(pt) [Curdistão] A resistência não terminou - Carta aberta depois do #WorldAfrinDay By A.N.A.
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Quinta-Feira, 5 de Abril de 2018 - 07:08:59 CEST
"Nós, que trabalhamos aqui em Rojava como internacionais, somos parte da luta mundial dos
oprimidos contra o reino do Estado, do capital e do patriarcado." ---- - sehid Hêlîn
Qercox ---- O #WorldAfrinDay foi um exemplo histórico de resistência e solidariedade
internacional. Milhares de pessoas tomaram as ruas e se levantaram contra esta guerra,
apoiando a resistência e os valores desta revolução. A solidariedade procedente de mais de
50 cidades de todo o mundo demonstrou quão importante é o que está acontecendo aqui para
as pessoas. Novos grupos e novas pessoas estão organizando sua solidariedade, participando
e defendendo a revolução. Desde o Canadá até a Austrália, desde o México até o Japão, o
mundo demostrou que Afrin não está só. ---- Durante dois meses, as bombas do exército
turco estiveram caindo e matando civis em Afrin. Durante estes mesmos dois meses, houve
ações mundiais contra esta ocupação. E continuarão. Afrin, como o cantão ocidental da
Federação Democrática do Norte da Síria, será defendida como o farol da esperança em que
se transformou, como a fonte de inspiração que é. A democracia de baixo para cima, com
mulheres na vanguarda da construção da ecologia social, é o que o sistema capitalista
tenta manter fechado, afirmando que "não há alternativa", que a utopia não é possível. Mas
aqui aprendemos que outro mundo não só é possível, mas que é necessário, e só depende de
quanto acreditemos nele, de quão determinados estamos em tornar realidade esta utopia.
Afrin se encontra agora sob a ocupação do exército turco. Depois destes meses de
resistência, ao ver que as forças de ocupação entram na cidade pode parecer que a utopia
se dispersa uma vez mais; mas ninguém disse que a revolução chegaria facilmente. Era algo
que só havíamos imaginado antes de vir a Rojava e presenciar com nossos próprios olhos o
que está acontecendo aqui. Hoje, aqui, assumimos vários séculos de sistema capitalista e
do modelo de estado-nação. Estamos desafiando milhares de anos de opressão patriarcal e
poder de governo masculino. Estamos desafiando a essência de como a sociedade mesma é
percebida e organizada.
Mas hoje também devemos examinar a nós mesmos e avaliar o que temos feito. Como comuna
internacionalista, não conseguimos desenvolver todo o potencial que a solidariedade
internacional pode significar para esta revolução. Não pudemos seguir todas as iniciativas
e ações que diferentes pessoas compartilharam conosco, não pudemos dar nossas perspectivas
e respostas a todas as ideias e propostas que nos apresentaram. Não pudemos dar a resposta
correta aos ataques que nos feriram. Não pudemos entender as dimensões reais da revolução
que está ocorrendo aqui e a importância de defender o que hoje se está desenvolvendo.
Mas refletiremos sobre isso e aprenderemos de nossos erros. Quando volte a produzir-se o
próximo ataque dos poderes governantes, seremos mais sábios e mais experimentados, e mais
capazes de defender-nos a nós mesmos e as pessoas que nos rodeiam. Sabemos que isto pode
acontecer a qualquer momento, talvez amanhã, e sabemos que não podemos fazê-lo sós.
Necessitamos ser capazes de ver as ameaças antes de que sejam demasiado grandes para
superá-las. Necessitamos ter uma análise melhor e mais profunda da situação na qual nos
encontramos. Necessitamos toda a esperança e a solidariedade internacional que esta
revolução está suscitando nos corações das pessoas. E é por isso que os convidamos a vir aqui.
Venha ver com seus próprios olhos o que está acontecendo aqui. Venha com uma mente e
coração abertos, prontos para desafiar o que acreditas que a humanidade pode conseguir.
Venha aprender, apoiar e organizar esta revolução. Venha e ajude-nos a criar o movimento
internacional que possa mudar a deriva capitalista que a humanidade está sofrendo.
Mas se não podes vir, no entanto há mil formas que possas contribuir com esta resistência.
Necessitamos pensar como podemos fazer que esta revolução seja exitosa, e que se possa
fazer em cada lugar para conseguir este objetivo. Como internacionalistas, devemos ser
capazes de atuar e interatuar com a sociedade na qual nos encontramos. Necessitamos
aprender dos movimentos passados e analisar quais são as melhores formas de enfrentar a
opressão. Da mobilização massiva à desobediência civil. Das manifestações de solidariedade
às ações diretas. Ontem mostramos ao mundo que juntos somos fortes. Mas a situação em
Afrin hoje nos mostrou que isto não é suficiente. Por isso, agora temos que abrir um
debate global sobre qual deveria ser o próximo passo a dar.
Esta carta aberta é uma chamada a todas as pessoas e grupos que tiveram um papel ativo no
#WorldAfrinDay, e também a outras iniciativas em solidariedade com a resistência de Afrin.
Queremos abrir um debate público. Esperamos suas respostas, suas ideias, suas propostas.
Também solicitamos seu apoio para difundir e traduzir esta carta; podes encontrar nosso
correio eletrônico em nosso sítio web.
Comuna Internacionalista de Rojava
25/03/2018
internationalistcommune.com
Tradução > Sol de Abril
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