(pt) As anarquistas Mónica e Francisco sairão da prisão para serem expulsas da Espanha By A.N.A.
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Terça-Feira, 21 de Fevereiro de 2017 - 08:01:07 CET
A medida se fará efetiva nos próximos dias e acarreta a proibição de voltar por um período
de oito anos. Passaram três anos e três meses encarceradas sob a acusação de haver
colocado um artefato explosivo na basílica del Pilar de Zaragoza. ---- Mónica Caballero e
Francisco Solar ficarão em liberdade nos próximos dias, depois que a seção quarta da sala
penal da Audiência Nacional (AN) espanhola - a mesma que ao condená-las acordara
substituir ao ano e três meses de pena de prisão que lhes restava por cumprir por sua
expulsão da Espanha. ---- Caballero recebeu a notícia na prisão de Estremera e Solar na de
Villabona, centros desde onde serão diretamente transladadas ao Aeroporto de Barajas uma
vez a polícia encarregada de estrangeiros efetive de ofício a execução do decreto de
expulsão ao Chile, estado de onde são originários. Tem um prazo de um mês mas segundo um
dos advogados da defesa, José Luis Galán, "a medida não deveria tardar mais de uma semana
em aplicar-se".
Uma vez subam ao avião Mónica e Francisco ficarão em liberdade e não poderão voltar à
Espanha por um período de oito anos. Este fato se produz graças a que as defesas dos
chilenos invocaram o artigo 89 do Código Penal, que permite que as penas de mais de um ano
de prisão contra pessoas sem nacionalidade espanhola possam substituir pela expulsão do
país. Em casos como este, onde se considera que a gravidade dos delitos é maior, a justiça
requer que as condenadas tenham cumprido dois ter&cced il;os da pena para permitir a
aplicação desta medida.
Percurso entre cárceres e tribunais
Em 13 de novembro do ano 2013, Mónica Caballero e Francisco Solar foram detidas junto com
três pessoas mais na cidade de Barcelona. A operação ordenada pela Audiência Nacional (AN)
espanhola estava coordenada pela Delegacia Geral de Informação do Corpo Nacional de
Polícia, que perseguiam com suas investigações as presumíveis responsáveis pela colocação
de dois artefatos explosivos: um que falhou na Catedral de la Almudena de Madrid e outro
na Basílica del Pilar de Zaragoza.
Mónica e Francisco foram encarceradas preventivamente, enquanto que o resto das detidas
ficaram em liberdade. As duas ativistas anarquistas de origem chilena foram dispersadas em
diferentes cárceres do Estado espanhol, viram como lhes restringiam as comunicações e como
eram confinadas no regime FIES, de máximo controle e vigilância penitenciária.
Passado o período de dois anos em prisão preventiva, a AN decidiu ampliar em dois anos
mais sua situação de excepcionalidade -encarcerados sem julgamento- em 30 de outubro de
2015, justo dois dias depois da segunda fase da operação Pandora. Esta coincidência é
relevante devido a que durante o julgamento de Mónica e Francisco os informes policiais e
a promotoria abonam a tese da existência de uma organização informal anarquista com
supostos "fins terroristas" chamada GAC/FAI/FRI. Segundo a polícia, as detidas nas
operações Piñata, Pandora I e II tamb&eac ute;m fariam parte desta trama que finalmente os
mesmos tribunais consideraram fictício.
O julgamento contra as duas anarquistas se realizou finalmente entre os dias 8 e 10 de
março de 2016 nas novas instalações da AN em San Fernando de Henares (Madrid). A
promotoria, representada por Teresa Sandoval, pedia para as ativistas uma condenação de 44
anos de prisão pelos delitos de pertencer a organização criminosa com fins terroristas,
estragos, lesões e conspiração para a comissão de outro delito de estragos terroristas,
este último motivado pela suspeita policial que preparavam uma ação contra o Monastério de
Montserrat.
