(pt) CALC - [SIMCA-RS] PEDIDO DE SOLIDARIEDADE AO SINDICATO DOS MUNICIPÁRIOS DE CACHOEIRINHA (SIMCA)
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Sexta-Feira, 28 de Abril de 2017 - 09:03:06 CEST
Sindicato de Luta, Classista e Combativo ---- Sede: Avenida Flores da Cunha, nº. 903/ Sala
1202, Cachoeirinha/RS ---- Telefones: (51) 3470-6902 / (51) 3438-6655 ---- E-mail:
simcacachoeirinha gmail.com ---- Facebook:
facebook.com/SindicatoDosMunicipariosDeCachoeirinhars/ ---- Depósitos ou transferências:
Banrisul (041), Agência: 0152, Conta corrente: 06.151720.0-6, CNPJ: 93075026/0001-80 ----
O SIMCA é, sem dúvida, um exemplo de sindicato classista e de luta de base no Brasil. Foi
fundado no dia 20 de junho de 1989 e nestes 28 anos tem sido protagonista de lutas
memoráveis, tanto em seu local de inserção, quanto nos diversos momentos em que prestou
solidariedade de classe à luta de outros movimentos sociais. Os municipários(as) de
Cachoeirinha têm sido exemplo na organização e mobilização para a luta, não se conformando
nem se calando frente as arbitrariedades e autoritarismos inerentes a exploração no
trabalho; têm combatido de frente os desmandos de chefias e governos, bem como as
injustiças impostas pelos "de cima".
O SIMCA sempre manteve uma linha classista e combativa pautada pelos princípios da AÇÃO
DIRETA, DEMOCRACIA DE BASE, INDEPENDÊNCIA E SOLIDARIEDADE DE CLASSE.
Parte da premissa de que os sindicatos devem resgatar seu papel fundamental na organização
dos trabalhadores(as) e colocar a Classe em movimento na luta contra o capital, tomando
como princípio que a construção desta luta não deve focar-se somente em sua categoria, ou
apenas na sua Entidade. É por isso que buscam atuar junto à outros(as) lutadores do povo,
tomando parte e fortalecendo as lutas da classe trabalhadora. É atuando com firmeza
política e ideológica desde o seu local que buscam construir e compartilhar experiências
que possam servir de referência para a luta e para a ação de outros sindicatos e
movimentos sociais, avançando como Classe na conquista de direitos.
Neste momento o SIMCA vive a sua mais expressiva experiência de luta nesses 28 anos de
história. Uma greve de mais de 40 dias que entra na sétima semana de luta incansável pela
manutenção e defesa dos direitos conquistados pelos(as) trabalhadores(as) de Cachoeirinha
e contra as políticas de cortes e ajustes do governo municipal. Essa greve não é histórica
apenas para Cachoeirinha, mas também se torna referência em nível estadual e nacional ao
fazer frente e dar combate a um modelo de austeridade que tenta se impor como hegemônico e
cortar direitos historicamente conquistados com muita luta pelos(as) trabalhadores(as)
brasileiros de todas as categorias e segmentos.
Depois de semanas de mobilização direta - tanto entre trabalhadores(as), como junto as
comunidades que utilizam os serviços públicos - enfrentando toda sorte de perseguições e
repressões por parte do governo municipal, a luta exemplar que conta com ampla adesão da
base da categoria e com o apoio massivo da população do município colocou o governo em uma
situação insustentável, fazendo com que este começasse a demonstrar enfraquecimento na sua
postura - até então - irredutível. Na última quinta-feira, dia 13/04, cerca de trezentos
municipários(as) foram à capital do estado do Rio Grande do Sul - Porto Alegre - para um
ato político-cultural naquele que era o 39º dia da greve. A categoria e apoiadores(as)
concentraram-se em vigília durante toda a tarde até o início da noite enquanto ocorria uma
reunião de negociação que contrariava os interesses do governo. Subordinada ao Ministério
do Trabalho, o Setor de Mediação da Superintendência Regional do Trabalho conduziu a reunião.
