(pt) compa: A Berrante Nº 4 - A reforma da previdência é um assalto ao dinheiro e à dignidade dos trabalhadores!
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Domingo, 1 de Janeiro de 2017 - 12:01:16 CET
Publicado o número 4 do boletim do COMPA "A Berrante", contendo o texto "A Berrante Nº 4 -
A reforma da previdência é um assalto ao dinheiro e à dignidade dos trabalhadores!". ----
Neste boletim, denunciamos a mentira propagada pelo governo federal de que o sistema
previdenciário é deficitário e que, desse modo, seria necessária uma reforma "amarga".
Fato é que o governo omite dados de fonte de receita do fundo previdenciário, manipulando
os resultados para dar cabo a esta reforma que não tem outro objetivo a não ser retirar o
dinheiro do pobre para injetar mais ainda nos bancos e ricos. ---- Clique aqui para baixar
o arquivo original em PDF (A Berrante nº 4 - Reforma da previdência), ou leia o texto
integral neste post. ---- A reforma da previdência é um assalto ao dinheiro e à dignidade
dos trabalhadores!
O governo Temer anunciou sua proposta de reforma da previdência, que, dentre outras
medidas perversas, impõe que teremos que trabalhar dos 16 aos 65 sem parar, sem demissão,
sem nenhum mês a menos de trabalho, para podermos receber o nosso direito integral. É mole?
Para começar, o crápula que está propondo essa reforma se aposentou aos 50 anos, é rico e
não sabe o que é a vida de um operário ou de uma operadora de telemarketing. Este mesmo
senhor não deve saber, nem ele e nem os seus ministros e aliados, que a expectativa de
vida do Brasil é de 75,4 anos. Qual a dignidade que existe nessa lógica?
Mas a questão é essa: eles não pensam pela lógica da dignidade, do respeito com a
trabalhadora e o trabalhador brasileiro. Eles pensam pela lógica do capital.
Vamos aos fatos!
A mentira do governo sobre o "déficit previdenciário": na realidade, temos um superávit!
Dizem eles que o sistema previdenciário teve um déficit R$ 85,816 bilhões de reais em
2015, pois "a arrecadação está muito abaixo do gasto", por conta de fatores como o
envelhecimento da população, com mais gente se aposentando do que entrando para o mercado
de trabalho, com o aumento da expectativa de vida e o desemprego.
Bom, se a arrecadação dos fundos para a previdência fosse somente com o que o trabalhador
empregado contribui mensalmente no seu contracheque, sim, esse argumento estaria válido.
Sim, concordaríamos que a previdência social seria insustentável, pois a receita recolhida
da contribuição mensal do trabalhador seria bem menor que os gastos com as aposentadorias
e benefícios do INSS.
Mas não é só daí que vem a receita da previdência. E esse é o pulo do gato do governo
federal: para defender a famigerada reforma previdenciária, ele simplesmente ignora as
outras receitas que somam com a contribuição do trabalhador. Além da contribuição no
contracheque, existem impostos destinados ao fundo da seguridade social, como a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), a Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social (COFINS), concursos de prognósticos, dentre outras fontes de arrecadação.
Somando todas as receitas que são de fato destinadas para a previdência, podemos constatar
que a previdência na realidade é superavitária! Ou seja, não há déficit nenhum, pelo
contrário, há um superávit. Pelas contas da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da
Receita Federal do Brasil (ANFIP), o superávit da seguridade social em 2015 foi de 23,948
bilhões de reais.
Quase 24 bilhões de reais no positivo! Seria mesmo necessário um corte desse modo?
O objetivo é desviar ainda mais o dinheiro da previdência para os ricos
Mas porque eles querem mascarar esse cálculo e nos impor uma reforma previdenciária tão
danosa à classe trabalhadora?
Ora, a resposta é simples: porque os capitalistas fazem uma enorme pressão nestes governos
para que esse gigante orçamento seja cada vez mais destinado aos seus interesses.
Aumentando a arrecadação com a contribuição do trabalhador, forçando-o a trabalhar muito
mais, ao mesmo tempo em que diminui os gastos com aposentadorias, benefícios e auxílios, o
fundo previdenciário teria mais dinheiro "livre" para ser desviado.
São várias as formas "legais" que os capitalistas têm para desviar esse dinheiro, como por
exemplo a destinação de uma grande parte deste fundo para "pagar a dívida pública" (ou o
assalto público, por melhor dizer), assim como a utilização deste fundo em programas de
crédito como o "crédito consignado", que multiplicam os lucros dos bancos pelos juros
altíssimos que endividam ainda mais o povo trabalhador. Isso fora o tanto de dívidas
perdoadas que o governo concede a grandes empresas, além, é claro, do tanto de dinheiro
que é roubado pelos políticos e estes aliados ricos de sempre.
