(pt) anarquismo amazonas: Professor s do Amazonas em Luta, governo em crise: todo apoio à greve d s professor s! Lutar até a vitória! Pró-Organização Específica Anarquista (OEA)
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Quarta-Feira, 28 de Março de 2018 - 07:18:28 CEST
A educação no Amazonas está vivendo um momento histórico, com os/as professores/as,
pedagogos/as, administrativos, merendeiros/as e demais trabalhadores/as da educação,
construindo uma gigantesca Greve Geral marcada para o dia 22 de Março - em meio a
protestos, manifestações, fechamento de ruas e avenidas, tanto na Capital quanto nos 61
municípios do interior. ---- Na verdade, esta luta não vem de hoje. Vem há pelo menos 4
anos atrás, quando os professores, após um relativo período de refluxo em suas lutas e
mobilizações, buscaram se reorganizar e agitar as bases de sua categoria. Relembramos as
jornadas de Fevereiro e Março de 2014 com o protesto de mais de 3 mil professores em
frente à Arena da Amazônia, seguido de Maio na praça Heliodoro Balbi, entre outros grandes
protestos. É à força dos/das professores/as na luta por direitos e desafiando os governos
inimigos da educação, ano após ano. Aqui, ressaltamos a importância das jornadas de 2013 e
2014, que reacenderam (independente das narrativas ideológicas), as lutas de rua e
manifestações populares, em grande medida, adormecida há anos.
"O governo Amazonino está em crise" - mas governos são crises permanentes...
Também não é de hoje que os governos que se revezam no poder local, na esfera estadual em
específico, passam por uma profunda crise, descrédito e instabilidade. Para "os de cima",
é cada vez mais difícil manter toda a farsa frente à decomposição do velho Estado, repleto
de escândalos de corrupção, roubos, esquemas e que sempre estará a serviço do grande
capital e das velhas oligarquias. Não começou com o velho oligarca Amazonino Mendes (PDT)
e não terminará com o próximo gerente de crise eleito nestas eleições de 2018.
É preciso dizer que no Amazonas, reina há mais de 30 anos, uma mesma facção política, que
envolve famílias, organizações criminosas e grupos empresariais poderosíssimos - todos
profundamente articulados e unidos na pilhagem dos recursos públicos, no uso do Estado
para seus projetos privados e enriquecimento sem limites. São donos de boa parte das
terras do estado, além de proprietários de grupos e consórcios empresariais/financeiros
(construtoras, empreiteiras, concessionárias de automóveis, corretoras de seguros, lojas
de departamentos, rede de supermercados, faculdades privadas, fábricas, emissoras de
radio, televisão, imprensa). Essas famílias ganham ou decidem quem vai ganhar cargos na
maquina estatal bem antes da horrível "festa da democracia" dos 4 em 4 anos.
Esta crise permanente (na verdade, crise somente para nós pobres e trabalhadores/as, pois
os ricos estão muito bem, obrigado!), atinge diretamente os serviços públicos:
sucateamento, precarização e cortes na saúde, educação, transporte, assistência/proteção
social, previdência, direitos trabalhistas e sociais, rebaixando e empobrecendo a
reprodução social de nossas vidas.
Como era de se esperar, o mandato tampão de Amazonino Mendes (eleito após uma bela cartada
na rearticulação de poder local), que sucedeu seu apadrinhado e também membro de seu grupo
político, José Melo (PROS), vem agonizando, figurando como um grande fiasco.
Trabalhadores/as da educação, saúde, cultura, até mesmo policiais militares (da qual não
sinalizamos nenhum apoio), cansados/as das mazelas e do profundo estado de precarização de
seu trabalho, direitos e consequentemente, de vida, protagonizam uma onda crescente de
lutas e mobilizações - soma-se a isso, as categorias já em greve como os ecetistas, e as
que estão se articulando, como a dos rodoviários.
