(pt) Organização Específica Anarquista - Amazonas (OEA): Viva os 34 anos do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN)!
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Domingo, 21 de Janeiro de 2018 - 08:51:20 CET
17 de Novembro de 1983: Fundação do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) ----
"O grande poder mundial ainda não encontrou a arma para destruir sonhos. Enquanto não a
encontrar, continuaremos a sonhar, ou seja, continuaremos a realizar". ---- Há 34 anos os
direitos dos indígenas e dos camponeses foram defendidos mediante armas e palavras pelo
Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), que corajosamente enfrentaram um Estado
mexicano repressivo e ditador, que ignorava as necessidades das minorias étnicas.
Realidade que hoje não mudou de todo. ---- Para demandar democracia, liberdade, justiça e
melhorias para os povos indígenas e camponeses de Chiapas e todo o México, há 34 anos, o
Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) fez sua primeira aparição pública em 1°
de janeiro de 1994.
Seu objetivo era claro: repudiar o sistema político neoliberal mexicano com suas promessas
de modernização, que mantinha apática a comunidade indígena e camponesa, assim como
estabelecer uma democracia participativa. O EZLN exigia a reivindicação de propriedade
sobre as terras tiradas das comunidades indígenas, a divisão da riqueza e a participação
das diferentes etnias tanto na organização de seu estado (Chiapas) como do país.
Mas, talvez, as palavras do Subcomandante Marcos resumam melhor o objetivo deste grupo
insurgente: "A tomada do poder? Não, apenas algo mais difícil: um novo mundo". expressou
em um comunicado em 2 de fevereiro de 1994.
Ainda que a EZLN tenha feito sua aparição pública em 1° de janeiro de 1994, na realidade,
nasceu em 1983, quando foi criado o primeiro acampamento guerrilheiro na Selva Lacandona,
em Chiapas. Seu nome é em homenagem ao herói e figura da Revolução Mexicana, Emiliano Zapata.
A primeira luta armada do EZLN (1994):
No dia de sua primeira aparição pública, o Exército Zapatista de Libertação Nacional
(EZLN) surpreendeu o México e o mundo inteiro com uma insurreição armada imprevista no
estado de Chiapas (sudeste), que passou para a história como o Levante Zapatista.
Um grupo de indígenas armados ocuparam sete cabeças municipais de Chiapas: San Cristóbal
de Las Casas, Altamirano, Las Margaritas y Ocosingo, Oxchuc, Huixtán e Chanal. A batalha
foi implacável. A ocupação dos diversos municípios foi respondida com o envio de tropas
federais, cujo número e brutal arremetida fez com que o objetivo dos zapatistas não se
cumprisse em sua totalidade e tiveram que se retirar para a selva.
Os combates, que duraram 12 dias, ocasionaram dezenas de mortos, a grande maioria
zapatistas. No entanto, a batalha serviu para que se abrisse um processo de diálogo sobre
as reivindicações da insurgência, que reclamava o direito à terra, habitação, educação,
saúde e emprego.
Em 16 de fevereiro, iniciam as primeiras conversas entre o EZLN e o governo federal, que
terminaram com a assinatura, em 1996, dos acordos de San Andrés sobre o "Direito e Cultura
Indígena", que comprometiam o Estado a reconhecer os povos indígenas constitucionalmente e
que estes gozariam de autonomia. Até a data, os acordos não haviam sido cumpridos pelo
Estado mexicano. Os diálogos também deram origem à fundação do Congresso Nacional Indígena
(CNI), em outubro de 1996.
Declaração da Selva Lacandona (1994):
No dia de sua aparição pública, o EZLN também pronunciou a Primeira Declaração da Selva
Lacandona, onde informaram as causas de seu levante: exigiam terra, trabalho, teto,
alimentação, saúde, educação, liberdade, independência, democracia, justiça e paz.
Massacre de Acteal (1997):
Apesar da disposição do Exército Zapatista em dialogar e entregar as armas, o Estado
mexicano nunca deixou de assediá-los. Prova disto foi o massacre em 1997 da comunidade de
Acteal, da etnia Tzotzil, em Chiapas, por parte de paramilitares militantes do Partido
Revolucionário Institucional (PRI), que assassinaram 45 pessoas e três por nascer.
