(pt) federacao anarquista gaucha FAG (CAB): Democracia direta já! Barrar as reformas nas ruas e construir o Poder Popular!
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Quinta-Feira, 1 de Junho de 2017 - 09:32:09 CEST
O Brasil vive um terremoto político, escancarando a podridão das elites do país e
fragilizando ainda mais os laços que as sustentam no poder. A operação orquestrada que
possibilitou a gravação entre o presidente Michel Temer e o dono da JBS, maior empresa de
carnes do mundo, altera a correlação de forças no país e joga gasolina na crise política e
social. Com a instabilidade política, o governo tem mais dificuldade para mobilizar sua
base e avançar com as Reformas da Previdência e Trabalhista, os maiores ataques à classe
oprimida. Isso não é motivo para se comemorar, não devemos tirar peso destas lutas. Agora
é a hora de partir pra cima, massificar as mobilizações com o trancamento das ruas,
paralisações rumo à greve geral para barrar os cortes sociais e as reformas. Devemos
aprofundar a democracia, mas a democracia direta, onde as/os trabalhadoras/es nos seus
locais de trabalho, estudo e moradia decidam o rumo do país. Não podemos aceitar as
migalhas do andar de cima, precisamos impor um programa popular de direitos sociais
construído e decidido pelo povo. Precisamos construir a democracia direta, nos bairros,
nas favelas, nas vilas, nas ocupações de terra e de moradia, nas fábricas, nas escolas
fora dos acordões dos de cima.
O golpe que destituiu o quarto mandato do PT/PMDB na presidência possibilitou de início um
êxito em aprovar duras medidas antipovo em ritmo avassalador, com vasto apoio no Congresso
e na mídia, principalmente da Globo. Temer passou a Reforma do Ensino Médio, a PEC do Teto
de Gastos, Lei da Terceirização, privatizações e diversos outros ataques - iniciados
durante o próprio governo PT. Décadas de burocratização das lutas pelas grandes centrais
sindicais e a prática da cooptação de dirigentes de grandes movimentos sociais pelo PT,
ajudaram e ainda ajudam a desmobilizar o povo e dificultam a massificação da resistência
contra estes ataques. Apesar disso, outros setores como os secundaristas e indígenas, dão
fôlego renovado à luta social. O crescimento da insatisfação popular com as reformas da
Previdência e Trabalhista de Temer manifestou-se com grande impacto nas ruas, nas
mobilizações pela greve geral dos dias 15 e 28 de abril, fazendo os golpistas recuarem com
suas propostas.
Com mais de 90% de rejeição, o governo Temer não tem legitimidade nem para sustentar esse
falso sistema democrático. Este serve apenas para manter os empresários e a classe
política roubando e matando o povo. O governo de conciliação de classes de Lula e Dilma
foi um governo para os empresários e ricos, com algumas migalhas para os pobres. E as
inúmeras denúncias de corrupção só deixam evidente a asquerosa relação de favorecimento
que existe entre grandes empresas e o Estado. Os casos de corrupção não são fatos
isolados, mas é o que faz movimentar a roda do Estado e do Setor Privado. Ou seja, o
sistema representativo não serve para os interesses do povo, mas sim para o capitalismo,
para a classe política e empresarial conseguir fazer avançar seus projetos.
Por isso as "soluções mágicas" como privatizações, terceirizações, ataques aos direitos
trabalhistas servem apenas para os empresários lucrarem mais. Da mesma forma são os
ataques aos direitos sociais, ataques aos indígenas e seus territórios, sem-terras e
camponeses, às mulheres, LGBTTs, o genocídio do povo negro e moradores de favelas e vilas,
a criminalização da pobreza. Todas são medidas e políticas para que a direita e os setores
conservadores, empresários, latifundiários, banqueiros imponham sua ideologia, lucrem
mais, concentrem mais riqueza e explorem mais o povo. Empresários, como Dória, não são
diferentes dos outros políticos, são inimigos do povo. Se os políticos profissionais estão
em descrédito, o sistema de justiça tenta se valer de legitimidade com as operações
anticorrupção para aumentar seu poder na estrutura de Estado. A cúpula do Judiciário,
Polícia Federal e Ministério Público, com setores alinhados diretamente aos Estados
Unidos, contam com maciço apoio da Rede Globo para acumular poder com viés perigosamente
autoritário. É preciso repudiar essa escalada e evitar qualquer ilusão em salvação pela
justiça burguesa.