O Supremo emenda a AN
A seção quarta da sala penal, presidida pela polêmica magistrada Ángela Murillo, rejeitou
finalmente a tese da organização terrorista, que poderia haver condicionado negativamente
o desenvolvimento processual das processadas pelas operações Pandora e Piñata. No entanto,
a defesa das anarquistas denunciou a "parcialidade da investigação policial e o
procedimento judicial" e criticou duramente em sede judicial os informes policiais e a
cobertura midiática, que a seu entender "vulneravam a presunção de inocência" das acusadas.
Ainda que a acusação particular rebaixou sua petição de penas e que Mónica e Francisco
negaram todas as acusações menos a de serem militantes anarquistas, ambas foram condenadas
a 12 anos de prisão: cinco anos por um delito consumado de lesões terroristas e sete anos
mais por outro de danos terroristas consumados, ademais da interposição de uma indenização
de 22.775 euros à pessoa ferida no ouvido pela explosão del Pilar, de 182.601,75 euros ao
Cabildo de Zaragoza, instituição que se encarregou economicamente dos danos da deflagração
e da m etade dos custos do procedimento judicial.
O recurso judicial do caso não terminou aí porque as defesas das anarquistas recorreram da
sentença ao Tribunal Supremo. No passado mês de dezembro este corrigiu a sentença da AN
agrupando em um único ato os delitos cometidos por ambas e rebaixando a pena de prisão a
quatro anos e meio para cada uma. Este fato se produziu graças a que o Supremo estimou que
os delitos de danos e lesões terroristas não se computaram por separado como se fossem
fruto de duas ações diferentes senão que se interpretaram como "concurso ideal", figura
penal que se aplica quando um só fato realizado por um mesmo sujeito constitui dois ou
mais delitos e se considera tudo como uma única unidade delitiva. A indenização pelos
danos da detonação também foi rebaixada em 40.000 euros a o considerar o alto tribunal que
não havia provas de que os danos se projetaram sobre bens de valor histórico ou cultural.
Volta à perseguição chilena
Mónica e Francisco chegaram a Barcelona no ano 2012 procedentes do Chile, após serem
absolvidos em um procedimento judicial que se chamou Caso Bombas e que levou as
processadas a sofrer uma contínua perseguição policial e midiática. Este processo se abriu
com base em uma investigação policial sobre uma série de atentados reivindicados por
grupos anarquistas e levou às grades a Mónica e Francisco, que cumpriram um ano de prisão
preventiva.
As doze pessoas processadas no Caso Bombas sob a acusação de haver participado na
colocação de trinta artefatos incendiários entre os anos 2006 e 2009 no Chile foram
absolvidas por falta de provas.
No total foram doze pessoas processadas sob a acusação de haver participado na colocação
de trinta artefatos incendiários entre os anos 2006 e 2009 no Chile. Os ataques tiveram
como objetivo entidades bancárias, templos, restaurantes e inclusive a Agência Nacional de
Inteligência, mas todas as processadas foram absolvidas ao considerar o tribunal que não
havia provas suficientes contra elas. O Supremo chileno corroborou a sentença e a
promotoria e o Ministério do Interior chilenos foram condenados em custas.
A reação no Chile não se fez esperar e o subsecretário de Interior Mahmud Aleuy afirmou à
imprensa que "estudarão as medidas que tomarão", após mostrar sua preocupação e de tratar
a liberação e retorno das anarquistas no último comitê policial do Palácio de la Moneda.
Em troca, coletivos anarquistas do país andino que realizaram ações de apoio ao casal
durante os últimos anos, estariam preparando as boas vindas a Mónica e Francisco, que uma
vez no Chile não terão nenhuma causa pendente mais que continuar sua lu ta pela anarquia.
Fonte:
https://directa.cat/anarquistes-monica-francisco-sortiran-de-preso-ser-expulsades-de-lestat-espanyol
Tradução > Sol de Abril
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