(pt) uniao anarquista UNIPA: A GREVE GERAL DO DIA 28 A: Ampliar a Autodefesa das Trabalhadoras e Trabalhadores contra as reformais neoliberais e a Tirania do Estado!
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Segunda-Feira, 29 de Maio de 2017 - 07:46:28 CEST
Repressão militar ao protesto da greve geral, 28-A, RJ ---- Comunicado nº 53 da União
Popular Anarquista - UNIPA, ---- Maio de 2017. ---- [BAIXAR PDF] ---- A greve geral do
dia 28 de abril de 2017, o 28-A, foi novamente um dia fundamental para a classe
trabalhadora. Novamente a ação direta das massas foi fundamental para o sucesso das
paralisações. A greve teve um grande poder de pressão e contou com apoio popular, que se
não se efetivou em greve de diversas categorias, como asseio e conservação e comerciários,
se deu muito mais pela letargia e amarras da burocracia sindical do que pela vontade das
trabalhadoras e trabalhadores. ---- A ação direta através de bloqueios, piquetes e
barricadas foram fundamentais para que o patronato e o capital fossem afetados pela força
coletiva da classe trabalhadora. Por outro lado, todo o poder da base das trabalhadoras e
trabalhadores ainda não foi capaz de vencer as burocracias sindicais e as reformas
neoliberais do governo Temer que assumiu definitivamente o terrorismo de Estado para
tentar conter a luta social. Ainda assim, diante dessas contradições, temos todo um
esforço do reformismo para manter a ordem e a institucionalidade, ou seja, há todo um
esforço para manutenção da democracia burguesia, de um pacto republicano e estabilização
do regime.
A tendência que se consolida, após esse dia 28 de abril, é que o PMDB, o PSDB e a
burguesia que pretende aumentar a superexploração sobre as trabalhadoras e trabalhadores e
para isso vão responder o movimento de massas com repressão e terrorismo de Estado, com
avanço de uma violência sistemática e cada vez mais abrangente, atingindo praticamente
todas as frações da classe trabalhadora. Aquelas categorias que fechavam os olhos para
violência contra o povo negro e a retirada de direitos de outros trabalhadores, nem isso
mais podem fazer.
A TIRANIA DO ESTADO E A CONSOLIDAÇÃO DO ESTADO DE EXCEÇÃO
A tirania, o terrorismo de estado foi a forma que o Estado resolveu conter o movimento de
massa contra as reformas neoliberais do governo Temer. Nos Comunicados nº 46 e nº 47
havíamos indicados que a vitória do bloco burguês-conservador levaria a uma política de
ajuste fiscal e aprofundamento da repressão bem como uma ação no marco da legalidade
burguesa impetrado pelo bloco socialdemocrata, esse mesmo bloco que centralizou e
organizou toda repressão estatal nos últimos 13 anos, com aumento do Estado Penal e
Policial, que sempre foi visível nas favelas e periferias e no campo.
O recrudescimento também pode ser visto pelos massacres no campo, como recentemente no
Mato Grosso, Pará e Maranhão; pela caçada administrativa de trabalhadores do serviço
público e pela criminalização dentro da própria estrutura do Estado, como no caso da CPI
da FUNAI, que envolve inclusive a criminalização de procuradores da república. Dentro do
aumento da violência sistemática, temos a condenação do Rafael Braga como um recado para o
proletariado marginal das periferias e favelas que se insurgiram em 2013 e na greve negra
dos garis de 2014.
No dia 28-A vimos a militarização e o uso indiscriminado da violência com clara orientação
para matar, como foi no caso de Mateus (GO), da estudante que levou um tiro de bala de
borracha na boca em MG e da caçada no Rio de Janeiro. Importante lembrar, que ação da PM
contra Mateus aconteceu depois de uma delação da CUT, que provocou a ação da PM contra os
manifestantes do Bloco Autônomo em Goiânia.
