(pt) [Espanha] O conflito é inevitável; A solidariedade, inquestionável By A.N.A.
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Domingo, 21 de Maio de 2017 - 07:37:26 CEST
Comunicado referente às solicitações de prisão a vários anarcossindicalistas da CNT de
Barcelona ---- Recebemos durante estas últimas semanas as solicitações de acusação
relativas a dois processos penais contra companheiros do nosso sindicato. As notícias não
são boas, já que a procuradoria, novamente, atua como arma política do capitalismo
solicitando duras penas de prisão. ---- O primeiro dos casos é do Casino de Poble Nou. Nas
vésperas das eleições municipais em 2015 aconteceu uma greve frente ao Casino de Poble
Nou, onde se estava realizando um debate eleitoral com os candidatos à prefeitura de
Barcelona. Entre estas pessoas estava Xavier Trias, um dos responsáveis da transferência
ilegal de trabalhadores informáticos da Generalitat a empresas como IECISA (Informática El
Corte Inglês SA). O piquete da CNT tentava visibilizar a irresponsabilidade da Generalitat
da Catalunha ao violar a sentença favorável aos trabalhadores, os quais estavam sendo
afastados dos seus postos de trabalho mesmo depois de um juiz ter dado razão e determinado
que deveriam ser contratados diretamente pela própria Generalitat. Durante o transcurso do
ato, o piquete foi atacado por indivíduos, que posteriormente descobrimos que eram Guardas
Urbanos vestidos à paisana. Como resposta, ocorreu um corte de energia do debate
eleitoral, assim que ficaram vários minutos sem transmissão televisiva. O resultado de
tudo isto foi a acusação a dois companheiros, por diferentes delitos; agravado de atentado
contra a autoridade e delito de alteração do ato eleitoral.
Resumindo, a um dos companheiros a solicitação é de 2 anos e 4 meses de prisão e o
pagamento de 5.000 euros de responsabilidade civil. Ao outro companheiro pedem 6 meses de
prisão. Além disso, a Guarda Urbana faz a sua própria acusação e pede 4 anos de prisão e
21.000 euros de responsabilidade civil. E para conclusão, tudo aponta que a Câmara
Municipal de Barcelona faça também a sua acusação, lado a lado com a Guarda Urbana quando
se trata de reprimir trabalhadores em luta.
O outro caso é do Corte Inglês. No final de 2015 houve uma campanha de boicote a esta
empresa para denunciar a sua participação em processos penais contra grevistas do 29M,
assim como dar visibilidade à política de medo e repressão frente às suas próprias
trabalhadoras, aos inúmeros caso de machismo empresarial e as ligações entra esta empresa
e os altos cargos políticos, policiais, judiciais e eclesiásticos. Esta campanha teve como
consequência a detenção de 3 companheiros e a sua posterior acusação por delito de coação
e obstrução à justiça. A solicitação da acusação contra estes companheiros ascende a 5
anos de prisão e 6.500 euros de multa a cada um.
Ambos os casos não são mais que exemplos do que tristemente se vem passando há vários
anos: o agravamento brutal da perseguição contra os sindicalistas e os trabalhadores em
luta. E não se tratam de casos isolados. A raiz da sucessão de greves gerais que começaram
em 2011, mostram-nos centenas de trabalhadores vítimas de represálias em protestos e
conflitos sindicais. Alguns meios de comunicação falam da maior ofensiva contra o
sindicalismo desde os tempos da ditadura. Praticamente todos os confli tos laborais, dos
que se realizam mais além dos estritamente legais, acabam com acusações penais e alguns
com condenações bem firmes: greves gerais, greves mineira, conflito com a Coca Cola,
trabalhadores e estudantes da UAB, trabalhadores de Arcelor, mineiros da Zarreu, montagem
do 14N em Logroño, sindicalistas do AirBus, jornaleiros andaluzes... A lista é interminável.
Sob o nosso ponto de vista este endurecimento da repressão não é casual. Trata-se de uma
manobra política para acabar de vez com o pouco que resta. Faz algum tempo que temos
ouvido vozes a partir dos gabinetes das empresas gritando por uma regulação estrita para
as lutas laborais, através, principalmente, de limitar o direito de greve, mas também
limitando e inclusive impossibilitando às lutas coletivas nos centros de trabalho, os
piquetes e a ação direta. E esta situação que se vive no contexto l aboral é equivalente a
uma versão no âmbito sociopolítico:para o Estado, através de polícias, fiscais e juízes, o
sindicalismo é coação e os movimentos políticos e sociais são terrorismo.
Não vamos cair na armadilha de nos declarar inocentes por qualquer preço. Reconhecemos o
conflito e negamos uma ideia de sindicalismo canalizada para a única opção dos tribunais.
A luta obreira nunca se limitou a denunciar e não podemos permitir que se converta nisso
mesmo, mais ainda em um momento como o atual, em que cada vez temos menos garantias: leis
mais rigorosas, menos direitos e sentenças mais desfavoráveis. Há uns meses atrás
recebíamos a noticia de que um tribunal tinha permitido a contrataç&a tilde;o de empresas
externas para os serviços que deixam de prestar uma greve. Com exemplos assim, como
podemos nos permitir mudar a luta nas ruas e nos postos de trabalho pelos tribunais?
Dissemos muitas vezes que perante a repressão só vale seguir lutando. Recusamo-nos a ficar
calados face aos despedimentos e sanções. Recusamo-nos a olhar para o outro lado face à
precariedade, os contratos temporários e os salários miseráveis. Recusamo-nos a consentir
o assédio laboral ou as discriminações de gênero, raça ou orientação sexual. Muito mais
que a prisão, assusta-nos a condenação a uma vida de submissão e miséria.
Por tudo isto e através deste comunicado pedimos que se mostrem solidários com os
trabalhadores represaliados, que difundam o caso para que mais gente seja consciente de
que isto é um ataque contra todos e todas, que apoiem os mobilizações que se convoquem...
Mas sobretudo, que se organizem, que alimentem o movimento obreiro nos postos de trabalho,
nos bairros e nos povoados. Eles têm as prisões, polícias, fiscais, políticos, juízes...
Mas nós somos muito mais, e sempre seremos muitos mais.
Liberdade anarcossindicalistas represaliados.
#solidaridadincuestionable
CNT Barcelona
Fonte:
http://cntbarcelona.org/cast-el-conflicto-es-ineludible-la-solidaridad-incuestionable-comunicado-frente-a-las-peticiones-de-prision-a-varios-anarcosindicalistas-de-la-cnt-de-barcelona/
Tradução > Joana Caetano
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