(pt) Coletivo Anarquista Bandeira Negra CABN - Campinho de futebol e o Dia do Trabalhador
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Quarta-Feira, 9 de Maio de 2018 - 22:13:58 CEST
Terça-feira, 1º de maio, mais um dia em homenagem àquelas/es que vivem seis, oito, nove,
dez, doze horas dentro de locais que você faz e precisa ser o que, na maioria das vezes,
não deseja. Também é dia daqueles que buscam, dia após dia, entrar nesse mundo para levar
o mínimo de conforto e dignidade à família. É dia dos trabalhadores e trabalhadoras. ----
Nesta dia, em 2018, novamente realizou-se diferentes eventos para celebrar e relembrar a
data. Numa região da cidade havia uma festa de empresa de comunicação. Em outros cantos,
diversas pessoas aproveitando o dia para descansar. Na Amorabi, no bairro Itinga, zona sul
de Joinville, uma pequena, mas significante parcela da população, aproveitava o dia
vivendo o IV Sarau 1º de Maio. ---- Lá, entre tantas atrações, crianças e adolescentes
passaram uma tarde conversando e compartilhando ideias e experiências sobre futebol. O
futebol, esporte amado nas periferias do mundo, praticado por jovens em ruas de terra,
asfalto, lama, areia, na escola ou em qualquer lugar que se possa ter duas balizas e um
objeto redondo para chutar com jeito, com força, como achar melhor.
Futebol, muitas vezes o único lazer e divertimento dos/as de baixo. O que mais alivia a
dor da exploração se não ir ao estádio e ver seu time ganhar. Um, dois, três a zero. Um
excelente placar e um maravilhoso domingo. Futebol, tão ironizado, ridicularizado e
menosprezado pelos "sabidos" da nossa sociedade.
Para os vinte, vinte e cinco jovens que estavam na Amorabi, amar o futebol não é ser
ignorante ou alienado. Lá, o futebol não ficou apenas nas quatro linhas brancas que cercam
o campo. O esporte e os explorados estão próximos. Sócrates, Reinaldo, Lucarelli. O punho
cerrado desses jogadores são os mesmos erguidos pelas crianças durante a peça de teatro
apresentadas por elas minutos antes. Os mesmos punhos de quem oferece mão de obra. Punhos
erguidos dos/as que enfrentam os de cima.
Depois, é claro, a bola precisava rolar. Rolou. Num gramado que divide o espaço com
buracos de terra. Dois times fizeram o espetáculo. Luta do Trentino FC e Futebol do Piraí.
Crianças e adolescentes. Meninos e meninas. Brancos e negros. Da cidade urbana e de terras
indígenas. Num campo só. Os/as jogadores/as, as faixas e os cartazes passaram pelo
corredor humano que criou uma energia que fez os/as atletas arrepiarem a pele e brilharem
os olhos.
No campo, o placar, se é que importa, ficou no 2 a 2. Crianças estigmatizadas por serem
violentas mostraram harmonia no toque de bola. Os/as indígenas, antes quietos no cantinho
da sala, mostraram sua velocidade e emoção ao marcar o golaço da noite. Sobrava
felicidade, camisas rodando ao vento, abraços entre companheiros/as de time e euforia na
torcida.
Ignorância, alienação, violência e exploração passam longe dos campinhos de todas as
cidades do país. Nossas vidas e nossos trabalhos, um dia, serão como o futebol. Simples,
artístico, coletivo, democrático, harmônico e livre dos soberbos que o ironizam,
menosprezam e exploram-o.
Por Carlos de Oliveira
https://www.cabn.libertar.org/campinho-de-futebol-e-o-dia-do-trabalhador/
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