(pt) Comunicado nº 55 da União Popular Anarquista - UNIPA: Rumo a Greve Geral Insurrecional: Derrubar Temer, o Congresso Nacional e construir o Congresso do Povo
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Quinta-Feira, 8 de Junho de 2017 - 06:53:59 CEST
"Quando as greves ampliam-se, comunicam-se pouco a pouco, é que elas estão bem perto de se
tornar uma greve geral; e uma greve geral, com as ideias de liberação que reinam hoje no
proletariado, só pode resultar em um grande cataclismo que provocaria uma mudança radical
na sociedade. Ainda não estamos nesse ponto, sem dúvida, mas tudo nos leva a isso." ----
Mikhail Bakunin ---- Ocupa Brasília, 24 de maio ---- 1 - DO 28-A AO 24-M: O ASCENSO DA
LUTA DE CLASSES NO BRASIL ---- Os dias 28 de Abril, dia da Greve Geral contra as Reformas,
e 24 de Maio, do ato Ocupa Brasília, marcam a entrada no Brasil num novo ciclo da luta de
classes. Saudamos a combatividade da classe trabalhadora e de todos os setores que tem se
lançado a luta. Nos somamos as fileiras de todos os lutadores sinceros de todas as forças
políticas e ideologias socialistas que estão na rua derramando seu sangue contra as reformas.
Lembramos também que a o ascenso de 2017 só foi tornado possível graças as Jornadas de
Junho de 2013. As Jornadas de Junho criaram a autodefesa de massas, e a insubordinação
frente à burocracia sindical. Em J13 ressurgiu no imaginário das massas a Greve Geral e o
"Ocupa", como tática de ação direta de classe. A Greve Geral do 28-A e o Ocupa Brasília
são o verdadeiro legado das Jornadas de Junho tomando forma.
Mas é preciso uma análise séria da dinâmica do processo de acirramento da luta de classes.
Por um lado, a burguesia radicaliza seus ataques e movimentos de expropriação, por meio
das reformas. Ainda no plano das elites, a crise do bloco do poder se ampliou, criando as
condições para que a própria burguesia exigisse a saída de Temer, depois da denúncia da
JBS. A crise interna na burguesia é um fator fundamental. Ela tende a paralisar ou
diminuir a capacidade de repressão e reação articulada. Quando essa crise de direção na
burguesia for superada, ela tende a intensificar a repressão. Desse modo, o ciclo
ascendente de lutas deve preparar para uma mudança de cenário em razão da resolução da
crise burguesa.
Por outro lado, a classe trabalhadora entrou num ciclo ascendente de mobilização, adotou
táticas de autodefesa e uma postura ofensiva contra o governo Temer. A greve geral e o
ocupa Brasília marcam a mudança na disposição média de ação da classe trabalhadora
brasileira. A necessidade objetiva de resistência tem obrigado a burocracia sindical a se
mover.
Porém fica claro que essa movimentação ainda é ou incoerente, ou planejadamente
direcionada ao enfraquecimento da ação direta de classe. Basta ver que a Greve Geral foi
convocada com grande atraso, e ainda assim, as centrais sindicais tentaram evitar por
todos os meios que ela se radicalizasse. Fracassaram. Chamaram o "Ocupa Brasília" de forma
atabalhoada, praticamente, sem tempo de preparação. Ainda assim, mais de 200 mil pessoas
foram à Brasília marchar contra as reformas. Um grande combate se seguiu, e somente a
CONLUTAS, dentre as centrais, adotou uma postura ofensiva (depois de anos mergulhada no
oportunismo e na prática conciliadora), agindo para romper o bloqueio da polícia. Foram os
setores anarquistas e libertários que, principalmente, realizaram a resistência ao longo
do ato.
Apesar de heroica, e de importante ginástica revolucionária, o Ocupa Brasília ainda não
cumpriu nossos objetivos: parar as reformas. Isso porque as principais táticas de luta
foram usadas de forma dispersa, e não concentrada, enfraquecendo o ataque: em abril
tivemos a greve geral sem o Ocupa Brasília; em maio o Ocupa Brasília sem a greve geral.
Apostamos que é na combinação de uma Greve Geral com o Ocupa Brasília que teremos criado
condições para uma real vitória, um golpe duro na reação burguesa. Devemos agora ir rumo a
uma greve geral insurrecional, uma greve com um grande levante popular em centenas de
cidades e na capital federal e que ocupe os centros de poder, e paralise as instituições.
2 - FORA TEMER: TODO PODER A UM CONGRESSO DO POVO TRABALHADOR E EXPLORADO!