No Rio de Janeiro, a Polícia atacou a multidão na ALERJ, por volta das 16h, com a intenção
de matar: seja através de tiros na direção da cabeça, ou com uma guerra química provocada
por uma grande quantidade de bombas de gás lacrimogênio, proibido em guerras
convencionais. A ordem era simplesmente impedir a manifestação. A PM atacou os
manifestantes enquanto esses se dirigiam para Candelária, região central do Rio de
Janeiro, onde fariam um protesto contra o genocídio do povo negro. Dessa maneira, coube
aos manifestantes resistirem para garantir que o que sobrou da marcha chegasse a
Candelária e depois Cinelândia. Dessa maneira, os manifestantes começaram a resistir à
ação policial. Barricadas foram montadas. E mesmo assim uma parte da marcha prosseguiu em
direção a Candelária e outra parte foi dispersada. Assim, começou a caçada da PM e as
tentativas de assassinato de manifestantes com tiros e lançamentos de bombas de efeito
moral e de gás lacrimogênio. Na candelária novamente um grande ataque químico e com balas
de borrachas que desfez a marcha e fez com que as trabalhadoras, trabalhadores e
estudantes se dispersassem pelo centro do Rio. E diante da caçada e da covardia policial
coube aos manifestantes a resistência. Essa resistência retardou a chegada da polícia a
Cinelândia, uma vez que enquanto a resistência retardava a Polícia, os manifestantes se
reagrupavam.
Mesmo o "Ato Show" das Centrais Sindicais com um palanque na Cinelândia foi atacado. Mesmo
diante do ataque na ALERJ, Candelária e Rio Branco a programação do show prosseguia como
se estivesse tudo normal. Mesmo ouvindo o barulho de bombas e helicópteros, tudo
permanecia como se tivessem imunidade a ação policial. Mesmo assim, deputados e burocratas
fizeram apelos patéticos a polícia, que demonstrou toda a política de estado: a tirania.
Como já ocorrera desde 2013, a PM atirou em bares e restaurantes, pessoas foram atingidas
em locais fechado. A violência foi indiscriminada, e sua escalada só vem aumentado. O
terrorismo de Estado está se ampliando para além das favelas, periferias e do campo. Não
existe mais uma parcela da classe trabalhadora que não será atingida
A tentativa de manter as ilusões institucionais e da legalidade burguesa e por isso manter
a retórica do vandalismo diante da caçada e do terrorismo do Estado é adotar uma atitude
delatora, criminosa e covarde. A pequena burguesia de esquerda prefere manter sua
legalidade e pequenos benefícios, cada vez menores, do que combater integralmente as
reformas neoliberais, o genocídio do povo negro, os assassinatos no campo e a tirania estatal.
A LUTA CONTRA O SINDICALISMO DE ESTADO E SOCIALDEMOCRATA
Desde o final do ano passado, a dinâmica BASE contra Direção vem se impondo, e desde então
ocorre uma luta entre uma efetiva radicalização da luta contra as reformas neoliberais e
um controle destas com intenções eleitorais para 2018.
O ato do dia 29 de novembro de 2016 contra a aprovação da PEC 55 (ex-PEC 241), em
Brasília, assumiu o caráter de uma rebelião estudantil violenta, onde ficou claro que a
UNE não tinha o controle completo do movimento, e então o reformismo do PT/PCdoB e suas
organizações rapidamente desmobilizaram as ocupações e caravanas à Brasília em 13 de
dezembro, que participaria do protesto contra o segundo turno da votação da PEC 241/55
(que congelou os gastos com públicos por 20 anos).
Novas mobilizações só vieram a ocorrer no dia 8M e 15M, ganhando novamente contornos de
ação direta e construção pela base, saindo do controle das centrais e partidos políticos
reformistas. A greve geral, entoada pela massa desde junho de 2013, só foi marcada para o
dia de 28 de abril, uma sexta feira, na véspera de feriado.
A "greve geral" do 28-A tinha todos elementos de mais um blefe das centrais sindicais e do
sindicalismo de estado e socialdemocrata. Uma greve domesticada. A contradição entre a
luta dos trabalhadores e trabalhadoras na base contra as direções das centrais, sindicatos
e partidos também aconteceu na construção do 28-A. Marcado inicialmente para se manter
dentro da legalidade e institucionalidade burguesa, foi tomando corpo na medida em que
diferentes grupos autônomos, marxistas revolucionários, anarquistas e sindicalistas
revolucionários passaram a atuar de forma que as categorias, ativistas e trabalhadores em
geral se mobilizasse paras as atividades do dia.
As centrais marcaram um dia de greve, e no caso do Rio de Janeiro, um ato-show no final da
tarde do dia 28. Atuação do FOB na base do SEPE foi fundamental para que uma marcha
contras reformas fosse aprovada, denunciando a política de ato show e o que levou que
diversas categorias aderissem à proposta de uma Marcha no centro do RJ, sendo que a
proposta original seria concentração na Candelária e término na ALERJ, centro de poder e
local onde se vem tentando desde 2016 implementar as políticas de austeridade que Temer
quer aprovar a nível nacional.