Conforme encaminhado pelo Comando de Greve (um Comando de base com estrutura federalista
formado a partir de representantes por local de trabalho), a comissão de negociação do
SIMCA posicionou-se em defesa das contrapropostas de alteração das leis do "pacotaço" de
cortes e ajustes imposto pelo governo. O resultado dessa reunião foi uma proposta do
governo de "suspensão" dos "pacotes" aprovados por 60 dias, em contra partida ao fim da greve.
A resistência da categoria é decisiva na greve. A sexta semana de greve já era avaliada
pela categoria como decisiva para o movimento. Nos debates realizados em assembléia, no
comando de greve e nas plenárias de mobilização, estava nítido o esgotamento por parte do
governo que tentava de todas as formas desmobilizar a categoria. Fazendo uma breve memória
da greve, diversas táticas foram utilizadas pelo governo ao longo desses últimos quarenta
dias:
1ª semana de greve: logo no primeiro dia de greve há um factoide na mídia que tenta
associar o movimento a um episódio de arrombamento do gabinete do prefeito. Na versão
veiculada na mídia, portanto, a greve inicia sob suspeita e já há indícios da tentativa de
criminalização que estava por vir. O governo convocou o sindicato para negociação no
terceiro e no quinto dia de greve. A comissão do SIMCA sustentou a defesa da revogação do
pacote e sugeriu que emergencialmente fossem evitados os efeitos das leis de impacto
imediato, no entanto, o governo formalizou proposta no dia 10/03 apenas prometendo
compensações no futuro.
2ª semana de greve: o movimento de greve ganha o apoio da comunidade que se mobiliza e
passa a cobrar a responsabilidade diretamente ao prefeito. Na luta é revogada a portaria
que reduzia o atendimento na educação infantil. Trabalhadores(as) da saúde aderem
massivamente à greve. A mobilização de rua reúne mais de mil manifestantes na Avenida
Flores da Cunha. Os 38 dias da vitoriosa greve dos municipários de Florianópolis tem o
testemunho de carne e osso diante da categoria. No dia 16 de março o movimento ultrapassa
a ponte e oitocentos municipários(as) lotam o Auditório Dante Barone na Assembleia
Legislativa do Rio Grande do Sul na Audiência Pública sobre a retirada de direitos dos
servidores públicos municipais de Cachoeirinha.
3ª semana de greve: As denúncias da audiência pública são entregues no Ministério Público.
O governo intensifica as medidas de criminalização sobre o movimento de greve. As
legítimas manifestações na via pública escrachando vereadores, prefeito e vice, são
tratadas pelo governo como atos criminosos. A secretaria de educação, por sua vez, ameaça
institucionalmente as escolas e faz chantagem com pedido de listas de grevistas. O
movimento de greve responde com força ao assedio moral e ocupa a sede da Secretaria de
Educação. A ação direta arranca uma nova negociação com o governo. Porém, na condução da
reunião que ocorre dois dias depois, o governo eleva o tom da criminalização e pela voz da
Secretaria de Segurança é anunciada a repressão ao movimento.
4ª semana de greve: Tem início a greve de fome em frente à prefeitura e a mobilização
passa a ser por 24h ininterruptas. Enquanto isso, o prefeito almoça com os empresários em
busca de apoio. Após as duas últimas semanas de mobilização terem sido praticamente
silenciadas pela mídia, desta vez o movimento ganha repercussão estadual. Não contentes
com a proporção que tomou a greve, a provocação vinda do governo passa a ser mais ousada:
prefeito e secretário de segurança acusam o movimento de greve de vinculação com os
arrombamentos na prefeitura e um CC vinculado à secretaria de governança faz provocações
aos servidores em greve de fome tentando forjar um conflito. A sessão ordinária na câmara
adia a votação do projeto que reduz o vale alimentação após a pressão da categoria. No dia
seguinte o comando de greve ocupa o legislativo. No dia 30 de Março a repressão brutal
sobre o movimento deixa um saldo de 30 feridos e 3 detidos, registrando a maior covardia
da história de Cachoeirinha. No dia 31 de março de 2017, mais de duas mil pessoas tomam a
Avenida Flores da Cunha em repúdio ao massacre. Ministério do Trabalho e Ministério
Público Estadual acolhem as denúncias da violação dos direitos nessa semana.