Isso mesmo: aquele que deveria ser um recurso para a garantia de direitos nossos, está se
transformando num pote de ouro para os ricos que não têm mais onde colocar tanto dinheiro.
O objetivo, para simplificar, é tirar das mãos dos pobres para colocar nas mãos dos ricos.
E isso não pode ser aceito! Fruto de uma luta histórica da classe trabalhadora, a
previdência é uma vitória que jamais poderemos deixar que ela seja perdida!
Põe essa reforma na conta do neoliberalismo
Assim como as outras medidas do "ajuste fiscal", essa reforma da previdência é uma medida
idealizada e patrocinada pelo que conhecemos por neoliberalismo.
O neoliberalismo é a ideologia dos capitalistas que visa o lucro máximo, a máxima
concentração de renda com base no desmanche do Estado, dos direitos sociais, trabalhistas,
ambientais, humanos. As medidas neoliberais sempre visam as privatizações, buscando passar
tudo para a iniciativa privada, ao passo em que o Estado e suas legislações,
regulamentações e políticas públicas são desmontadas. Internacionalmente, o neoliberalismo
impõe a submissão da política econômica do país aos interesses do capital internacional,
do FMI, do BM (Banco Mundial) e dos gigantes conglomerados corporativos dos "países de
primeiro mundo".
Em nome da "recuperação econômica" e do "crescimento financeiro", essa política perversa
do neoliberalismo já devastou vários países de terceiro mundo, como está prestes a fazer
novamente com o Brasil. No fim das contas, o resultado da política neoliberal é a
precarização máxima da classe trabalhadora, o desemprego, o aumento da desigualdade
social, a degradação do meio ambiente, a violência contra os povos originários,
ribeirinhos e os povos tradicionais, enquanto os lucros e a riqueza dos ricos de sempre
alcançam números elevadíssimos.
Através da ideologia neoliberal, essa mesma velha desculpa de "conter a crise" e
"crescimento econômico" já foi aplicada em outros tantos países que foram devastados pelas
mesmas "medidas impopulares" que querem aplicar no Brasil.
Assim, é nítido que todas as medidas contidas no ajuste fiscal brasileiro estão embarcadas
pela ideologia neoliberal: a PEC 241/55, (limitar os investimentos do Estado para liberar
mais fundos para a "dívida pública"), a reforma previdenciária (arrecadar mais e gastar
menos com o povo para gastar mais com os ricos), a reforma trabalhista (retirar direitos
trabalhistas de modo que aumente os lucros dos empresários com a precarização do
trabalhador), além dos decretos e projetos de lei que visam minar as legislações
ambientais e de defesa dos indígenas (para maior concentração de terras dos
latifundiários) são alguns dos exemplos mais notórios desse "ajuste fiscal" neoliberal.
O que resta à classe trabalhadora é a luta!
Sem luta popular, sem luta da classe trabalhadora, o neoliberalismo passará sobre nós como
um rolo compressor. Independente do governo que for, o neoliberalismo sempre tem como
vítima o povo do país em que ele está sendo implementado, e é justamente desse povo que
deve vir a reação a estes ataques. Se esperarmos do outro, ou se esperarmos dos "nossos
representantes", veremos o sonho da aposentadoria se desmanchar em nossas mãos, os
direitos trabalhistas se desintegrarem no ar, a educação e saúde serem privatizadas e se
deteriorarem mais ainda.
Não é aceitável a gente ter que ralar mais, se desgastar mais, se adoecer ainda mais para
que esses abonados engordem mais ainda suas fortunas! Não é aceitável que a juventude de
hoje se definhe num futuro de carestia e austeridade! Então não é aceitável que essas
políticas sejam implementadas! O poder pertence ao povo, e só ele é capaz de barrar essas
injustiças. Organizado e na luta, o povo é forte, o poder popular é real e a política é
pautada pelo nosso lado, não pelo lado deles.
Dessa forma, é hora de levantarmos do sofá, deixarmos a apatia de lado e de nos
integrarmos às lutas que estão acontecendo contra essas reformas neoliberais. É preciso
também que nos mantemos mobilizados e em luta de forma permanente, pois a luta é prolongada!
A nossa luta, por fim, é contra o governo Temer, é contra o neoliberalismo, é contra o
Estado e é contra o capitalismo! Porque sem atacar a raiz dos problemas, suas
consequências nunca acabarão!
https://compa.noblogs.org/post/2016/12/26/a-berrante-no-4-a-reforma-da-previdencia-e-um-assalto-ao-dinheiro-e-a-dignidade-dos-trabalhadores/#more-82
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