaram pelo humanitarismo, pela gerência da violência de classe e de Estado.
Contextualizando as eleições 2018
Desde o impedimento de Dilma Roussseff em 2016, a direita vinha apostando no PSDB, que foi
representado por Alckmin nas eleições presidenciais de 2018. No entanto, a figura que
apareceu como resposta ao sentimento de antipetismo e desesperança do povo foi Bolsonaro,
com apoio de alguns setores das igrejas evangélicas somado ao dos militares, que apareceu
na figura de seu vice-presidente, Mourão.
O Partido dos Trabalhadores e seus satélites ficaram presos às campanhas Fora Temer e Lula
Livre, o que acabou não dando bons resultados. O PT durante as eleições apostou suas
fichas na candidatura de Haddad e Manuela, continuando com sua política de conciliação de
classes. No entanto, a burguesia não precisa mais dos serviços do PT, e este agora colhe o
que plantou. Pois quando ainda estava na presidência do Brasil, cumpriu o papel da direita
amarrando os movimentos sociais e criminalizando militantes da esquerda, ou mesmo
assinando leis repressivas como a Lei antiterrorismo.
Como resultado das eleições tivemos a vitória da chapa Bolsonaro e Mourão (PSL/PRTB) que
venceram em todos os estados brasileiros, menos 9 estados que constituem a região
Nordeste. Além da vitória de Bolsonaro e Mourão nas disputas presidenciais, que são,
respectivamente, capitão e general aposentados do Exército Brasileiro, é necessário
observar que o ano de 2018 foi ano em que mais militares foram eleitos, totalizando 73
militares: 56 deputados estaduais/distrital, 14 deputados federais e 3 senadores. Ou seja,
teremos um Estado ainda mais militarizado e repressivo, prometendo abertamente a retiradas
de direitos sociais.
Os discursos fascistas de Bolsonaro, sobre "varrer os vermelhos do Brasil", "acabar com os
ativismos", além de um Congresso militarizado, anunciam um cenário já em 2019 de
aprofundamento da retirada de direitos sociais na base do chicote e do cala a boca, do
fortalecimento do poder repressivo, enfim, no acirramento da luta de classes.
O momento exige a organização imediata de Comitês de Apoio Mútuo, com redes de acolhimento
e apoio jurídico; da autodefesa do povo e da ação direta. Essa é a tarefa de todos os
sindicatos, do movimento estudantil e dos movimentos populares. Temos que disputar palmo a
palmo cada espaço das periferias e favelas, das escolas e universidades, das fábricas e
demais locais de trabalho, dos campos e aldeias.
A direita perdeu a vergonha e se vê representada na figura da presidência do Brasil. Ela
se sente legitimada para praticar todas as formas de opressão e violência. A esquerda
institucional não consegue radicalizar em suas ações, acomodada e comprometida que está em
suas amarras ao Estado.
Diante do rolo compressor que só nos esmaga mais a cada dia, a classe trabalhadora só tem
uma opção: romper com as ilusões reformistas e construir uma via efetivamente
revolucionária, massificada, para lutar contra a exploração e a violência capitalista que
só se aprofundará a partir de 2019, capitaneada por um governo explicitamente fascista!
TODO PODER AO POVO!
LUTAR, CRIAR, PODER POPULAR!
ELEIÇÃO É FARSA!
SÓ O POVO ORGANIZADO VAI FAZER REVOLUÇÃO!
Anúncios
https://lutafob.wordpress.com/2018/11/20/fob-a-atual-capitulacao-do-reformismo-diante-do-avanco-do-fascismo-de-estado/
Mais informações acerca da lista A-infos-pt