5ª semana de greve: a greve dos municipários(as) de Cachoeirinha chega a sua condição
irrenunciável, conforme declaração lida em um mês completado do movimento:
http://www.diariocachoeirinha.com.br/_conteudo/2017/04/noticias/regiao/2092803-servidores-divulgam-documento-sobre-a-greve.html
O governo apela para o corte do ponto para tentar desmobilizar o movimento. A repercussão
da greve ganha dimensão nacional com diversas manifestações de apoio que passaram a chegar
de todo o país. A denúncia da repressão sobre o movimento de greve chega à comissão de
cidadania e direitos humanos da Assembleia Legislativa para que a covardia não fique
impune. As mobilizações de rua avançam no plano tático e o acesso à cidade é trancado com
a tomada da ponte que dá acesso ao município. Medidas de solidariedade são encaminhadas
pela plenária de mobilização para garantir a permanência na luta após o corte do ponto. A
análise política coloca o movimento na encruzilhada entre a consagração e a tragédia:
http://www.ihu.unisinos.br/566491-a-tragedia-de-saco-e-vanzetti-e-a-greve-dos-municiparios-de-cachoeirinha-licoes-e-fantasmas-ressurgindo
6ª semana de greve: a convocação do sindicato já anunciava: "Semana decisiva para a
vitória da categoria!" O distrito industrial da cidade amanhece com um piquete grevista em
frente ao Centro das Indústrias de Cachoeirinha para dar o recado aos patrões que
arrotavam com o prefeito o apoio ao ajuste. Nas primeiras horas da manhã de segunda-feira,
dia 10/04, o governo convoca o sindicato para uma negociação que ocorre no dia seguinte e
o prefeito pela primeira vez comparece na reunião. A expectativa da categoria é frustrada
quando desrespeitosamente é apresentada a mesma proposta rejeitada há um mês pela
categoria no dia 10/03. A comissão de negociação do SIMCA se retira e é referendada pela
categoria a posição de voltar a negociar somente com a intermediação que ocorreria na
quinta. Nas ruas é dada a resposta com uma forte mobilização que mais uma vez tomava a
avenida principal da cidade. No Rio Grande do Sul, a greve ganha a solidariedade da
mobilização dos servidores públicos estaduais em luta contra o governo Sartori, e diversas
categorias de municipários(as) da região metropolitana colocam o tema na ordem do dia nas
assembleias.
Municipários(as) são vitoriosos(as), mas o ajuste ainda não foi derrotado! Todos(as) estão
conscientes da heróica resistência que mulheres e homens municipários(as) tem travado
contra o injusto ajuste fiscal que ataca os direitos. O golpe que corta na carne dos(as)
trabalhadores(as) é o mesmo promovido em todo o país pelos governos e patrões. O
sentimento de pertencimento com a greve dos(as) municipários(as) vai além dos mais de 3
mil trabalhadores(as) implicados nessa peleia. O suor e o sangue que vem sendo derramado
nessa greve é de toda a classe oprimida. Para muito além do debate sobre a aceitação ou
não da proposta de trégua vinda do governo, os e as municipárias(os) de Cachoeirinha estão
cientes do dever e da responsabilidade que assumiram em sustentar uma resistência
conjuntamente com a classe oprimida deste país contra o golpe nos direitos.
É a partir desse entendimento, de que a luta não termina com um possível fim do movimento
paredista nesse momento, que se solicita SOLIDARIEDADE à essa Luta, seja com ampla
divulgação, seja através de aporte material/financeiro. A máxima "NÃO TÁ MORTO QUEM
PELEIA" nunca foi tão condizente com o momento que está sendo vivido. Portanto:
TODA SOLIDARIEDADE AO SIMCA E AOS MUNICIPÁRIOS(AS) DE CACHOEIRINHA!
NÃO TEM HISTÓRIA, É GREVE ATÉ A VITÓRIA!
LUTAR, CRIAR, PODER POPULAR!
https://anarquismopr.org/2017/04/24/simca-rs-pedido-de-solidariedade-ao-sindicato-dos-municiparios-de-cachoeirinha/
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