Ocupa Brasília, 24 de maio
Hoje, paradoxalmente, setores da burguesia e da classe trabalhadora tem um mesmo objetivo
tático (derrubar Temer), mas com diferentes objetivos estratégicos: a burguesia quer
derrubar Temer para acelerar ainda mais as reformas e o proletariado quer derrubar Temer
para parar e anular as reformas. Quem terá a palavra final?
Não podemos ter ilusões. Os Partidos de Esquerda e Centrais Sindicais defendem as eleições
diretas (com exceção do PSTU/CONLUTAS, que por sua vez tem uma palavra de ordem evasiva,
"Fora Todos"). Enquanto a solução burguesa aponta para as eleições indiretas, a solução
reformista majoritária aponta para a campanha "Diretas Já". Essas políticas, na realidade,
apontam para uma revitalização do sistema de democracia burguesa representativa, um pacto
pacifico e republicano no momento de sua mais aguda crise e desmoralização.
Objetivamente, a campanha "Diretas Já" dá um novo folego ao lulismo. Do ponto de vista do
PSOL, por exemplo, a defesa das "Diretas Já" não tem nenhum efeito prático. Não há uma
candidatura reformista alternativa, agem por mero principismo do sufrágio universal
burguês. A renovação do lulismo é uma campanha de rearticulação do reformismo com a
burguesia, uma vez que a primeira condição para o retorno do PT ao bloco no poder seria a
desarticulação da resistência de massas e um trabalho policial de repressão aos setores
combativos; é preciso atenção a este setor, tal qual a afirmação do ex-ministro Gilberto
Carvalho que ameaçou um "acerto de contas" aos black blocs, uma fala de um alto escalão
para uma prática já existente em diversos estados tende a potencializar a criminalização
interna. A renovação do lulismo é ao mesmo tempo, delegar, mais uma vez, ao PT, a função
de realizar os objetivos históricos de reformas populares no capitalismo brasileiro, coisa
que o PT não fez em quase 16 anos no poder. As eleições diretas são, assim, uma espécie de
declaração de incapacidade: o PT é incapaz de agir por fora da institucionalidade burguesa
e os demais partidos são incapazes de agir para além do definido pelo PT.
Mas a greve geral, mesmo insurrecional, se derrubar o Governo, pode servir então, ou para
alimentar a política de Diretas Já (o que no médio prazo irá desarticular as forças
sociais que produziram o acirramento da luta de classes), ou, sem uma estratégia
organizacional, acelerar a reunificação da burguesia, acelerando assim a repressão e os
ataques contra a classe trabalhadora e suas minorias ativas.
Por isso, além da greve geral, além do Fora Temer, é preciso avançar na organização e
construção do poder popular. Por isso é hora de levar a proposta de convocação de um
Congresso do Povo. O Congresso do Povo, assim como os Sovietes russos, a Comuna de Paris,
os Cordões Industriais chilenos é expressão do poder popular. Devemos expressar a ruptura
com a democracia burguesa ao criar um órgão de autogoverno. Esse Congresso do Povo não irá
realizar a tomada do poder, sabemos disso. Mas ele irá educar e exercitar a classe
trabalhadora para a ruptura com o podre Estado burguês, educar na prática para o autogoverno.
Por isso dizemos: Congresso do Povo Já! Propomos a realização de mais greves gerais. Uma
greve geral em Junho com Ocupa Brasília. Durante o Ocupa Brasília devemos realizar um
Pré-Congresso do Povo! Nem as eleições diretas, nem indiretas, irão solucionar a crise do
ponto de vista proletário. Por isso somente Fora Temer: Todo poder ao Congresso do Povo!
Ocupa Brasília, 24 de maio
Que a classe trabalhadora exija:
Renúncia imediata do Governo Temer;
Anulação das reformas de previdência, trabalhista, PEC 241, lei da terceirização e pacotes
estaduais de austeridade fiscal;
Para isso propomos:
Greve Geral por Tempo Indeterminado em Junho;
Organização de Ocupa Brasília II: mais amplo e incisivo;
Realização de um Pré-Congresso do Povo (uma plenária organizativa em Brasília, para
construir um grande congresso de delegados do povo de todas as categorias);
Construir a Unidade Proletária!
Preparar a Insurreição da Classe Trabalhadora!
https://uniaoanarquista.wordpress.com/2017/06/01/rumo-a-greve-geral-insurrecional-derrubar-temer-o-congresso-nacional-e-construir-o-congresso-do-povo/#more-2455
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