Luta pela Educação pública e Greve de professores/as:
Pelo menos desde Fevereiro, os/as professores da rede pública de ensino, vem buscando
diálogos com o governo, com protestos tanto na sede da Secretária (Seduc) quanto na Sede
de Governo. Na ocasião, foram apresentadas às pautas, e num primeiro momento, ignoradas
pelo governo. Ainda em Fevereiro, os/as professores/as iniciaram suas primeiras
mobilizações e assembleias de base, tanto na Capital, quanto no interior, com atos
públicos, passeatas, e nesse processo, o governo escancara seus podres: contrapartidas
esdrúxulas daquelas exigidas pelos movimentos, além de escândalos, como a CPI dos desvios
de verbas do FUNDEB (na mira, estão o ex-governador e atual senador Omar Aziz (pertencente
ao grupo político de Amazonino) e o empresário Ronaldo Tiradentes (dono de empresas de
marketing e da emissora "Rádio Tiradentes"), o corte arbitrário do Plano de Saúde dos
professores, exonerações de professoras com auxilio-maternidade e licença-médica.
Parecendo não ser o bastante, e num tom de deboche com os/as professores/as, o governo
inimigo da educação, além de ignorar completamente as reivindicações da categoria, concede
ao mesmo tempo, promoção para mais de 3.293 policiais da PM-AM, o pagamento de mais de 2,7
mil em "auxílio-farda" (valor superior a qualquer beneficio recebido por um professor da
rede pública), aumento de 100% no valor do auxílio-alimentação e auxílio-moradia, o que
revela, como já dissemos em outros momentos, o caráter fascista e policialesco da
candidatura Amazonino. Os professores mostram sua força no histórico 13 de Março, com a
paralisação das escolas da Capital e outros 13 municípios do interior: protestos nas
quatro zonas da cidade, escolas fechadas, trancamento de avenidas. No dia seguinte, um dos
movimentos de luta dos professores, deflagra greve geral na Praça Heliodoro Balbi, num ato
que reuniu mais de 5 mil professores no centro. Como parte das atividades de greve, a
segunda-feira amanheceu com mais 117 escolas da capital e outras 30 do interior 100%
paralisadas, nos três turnos de aula. Na próxima Quinta (22), um grande ato está marcado
na Sede do Governo, onde praticamente a totalidade da categoria estará mobilizada.
A luta dos/das trabalhadores/as na Saúde pública:
Nas últimas semanas, também temos visto importantes mobilizações dos trabalhadores da
Saúde em Manaus, tanto em frente à SUSAM (Secretaria de Estado e Saúde), quanto no
interior do Estado (Parintins, Urucará, Fonte Boa, Humaitá). Este é outro setor
extremamente precarizado pelos governos, onde além das péssimas estruturas hospitalares,
os trabalhadores não recebem reposição salarial, nem auxilio-alimentação pelo menos desde
2015. Além disso, reivindicam o cumprimento da Lei do PCCR (Plano de Cargos, Carreiras e
Remuneração - uma conquista dos servidores públicos, no que diz respeito à valorização
profissional e remuneração), a reativação da "mesa de negociação" (uma ferramenta de
negociação direta entre governo e os trabalhadores) que fora desativada pelo ex-governador
cassado José Melo (PROS). Temos de lembrar, que o ex-governador, preso na operação "Maus
Caminhos", deixara um rombo de 1,2 bilhão na saúde pública, além de 575 milhões em
dívidas. À tona se revela um esquema gigantesco de uma organização criminosa que operava
no desvio dos recursos públicos do Fundo Estadual de Saúde do Amazonas, que envolvia
grandes empresários, donos de terceirizadas, o bandido José Melo (além de sua esposa e
irmão), secretários de saúde, de Estado e da Fazenda, coronéis da polícia, apresentadores
de TV - tudo isto com o silêncio e conivência do TCE, do MPE e das bancadas de deputados
estaduais.
A maioria dos hospitais no Amazonas, estão profundamente sucateados, sem equipamentos, sem
estrutura suficiente para receber o número de atendimentos contínuos, um corpo de
funcionários mal remunerados: um serviço essencialmente público gerido por empresas
terceirizadas que por sua vez empregam mão de obra ultraprecarizada. No interior, a coisa
é inacreditável: o Castanho não recebe verbas regulares para reforma há 5 anos, em Silves,
a diretoria diz que terá de PARAR os atendimentos! Tudo isto só pode refletir numa crise
estrutural da Saúde no Estado. E esta é a prática com qual opera o grupo político que há
mais de 30 anos parasita o povo amazonense.
