(pt) CALC: 100 ANOS DA GREVE GERAL DE 1917 - Texto retirado do Jornal NO BATENTE 7
a-infos-pt ainfos.ca
a-infos-pt ainfos.ca
Domingo, 29 de Outubro de 2017 - 10:16:57 CET
No ano em que comemoramos 100 anos de um dos mais emblemáticos episódios de luta da classe
oprimida no Brasil também sofremos a perda de vários direitos conquistados naquele
período. Por isso é necessário rever seus acontecimentos e utilizar da experiência
acumulada para fermentar as lutas que travamos hoje e no futuro. ---- Contexto histórico
---- Eram tempos difíceis. Entre 1914 e 1917 o Brasil passou a ser um grande exportador de
matéria prima e mercadorias devido à 1ª Guerra Mundial. Com o aumento da demanda na
indústria e para obter altos lucros os empresários condenavam as trabalhadoras e
trabalhadores a jornadas de trabalho de até 16 horas por dia, incluindo os domingos até o
meio-dia, com salários de miséria. Os filhos dos operários de cinco a oito anos também
trabalhavam nas fábricas, sofriam com mutilações nas máquinas e com jornadas noturnas.
Nesse cenário começaram a surgir ligas de trabalhadores e sindicatos, em grande parte
vinculada a centros culturais e ateneus de presença e influência anarquista. A Greve Geral
não aconteceu de forma espontânea, foi fruto de longo período de preparação e
auto-organização, partindo dos acúmulos da grande greve de 1903. A pauta da Greve Geral
apareceu no 1º Congresso Operário Brasileiro em 1906 e no 2º Congresso em 1913.
As reivindicações eram estabelecidas de acordo com as necessidades econômicas e a
organização dos trabalhadores funcionava por meio de assembleias, construindo as decisões
de baixo para cima, sem burocracia sindical e com muita solidariedade. Para atrair mais
gente e formar quem estava na luta eram feitos centros de cultura, bibliotecas populares,
festivais, peças teatrais e jornais.
Naquele período milhares de trabalhadoras e trabalhadores eram anarquistas e o
sindicalismo revolucionário era a estratégia sindical mais forte. A primeira Central
Sindical Brasileira, a COB (Confederação Operária Brasileira), foi fundada em 1906 e era
hegemonicamente Sindicalista Revolucionária.
A Greve Geral no Brasil
A partir de maio de 1917 começam a surgir greves e em junho estouro uma greve das
trabalhadoras da indústria têxtil, em São Paulo. O crescimento do movimento grevista
provocou o combate entre operários e policiais, causando a morte do sapateiro anarquista
José Martinez, o que se tornou a fagulha para iniciar a Greve Geral. A luta, que era mais
especificamente por condições no local de trabalho, logo se espalhou para outras
categorias e estados. Logo mais de 100 mil pessoas participavam e greve ganhou pautas mais
gerais.
As vitórias do movimento foram: 8 horas de trabalho (na maioria das categorias), melhores
condições de trabalho, aumento em 20% nos salários, não demissão dos grevistas, proibição
do trabalho infantil, libertação dos presos durante a greve e defesa dos direitos das
mulheres (que sofriam violência dos patrões e contra-mestres).
A Greve Geral no Paraná
Trabalhadoras e trabalhadores paranaenses foram delegados nos Congressos Operários
Brasileiros que antecederam a greve e também organizaram um congresso estadual.
Em Curitiba, desde o início do século XX, já havia a presença de entidades como a
Federação Operária Paranaense e a Liga dos Sapateiros de Curitiba, que eram importantes
espaços de organização da classe trabalhadora. Em julho de 1917 explodiu a greve na
cidade, marcada pela Ação Direta: trabalhadores cortaram a energia elétrica na cidade e
derrubaram pontes para evitar a passagem de veículos e mercadorias. A repressão resultou
em prisões, desaparecimentos e a tentativa, por parte do governo e dos empresários, de
apagar qualquer vestígio que provasse a existência da Greve, porém, a classe oprimida venceu.
Lições para o presente
Passados 100 anos a Greve Geral segue sendo exemplo de luta e organização. Seu marcante
caráter de base, calcado na solidariedade e na ação direta garantiram que hoje tivéssemos
os direitos que agora estão sendo severamente atacados.
Que possamos nos inspirar na luta histórica das trabalhadoras e trabalhadores por uma
sociedade livre, justa, solidária e igualitária, fazendo frente aos muitos ataques que
sofremos no presente.
Não está morto quem peleia!
Viva a Greve Geral de 1917!
Viva o Sindicalismo Revolucionário!
https://anarquismopr.org/2017/10/23/100-anos-da-greve-geral-de-1917/
Mais informações acerca da lista A-infos-pt