A velha mídia desempenha papel crucial no emaranhado de interesses da classe dominante. A
Rede Globo, a mesma que apoiou o Golpe Midiático Jurídico Parlamentar, construiu e
legitimou o golpe atual, agora se coloca do lado mais forte, com a Procuradoria-Geral da
República (PGR) pela saída de Temer. O propósito é recuperar as condições para aprovar as
reformas com a escolha de um novo presidente por eleições indiretas. Não podemos
menosprezar o papel que as gigantes de comunicação cumprem no campo ideológico. A virada
da Globo contra Temer não significa nenhum avanço para o campo popular. Surfando no
descrédito dos políticos profissionais ela descarta antigas apostas, como Aécio Neves, e
orientam sua agenda pela tendência mundial de alavancar candidaturas de personalidades
aparentemente "de fora" do campo político-partidário. Procuram emplacar sujeitos
diretamente do empresariado (Doria, Meirelles), do judiciário (Nelson Jobim, Carmem Lúcia,
Joaquim Barbosa), ou até da mídia de entretenimento (Luciano Huck). É estratégico avançar
no descrédito da velha mídia e fortalecer a pauta da democratização da comunicação com
restrição ao poder destas empresas, assim como fortalecer os meios de comunicação populares.
Ainda é preciso questionar o motivo das denúncias chegarem só neste momento. Mesmo que
tenham descartado alguns políticos e desencadeado certa instabilidade, a ação demonstra
lealdade nos acordos entre estado e capital. O critério é econômico e há interesse em
defender uma empresa que recém enfrentou a operação Carne Fraca; uma ação que, se por um
lado demonstrou a péssima condição que nossa comida é produzida, atendeu primeiro aos
interesses estadunidenses de enfraquecer um concorrente na disputa internacional do
mercado da carne. Cabe salientar que foi o governo do PT/PMDB que engordou a JBS via BNDES
com fomentos milionários, transformando a empresa numa das maiores do mundo.
Por Baixo e à Esquerda, Democracia Direta já!
O fato é que a pauta que levou muitas pessoas às ruas nesse 1 ano de governo Temer pode
tornar-se realidade: a saída de Michel Temer da presidência da república. E nos
perguntamos: e agora? Qual é o próximo passo? Sabemos que com os golpistas enfraquecidos e
sua base parlamentar balançando, faltam condições para dar continuidade na tramitação das
reformas trabalhista e da previdência. Agora é urgente massificar a luta contra as
reformas e retomar os direitos que foram retirados por golpistas do passado e da atual
conjuntura, do PT/PMDB. Além de barrar as reformas, precisamos construir um projeto que
faça os ricos pagarem a conta da crise e que reconheça a elite política, empresariado e
mídia como inimigos do povo. Grandes empresas como a JBS devem à previdência mais de 400
bilhões, cerca de três vezes o valor que agregam ao falso déficit da Previdência.
Só a organização do povo e a pressão nas ruas podem impedir as reformas e os ataques aos
direitos socais. Nada sairá nesse sentido dos gabinetes parlamentares. Temos que impedir
que os empresários e a elite política façam seus acordões de cúpula e golpes para seguirem
com seu projeto. A mobilização e a pressão popular são necessárias e urgentes agora para
barrar o avanço das reformas em meio a essa instabilidade. São pressões necessárias para
impor ao governo as pautas populares, também no caso de uma eleição direta. E a
mobilização do povo hoje é urgente para impedir o pior dos cenários, que é uma suspensão
das eleições em 2018 através de uma intervenção político-militar e a perseguição aos
setores combativos da esquerda.
A esquerda eleitoreira exige diretas já para Presidência da República e o lulismo pode
aflorar, como em anos atrás, conseguindo apresentar-se como suposta saída popular em meio
ao terremoto da crise política. Não podemos nos iludir! Temos afirmado e continuamos
afirmando: é preciso superar o petismo e toda sua herança na esquerda. A crença de que
Lula terá como enfrentar a crise e trazer melhorias nas condições de vida dos de baixo não
se sustenta. Uma eleição de Lula representaria apenas mais um pacto de classes com a
burguesia e os patrões, em termos ainda mais recuados do que dos anos anteriores.
O importante neste momento é que a luta tem que ser de base e nas ruas para fazer avançar
um programa popular de direitos! Promover organização, mobilização contra a reforma da
previdência e trabalhista e pela construção de um projeto popular com independência de
classe. Catalisar a insatisfação popular em revolta e avançar nas lutas nos locais de
base. Não se deixa levar por soluções imediatistas, nesse processo de reorganização da
esquerda e acordos de cúpula para salvar a democracia burguesa. Não existe coelho da
cartola, a saída é construir organização popular nos bairros, nas escolas, nos locais de
trabalho com o povo pobre e oprimido. Devemos exigir a suspensão de todas as medidas
antipovo iniciadas no governo PT e continuadas pelo golpista Temer.
O momento é desfavorável para nós oprimidos e oprimidas, mas a crise e a disputa entre as
elites abrem margem para outros projetos. Precisamos utilizar a insatisfação para
deslegitimar esse sistema e canalizar a luta social.
Democracia Direta já!
Pela suspensão de todas as medidas antipovo!
Contra o ajuste fiscal e os cortes nos direitos!
Fora Globo golpista!
Construir o Poder Popular contra o ajuste e a repressão!
https://federacaoanarquistagaucha.wordpress.com/2017/05/24/democracia-direta-ja-barrar-as-reformas-nas-ruas-e-construir-o-poder-popular/
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