A greve do magistério estadual tem de virar uma luta popular generalizada e que envolva
outros/as trabalhadores/as na luta por direitos:
O governo Amazonino Mendes, vem vendendo na imprensa, o discurso de "crise financeira", de
que faltam verbas nos cofres públicos do estado. Argumento este, que além de falso e
mentiroso, mostra ser apenas mais uma tática no modo de governar: selecionar os problemas
sociais fazendo escolhas que punem a população com pobreza, repressão, retirada de
direitos, destruição dos serviços e bens públicos, privatizações e mantendo intacto o
lucro dos grupos econômicos, dos esquemas de corrupção, enfim, dos de cima - eternos
parasitas do poder público. A polícia e o sistema penal, também fazem sua parte, buscando
vigiar e eliminar a menor possibilidade de revolta, ou ações mais incisivas, como tática
de reivindicação.
A greve da rede pública estadual de educação, declarada pelos movimentos de luta dos
professores, vai passar por um processo de provações, por um "teste de fogo" até os fins
de Março, imposta tanto pelo governo, quanto pelas burocracias sindicais que ocupam o
principal sindicato da categoria - o SINTEAM. Independente dos movimentos de luta dos
professores envolvidos no processo, mas principalmente as bases, terão de ter paciência e
firmeza, tendo em mente que irão enfrentar um processo longo de resistência, para não
ceder à guerra de nervos do governo, suas chantagens, da imprensa local que tentará
deslegitimar o processo conforme a luta prossiga, pelas traições, negociações à portas
fechadas e viradas de mesa dos burocratas e dirigentes sindicais.
A greve dos professores/as, não é uma simples reivindicação pelo reajuste de salário - é
uma greve pela dignidade dos/das trabalhadores/as, por uma melhor educação pública para os
filhos do povo. É uma luta que bate de frente com o poder mafioso que controla o Estado
desde a ditadura militar e redemocratização, e se buscar envolver os estudantes, as
famílias, as comunidades e outras categorias de trabalhadores, pode, sem dúvidas, ampliar
o êxito em seu desfecho. Talvez, podemos estar vendo com a greve dos professores da SEDUC,
um ponto de partida, para uma luta popular por mais educação e por melhores serviços
públicos para a população, com forte protagonismo dos trabalhadores, nos bairros, nos
locais de trabalho e estudo, unindo todos os oprimidos na luta contra a precarização da
vida. Um exemplo disto é o ato unificado dos trabalhadores e servidores públicos da
educação, saúde e cultura chamado para este mês.
Frente a este ciclo de lutas que se desenvolve no Amazonas (e aqui nos referimos
especificamente da luta dos/das professores/as), o governo do Estado vem tentando
deslegitimar o movimento pela via judicial, afirmando na velha imprensa local não
reconhecer os movimentos de luta do professores, ou, que as paralisações e greve são
totalmente ilegais. Nos espaços de trabalho, outra forma de intimidação (bastante
conhecida dos professores e dos que se atrevem a lutar) são o assédio moral e ameaças por
parte dos gestores e diretores, com vistas a tentar dividir e desmobilizar os
trabalhadores em luta. Temos acompanhado de perto todas as mobilizações na cidade, e
podemos constatar que os movimentos estão ganhando cada vez mais força, estão com muito
gás para seguir se ampliando. Como já dissemos, a luta deve alcançar e envolver outros
setores da população, comunidades, outras categorias de trabalhadores, potencializando
nesta conjuntura, uma luta popular bem mais ampla, em defesa tanto da educação pública,
quanto por melhorias na saúde, transporte, seguridade social.
Canalizar a luta popular por baixo, por fora das negociatas e dos esquemas tradicionais,
eleitorais e burocráticos que infelizmente, ainda seduz boa parte da esquerda. Buscar
novas táticas de luta, com ação-direta, com inteligência coletiva e sagacidade - próprias
do movimento social em luta, convergindo com a ampla indignação da categoria, escolhendo
os melhores meios para o combate contra o inimigo, sempre mirando no seu ponto fraco que é
a luta nas ruas!
Seguiremos somando e nos colocando junto aos/as trabalhadores/as em luta!!
SÓ A LUTA MUDA A VIDA!!
TODO APOIO À LUTA DOS/DAS PROFESSORES/AS!
RUMO À GREVE GERAL ATÉ A VITÓRIA!
EDUCAÇÃO SÓ MUDA COM LUTA E ORGANIZAÇÃO!
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