Dessa maneira, os diferentes grupos passaram a atuar para construção efetiva do dia 28-A,
promovendo a organização dos piquetes e bloqueios de rodovia e sistema de transporte
paralisando a circulação. Setores do reformismo tiveram que abandonar sua passividade,
surgindo assim um reformismo combativo na jornada do dia 28-A. Dessa maneira, o que seria
um blefe ou uma ação domesticada, se transformou numa efetiva paralisação da economia
nacional. Gerando um prejuízo de mais 5 bilhões de reais à burguesia. No caso do RJ, antes
de ir para a Marcha a tarde na ALERJ, diversas categorias participaram de uma madrugada e
manhã de bloqueios de rodovias, pontes, terminais de ônibus, barcas e aeroportos e
trancamento de ruas e rodovias.
A LUTA CONTRA A BURGUESIA, O ESTADO E O REFORMISMO
Com o 28-A se agudiza duas contradições importantes que já havíamos observados nos
Comunicados nº 46 e nº 47: 1) a luta contra a burguesia, o terrorismo de Estado, o PMDB e
as reformas neoliberais; 2) a luta contra a burocracia sindical e o reformismo.
Temos assim, com a radicalização da luta de classe a confirmação de um cenário cada vez
mais certo de estado de exceção. O bloco burguês-conservador resolveu caminhar para um
recrudescimento das políticas neoliberais que significará o empobrecimento e a perca de
direitos do povo brasileiro. Para isso, aumenta a escalada de violência e a generalização
do terrorismo de Estado, ao mesmo tempo em que o bloco socialdemocrata tenta manter os
protestos dentro da legalidade e sabotar a agitação de massas, se posicionando ainda como
um partido da ordem. Surgindo setores combativos dentro desse bloco, liderado pelo PT e
PCdoB através das suas frentes: Povo Sem Medo e Brasil Popular. Não por acaso a reunião
das centrais logo após o 28-A e o primeiro de maio definiu uma "ocupação" domesticada, sem
greves e paralisações, em Brasília, e negociação com parlamentares e forças policiais.
Substituindo a ação direta e toda luta coletiva dos trabalhadores pela negociação burguesa
nos gabinetes da Esplanada dos Ministérios.
Enquanto o bloco socialdemocrata anuncia que tomou um golpe e negocia com os golpistas, a
classe trabalhadora resolveu que o golpe nos seus direitos se conquista com a greve geral,
com ação direta da classe. A estratégia do bloco socialdemocrata, mesmo diante do
terrorismo de estado e do Estado Exceção, alimentando por eles durante mais de uma década,
é garantir a legalidade burguesa para as disputas eleitoras, promovendo greves que não
tenha nenhum impacto real na acumulação de capital no Brasil. E depois dirão que greve
geral foi "sem efeito", que as massas não estão "preparadas". Essa estratégia derrotista é
uma estratégia oportunista, visa apenas preservar a burocracia sindical e realizar o
trabalho de apoio a campanha "Lula 2018".
A classe trabalhadora e o bloco autônomo, composto por sindicalistas, marxistas e
anarquistas revolucionários, necessitam aprofundar o trabalho organizativo contra a
burocracia sindical, contra o espontaneísmo e contra o individualismo. Organizar a
autodefesa de massas em cada local de estudo, moradia e trabalho de modo que seja
generalizado. Se preparar cada vez mais para o recrudescimento da repressão e ampliação de
um estado de exceção, que não necessariamente seja uma "ditadura militar" clássica.
Além disso, é preciso combater o terrorismo de estado e as reformas neoliberais. Por isso
dizemos: é hora de construir uma greve geral por tempo indeterminado. Parar a produção nas
fábricas, parar as escolas, parar a produção no campo, parar os portos, rodovias e
aeroportos. É hora de parar os transportes, as universidades, as escolas. É hora de ocupar
as ruas, ocupar as assembleias legislativas e expulsar os políticos corruptos do poder.
Diante da crise política na classe dominante, é hora de uma greve geral ofensiva.
A função dos anarquistas revolucionários hoje é aprofundar o trabalho organizativo e
agitativo. É hora de intensificar a mobilização e não lobbys para convencer parlamentares.
A estratégia da classe é a ação direta. Precisamos intensificar a mobilização. A greve
geral de 28 de abril foi uma greve geral de advertência e organização, ou seja, defensiva.
É preciso realizar outras greves defensivas e de organização nos meses de maio para
culminar com uma grande greve geral ofensiva por tempo indeterminado em junho.
Greve geral pela suspensão e anulação das reformas da previdência, da lei da
terceirização, da reforma do ensino médio e da PEC 55!
Justiça para as Vítimas da Brutalidade Policial!
Pela liberdade de Rafael Braga!!!
Greve Geral pela Base!
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