(pt) [Canadá] Montreal: Relatório e notas sobre a recente marcha contra as eleições By A.N.A.
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Segunda-Feira, 5 de Novembro de 2018 - 07:51:57 CET
Já bem tarde na noite das eleições, dezenas de bandeiras negras se alinhavam nas ruas ao
sul do Lafontaine Park. Descartadas durante uma discussão com a tropa de choque - que
jogou bombas de gás em nós, nos separou, e temporariamente abalou nossa unidade - elas
permaneceram, ao menos momentaneamente, espalhadas pela calçada, ali para marcar nossa
passagem. Um caminho curto até demais. Um caminho amargo. ---- A manifestação começou por
volta das dez da noite. A luz de uma granada de fumaça rosa marcou o início do que seria
uma breve, mas inflamada, demonstração de resistência. Fogos de artifício se espalharam
pelo céu, desaparecendo atrás das árvores. Policiais estiveram perambulando por ali desde
o início do banquete, por vezes se escondendo atrás de seus veículos à paisana, mas na
maior parte do tempo estavam nos encarando à distância, como se estivessem tentando
capturar a transgressão, a infração, o crime que mais tarde serviria como justificativa
para os barris de gás lacrimogêneo que eles estavam preparando para descarregar em nós.
Enquanto nos dirigíamos mais ao sul, uma mulher que estava saindo do Notre-Dame Hospital
tropeçou e caiu. Quase que imediatamente, uma dúzia de companheiros/as parou para oferecer
a ela uma mão. Elas/es não sabiam como ajudá-la. E com a tropa de choque bem atrás de nós,
eles e elas sabiam que não poderiam oferecer à mulher nada além da sua constrangedora e
fugaz presença. Gás lacrimogêneo flamejante preencheu a rua Plessis e o estacionamento do
hospital. Alguns de nós foram para o lado sudeste, correndo pelo estacionamento como o
diabo foge da cruz. Mas era tarde demais. Nossas pedras já haviam sido lançadas. Suas
preciosas viaturas já haviam sido amassadas, seu machismo agressivo e detestável,
irreversivelmente neutralizado. Outros continuaram a descer a rua Plessis, destruíram uma
agência do banco Desjardins, e, estando o grupo se fragmentando, chegaram ao local onde
estava reunida a PQ's Election Night na Usine C, onde dirigiram um breve "vão se foder"
para os elementos da burguesia ali presentes, antes de precisarem escapar da cada vez mais
significativa perseguição policial, se dispersando pelos parques, quintais e becos.
Os estragos que deixamos para trás e as bandeiras negras que fomos forçados/as a abandonar
apenas alguns minutos após o início do protesto deixaram sua marca. Nossas marcas de
destruição, nosso tecido negro esparramado pelas suas ruas pacíficas revelam um mundo
diametricamente oposto ao seu - um mundo que impacientemente aguarda o momento de sua
libertação revolucionária, um mundo em que nenhum policial da tropa de choque, nenhum gás
químico jamais poderá conter. Um mundo reformulado até mesmo pelo pensamento de ser
solicitado a eleger governantes.
Um mundo no qual inexplicáveis elites são substituídas por atribuições temporárias e
revogáveis, abertas a todas e todos. Um mundo no qual abandonaríamos o fato de pôr nosso
poder de tomar decisões nas mãos de ricos "socialistas" da classe alta,
garotos-propaganda, que consideram adequado colar seus imaculados rostos pelas nossas
ruas, e, em vez de protegê-las daqueles que, por baixo do pretexto do desenvolvimento e do
progresso - sempre desenvolvimento e progresso - estão sempre prontos para usurpar o que é
nosso por direito, ansiosos por agir em prol das massas sem nome. Garotos-propaganda ricos
e da classe alta quem, nessa mesma noite (1º de outubro), e pelos próximos quatro anos,
irão gananciosamente mamar champanhe das tetas do Capital sedento por sangue, enquanto o
resto de nós é apaziguado com gás lacrimogêneo.
A começar por hoje, e pelos próximos quatro anos, os eleitos da CAQ[Coalizão Avenir
Quebec]vão continuar a exacerbar tensões de cunho racial, implementando uma política
imigratória que abertamente objetiva a subordinação das pessoas migrantes e racializadas.
Ausentes quaisquer mecanismos pelos quais se podem tornar esses oficiais responsáveis,
teremos que começar a fazer uso de táticas já testadas, assim como pensar e repensar
táticas novas - mais adequadas a um mundo tão (ou seria o oposto?) cuidadosamente vigiado.
Os mecanismos burocráticos e violentos pelos quais o Estado aciona suas políticas
supremacistas brancas terão que ser neutralizados, entravados, ou rigorosamente destruídos.
Fonte:
https://mtlcounterinfo.org/report-back-and-notes-on-the-big-feast-against-the-elections/
Tradução > breu
>> Nota da ANA:
A província canadense de Quebec elegeu no dia 1º de outubro, pela primeira vez, um partido
nacionalista de centro direita (CAQ), que, durante a campanha, prometeu reduzir a
imigração e deportar os imigrantes que não aprendam o idioma francês nos três anos
posteriores a sua chegada na província.
agência de notícias anarquistas-ana
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