(pt) federacao anarquista gaucha: A PRISÃO DE LULA E A TRAGÉDIA DA CONCILIAÇÃO: CONTRA O AJUSTE E A REPRESSÃO, SÓ A LUTA POPULAR DECIDE!
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Sexta-Feira, 13 de Abril de 2018 - 07:54:51 CEST
O processo, a condenação e a então prisão de Lula se insere em um marco de acirramento da
perseguição, repressão e judicialização da política, sobretudo a partir do golpe
jurídico/midiático/parlamentar de 2016. Não há dúvidas sobre a parcialidade desse
processo, tampouco da celeridade de seu trâmite e do rigor da pena. Certamente se abrirão
precedentes para sufocar com muito mais força o povo pobre, negro e periférico, que já é
"sujeito preferencial" do sistema judiciário e seus rotineiros tribunais de excessão. Não
nos enganemos: tal cenário de avanço do Estado Policial de Ajuste que hoje toca a Lula e
ao PT faz mira em todo conjunto da esquerda e do andar de baixo da sociedade como
testemunhamos na intervenção militar do Rio e seus desdobramentos.
Considerando todas as diferenças políticas que nos separam e o antagonismo dos projetos
que militamos - em especial, a inegável responsabilidade do PT em relação a esse cenário
de recrudescimento repressivo resultante das políticas de conciliação de classes com a
burguesa nacional, o sistema financeiro e os oligopólios da grande mídia - entendemos que
não há nada a comemorar com a prisão de Lula. Ao contrário, lamentamos esse trágico
episódio, que tem como pano de fundo o enterro de sonhos e esperanças de boa parte do povo
brasileiro que acreditou e ajudou a construir um projeto de governo baseado nos anseios de
uma geração marcada pelas auguras da ditadura militar.
A falsa dicotomia "Lula preso x Lula candidato" aponta, no fundo, para o resgate ou o
enterro de um imaginário passado, de retorno ao período em que a democracia liberal
burguesa mantinha a rédea da opressão cotidiana sobre o povo um pouco mais solta.
Ao direito de Lula ser candidato, que reclama nessa hora o reformismo, nós afirmamos o
direito do povo tomar decisões programáticas sobre os problemas fundamentais que o atingem
como maioria oprimida. A afirmação desse programa não tem canal de realização pelas
eleições. O vetor de força social e construção de poder popular não é a democracia
burguesa e o seu jogo eleitoral que anula a mudança estrutural sobre a concentração da
riqueza e do poder.
Não haverá caminho fácil e rápido para abrir uma saída popular sem uma linha forte que
alcance organizar e dar expressão política para os setores oprimidos, que historicamente
são categorizados como as "classes perigosas" para "a ordem e o progresso".
A cena política brasileira está maculada pela fraude de uma representação que para os
liberais burgueses sempre foi um mecanismo legitimador da usurpação das forças coletivas e
dos bens comuns pela vontade poderosa de minorias. O sistema torce a constituição e o
"estado de direito" quando se trata de defender os interesses das suas classes dominantes.
Eleições não são a via para romper as cadeias da opressão, para o infortúnio do
reformismo. Aí está a história fresca, sujeitando a socos os desavisados e fazendo graça
com os mais incautos.
Os anarquistas dessa organização estarão sempre juntos aos oprimidos quando se trata de
defender diretamente os espaços de liberdade que conquistamos como movimento classista e
popular. A justiça que reclamamos não vem da toga e nem da farda, tampouco será
representada pelos partidos da democracia burguesa. É uma justiça que nos convoca a
autodefesa popular na luta contra os setores econômicos e os bandos de extrema-direita que
o respaldam. A justiça que queremos é justiça social e, portanto, anticapitalista e
antiautoritária.
Uma solução popular não será representada por juízes, milicos ou pelas urnas. A saída
popular será pelejada nas ruas e com o fortalecimento das organizações de base do
movimento popular. Defendemos, hoje e sempre, que os direitos que foram conquistados pela
árdua luta do povo oprimido e não presenteados por políticos de plantão. Foram as lutas
sociais, os sonhos coletivos, as resistências, os rebeldes de todos os tempos, que
arrancaram os espaços mais ou menos limitados de liberdades públicas, melhorias econômicas
e direitos individuais que estão sendo arrasados pela ofensiva burguesa, colonial e machista.
Sempre seremos e somos partidários da defesa de cada palmo de liberdades e direitos
sociais que foram arrancados por conquista do movimento popular e da luta de classes. Nada
subsitui a mobilização de massas polarizada em uma frente dos oprimidos para resistência
ao Estado policial de Ajuste. Em abril, a indignação e a memória do assassinato de
Marielle Franco tem que tomar as ruas e ganhar o passo firme da luta antirepressiva e
antiajuste que só as classes oprimidas podem dar com consequência, por sua própria luta,
por sua própria obra. Não se ajusta quem peleia!
Liberdade e justiça social não se mendiga, se conquista na luta!
Contra a intervenção militar!
Contra o ajuste e a repressão!
https://federacaoanarquistagaucha.wordpress.com/2018/04/09/a-prisao-de-lula-e-a-tragedia-da-conciliacao-contra-o-ajuste-e-a-repressao-so-a-luta-popular-decide/
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