(pt) Organização Específica Anarquista - Amazonas (OEA): Refletir 2017 e buscar um 2018 de lutas e vitórias: com @s de baixo, contra os patrões e por fora do Estado!
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Quinta-Feira, 11 de Janeiro de 2018 - 07:25:21 CET
2017 foi um ano conturbado: repleto de lutas, vitórias, derrotas amargas, mas,
principalmente um ano de lições e aprendizados. Este ano que se encerra infelizmente não
leva junto as desgraças que se abateram sobre o povo brasileiro e do Amazonas... Ao fim
deste ano terrível, temos algo a dizer: ---- Este ano representou um período onde ficamos
mais pobres, onde fomos mais explorados/as, violentados/as e desrespeitados/as. Os de
cima, encastelados nos altos poderes do velho Estado brasileiro, lacaio dos ricassos e do
capitalismo internacional, em conluio com os abutres da grande mídia e os setores mais
reacionários da sociedade brasileira, aplicaram duros ataques a nós de baixo:
terceirização e retirada de direitos trabalhistas, 20 anos de congelamento em
investimentos públicos e programas sociais, no trabalho, na saúde, na educação, na
previdência e assistência sociais, recuo nas pautas de reparação dos povos tradicionais em
seus territórios, patrimônios/recursos naturais entregues e privatizados para o saque das
multinacionais, e tantos outros setores cruciais sofreram cortes e ajustes, tudo para
favorecer a manter em alta o lucro de uma minoria rica a nível mundial.
As mulheres também foram duramente golpeadas: o Brasil figura como um dos campeões nas
taxas de feminicídio e isso se torna ainda mais grave com a aprovação da PEC anti-aborto.
A "guerra às drogas" justifica o encarceramento em massa, extermínio e morte do povo negro
nas favelas país a fora. A desassistida população LGBT sofreu um retrocesso imenso com a
proibição da discussão de assuntos envolvendo gênero e sexualidade nas escolas. Chacinas e
extermínio contra lutadores sociais, camponeses, sem-terras, lideranças quilombolas e
indígenas se intensificaram em especial em nossa região Norte. Neste último contexto, mais
que nunca nossa herança latifundista e escravagista fora revisitada. Intensificou-se
também a repressão, cerceamento e perseguição constante aos movimentos populares e de
esquerda, em especial aos Anarquistas e companheiros/as da Federação Anarquista Gaúcha
(FAG) na região Sul do país. Por outro lado, esse ano também marcou grandes mobilizações
nacionais, com a realização de duas greves gerais e duros enfrentamentos, deixando claro
para o governo que os/as trabalhadores/as, quando organizados e unidos, podem imprimir
vitórias, impedir retrocessos e avançar na luta por direitos.
Olhando mais detidamente a conjuntura local, o ano iniciou com a rebelião nos presídios da
capital, com o saldo de dezenas de mortos, trazendo a tona a podre estrutura do sistema
penal e carcerário brasileiro e amazonense, verdadeiras masmorras. Há também o espantoso
aumento de extermínios e chacinas nas periferias de Manaus e interior, fruto do avanço do
chamado "crime organizado", grupos de extermínio e facções criminosas onde o Estado figura
como principal fomentador e cliente. Nos últimos meses, aprofundou-se a militarização na
capital e de operações de ‘guerra às drogas' nas periferias. O trabalho precarizado e
degradante, a informalidade, a miséria social, o tráfico e abuso de drogas, a carestia de
vida, roubos e assassinados - constantemente explorados na imprensa sensacionalista local,
enfim, todo este cenário de caos social surge como resultado imediato da crise
generalizada e patrocinada pelas elites, pelo corte de direitos e de benefícios sociais,
corte nos postos de trabalho, demissões em massa na ZFM e do desemprego galopante que
viveu o Amazonas: segundo dados do IBGE, em alguns períodos do ano, o desemprego chegou a
atingir seus 70%.
Vimos também as elites locais se digladiarem pela máquina do Estado, a queda do governo de
José Melo (PROS) e Henrique Oliveira (SD) por compra de votos nas eleições de 2014.
Curiosamente, o resultado da farsa eleitoral (depois da novela que se deu no STF em
definir os rumos e desdobramentos políticos locais), foi a vitória de Amazonino Mendes
(PTB), ou seja, a vitória do mesmo grupo e facção política que pertence José Melo -, além
de Bosco Saraiva (PSDB), Arthur Virgílio (PSDB), Omar Aziz (PSD) entre outros bandidos que
lucraram com tal vitória. Ao fim e ao cabo, o teatro das urnas apenas representou a
necessidade de rearticulação das velhas forças políticas no poder capitaneada pela
coligação "Movimento Pela Reconstrução do Amazonas" vinculada a Temer no plano nacional.
Foi nesse cenário complexo e delicado, que modestamente a OEA nasce, com objetivo de se
lançar no trabalho de construção de uma organização anarquista e militante no Amazonas,
esforço que estamos levando a cabo de forma gradual e paciente, pois, como nossos/as
compas dizem: a paciência também deve ser revolucionária. Em poucos meses de existência,
organizamos atividades de cunho público, como a homenagem aos "100 anos da Greve Geral no
Brasil - um Instrumento de Luta Ontem e Hoje" em conjunto com os/as companheiros/as da
Federação Anarquista Cabana (FACA), fortalecendo os vínculos de união e integração entre
os/as anarquistas do Amazonas e do Pará, inaugurando uma etapa importante de construção
não só regional, mas Nacional. Modestamente o Amazonas, depois de profundo refluxo e
problemas conjunturais, ousa se lançar neste necessário e urgente projeto nacional de
construção do anarquismo organizado e militante, tendo a compreensão de que o anarquismo
só tem sua real força e vitalidade, quando inserido nas lutas populares diversas, tendo
suas forças pacientemente organizadas e preparadas.
Além disso, fora feitas articulações com movimentos populares e setores engajados nas
lutas locais, bem como atividades de formação política. Aqui, aproveitamos para agradecer
a cada um dos/as compas que vem somando nesta longa caminhada conosco, cada um/a é
extremamente importante nesta construção, que deve se dar de forma coletiva. As
expectativas para 2018 são as melhores possíveis e reforçamos nossa aposta no trabalho
organizativo e na necessidade de reorganização do Anarquismo no Amazonas para a próxima
conjuntura. Numa palavra: Organização, organização e organização!
A crise brasileira não tem solução à curto prazo e no ano que se aproxima, a classe
dominante continuará preparando armadilhas na intenção de golpear @s de baixo. Esses
mesmos ataques e muitos outros virão à tona. Como temos constantemente afirmado, só será
possível barrar os ataques vindo de cima com a Organização e Luta dos/as oprimidos/as nas
ruas, unindo num feixe de forças as lutas que vem de baixo. Assim, tomaremos em mãos o
futuro que querem nos roubar.
Boas Festas! Por um fim de ano digno para @s de baixo!
Organização Específica Anarquista - AM
Manaus, 20 de Dezembro de 2017.
https://anarquismoam.wordpress.com/2017/12/20/um-2018-de-lutas-e-vitorias-com-s-de-baixo-contra-os-patroes-e-por-fora-do-estado/
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