Os funcionários dos governos local e federal acusados pelo EZLN e pelas organizações civis
de propiciar o massacre, jamais foram julgados.
Marcha da Cor da Terra (2001):
A "Marcha da Cor da Terra", realizada em dezembro de 2001, liderada pelo Exército
Zapatista, é recordada como uma mobilização sem precedentes na história do México.
"37 dias de caminhada; 6.000 quilômetros. Nesse caminho passamos por 13 estados da
república mexicana e, depois, entramos na terra que cresce para cima, a Cidade do México",
assim a descreveu o Subcomandante Marcos.
Um milhão de pessoas deram as boas vindas aos zapatistas em sua chagada à Cidade do
México, entre eles o escritor José Saramago; a ativista francesa, Danielle Miterrand; o
porta-voz da organização internacional Via Campesina, José Bové; assim como outras
personalidades.
2001 também foi o ano em que todos os partidos políticos do México aprovaram, por
unanimidade, uma reforma constitucional que desconheceu os Acordos de San Andrés, tornando
assim oficial o desconhecimento dos direitos e cultura indígena. Nada voltaria a ser igual
desde a aprovação dessa fatídica reforma. Para o Exército Zapatista, a autonomia e a
autogestão seriam o passo seguinte.
Criação de Los Caracoles e das Juntas de Bom Governo (2003):
Após a traição do governo ao não cumprir os Acordos de San Andrés, o EZLN decidiu
exercê-la unilateralmente mediante a criação, em 2003, de Los Caracoles e das Juntas de
Bom Governo, que reforçara o princípio do "mandar obedecendo".
Desde sua criação, foram formados professores e médicos zapatistas e se construíram
escolas e clínicas. Além disso, se desenvolveu um sistema de justiça que congrega tanto
zapatistas como outros membros da sociedade por ser mais eficaz que o institucional.
"A Outra Campanha": uma luta própria (2006):
Em 2006, durante as eleições presidenciais do México, os zapatistas embarcaram em uma
viagem de seis meses por 32 estados, uma iniciativa chamada "A Outra Campanha". O
propósito era dizer aos partidos políticos que para construir um novo país não era
necessário apoiar seus candidatos, mas que empreenderiam uma luta própria.
A intenção da "A outra Campanha" era escutar o povo mexicano que queria uma sociedade
democrática e acabar com o capitalismo e o racismo. Nas eleições presidenciais de 2006,
foi vencedor o candidato do direitista Partido Ação Nacional, Felipe Calderón Hinojosa,
lembrado por militarizar a guerra contra narcotraficantes e gerar uma onda de violência
que assola o México te hoje.
Subcomandante Marcos ‘desaparece' da cena pública (2014):
Na madrugada de 25 de maio de 2014, o Subcomandante Marcos, lendário líder do Exército
Zapatista, anunciou seu ‘desaparecimento'. O anuncio foi feito do Caracol de La Realidad,
sede do governo autônomo zapatista, nas profundezas da Selva Lacandona. Seu substituto
seria o Subcomandante Moisés.
A intenção era que as mídias focassem mais sua atenção na EZLN e não no Subcomandante
Marcos, cujas poéticas palavras tiveram forte repercussão no mundo, sobretudo na imprensa
nacional e internacional.
Marcos não foi um de seus fundadores, mas sua chegada ao grupo foi nove meses depois da
criação do mesmo. Seu verdadeiro nome era Rafael Sebastián Guillén Vicente e era um
professor de comunicação da Universidade Autônoma Metropolitana (UAM), antes de encabeçar
o EZLN.
Com a saída de Marcos, o EZLN começou a transformar-se e, hoje, continua vigente. Sua luta
pelos direitos dos indígenas e camponeses não cessou. Mostra disto é seu apoio aos jovens
normalistas desaparecidos de Ayotzinapa.
Apesar da invisibilidade dos meios de comunicação, o lendário Exército Zapatista de
Libertação Nacional continua mudando a história do México a 34 anos de sua primeira
aparição pública.
VIVA O EZLN!
VIVA O ZAPATISMO!
https://anarquismoam.wordpress.com/2017/11/17/viva-os-34-anos-do-exercito-zapatista-de-libertacao-nacional-ezln/
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