(pt) [Espanha] CNT contra a censura e os ataques à liberdade de expressão By A.N.A. (ca)
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Sexta-Feira, 2 de Março de 2018 - 08:00:32 CET
Fevereiro de 2018 ficará na história como um mês nefasto para a liberdade de expressão, de
criação e de imprensa no Estado espanhol. No dia 20 foram publicadas duas sentenças que
colocavam Voltonyc e Nacho Carretero em uma longa lista de nomes de ativistas, rappers,
twitteros e jornalistas cuja liberdade de expressão é ameaçada. No dia 21 a exposição
"Presos políticos en la España contemporánea" foi cancelada do ARCO, inclusive antes de
abrir a porta. ---- A CNT quer mostrar o seu repúdio à condenação de 3 anos e 6 meses de
prisão para o rapper Valtonyc e ao confisco judicial do livro "Fariña" do jornalista Nacho
Carretero. ---- Enquanto se acumulam condenações por delitos relacionados com opiniões em
canções, o Estado espanhol segue se esquivando da sentença do Tribunal Europeu de Direitos
Humanos que diz que o delito de injúrias contra a Coroa não se ajusta ao espírito do
Convênio Europeu de Direitos Humanos que o Estado espanhol assinou. Juristas pouco
suspeitosos de revolta contra a autoridade como o ex-magistrado do Tribunal Constitucional
Joaquín Urias assinalam que o delito de enaltecimento ao terrorismo é anticonstitucional.
A liberdade de informação fica igual ou pior do que a liberdade de expressão. Por causa de
duas citações que reúnem conteúdos em resoluções judicias, uma juíza decidiu confiscar
cautelarmente o livro "Fariña" de Nacho Carretero, quase três anos depois da sua
publicação, depois de uma demanda por injurias e calúnias feita por um ex-prefeito galego
condenado por lavagem de dinheiro proveniente do narcotráfico. A honra de um
narcotraficante, tal e como condenou a Audiência Nacional, é mais importante do que a
liberdade de informar. Isso é um novo atentado contra a imprensa livre cometido pelas
instituições judiciais.
A arte também é limitada e são reduzidos os espaços onde pode ser exposta com liberdade. A
direção da IFEMA solicitou à Galeria Helga de Alvear que retirasse a obra do artista
Santiago Sierra do ARCO. A galeria se submeteu à vergonhosa petição, que se ampara na
suposta polêmica que a obra provocou nos meios de comunicação e no prejuízo da
visibilidade do conjunto dos conteúdos do ARCO, para pedir a retirada das obras de arte em
um espaço administrado principalmente por instituições públicas.
A irreverência não é delito e a censura não é permissível. Não é quando um jovem em greve
é condenado por colocar sua cara num Cristo, não é quando Pablo Hasel enfrenta uma
condenação de dois anos e nove meses de prisão pela letra de suas canções, não era quando
Javier Krahe foi julgado e absolvido por cozinhar um crucifixo, não era quando o artista
Eugenio Merino expôs no ARCO uma escultura de Francisco Franco em uma geladeira, e não era
quando os integrantes de "Títeres desde Abajo" chegaram a entrar na prisão em um delirante
julgamento à ficção.
Desde a CNT, queremos manifestar nosso apoio sem fissuras a Voltonyc, a Nacho Carretero e
a Santiago Sierra. E reiteramos nosso chamado a tomar consciência da necessidade de nos
unirmos para defender nossos direitos e liberdades mais elementares.
Como disse Santiago Serra quando recusou o Prêmio Nacional de Artes Plásticas, "o Estado
não somos todos, o Estado são vocês e seus amigos"
Fonte:
http://cnt.es/noticias/cnt-contra-la-censura-y-los-ataques-la-libertad-de-expresi%C3%B3n
Tradução > César Antonio Cázarez Vázquez
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