(pt) alianca anarquista: Basta de perseguição às feministas
a-infos-pt ainfos.ca
a-infos-pt ainfos.ca
Sexta-Feira, 7 de Abril de 2017 - 09:32:28 CEST
A Aliança Anarquista repudia o veto à participação da Coletiva Feminista Radical Manas
Chicas na VII Feira Anarquista. Sob alegações subjetivas, a organização do evento privou
mulheres de participarem do espaço, bem como suprimiu o necessário debate dentro do campo
do feminismo. Baseados em um conhecimento superficial sobre o que é o feminismo radical
privaram todos os visitantes da Feira Anarquista de terem acesso a mais um dos materiais
de formação política que estavam sendo distribuídos ao longo do evento e desta forma
realizaram um veto puramente ideológico. ---- Nos intriga o fato de que a Feira Anarquista
permite a reunião de diversas linhas do anarquismo, muitas delas completamente
divergentes, mas não permite que debates divergentes sejam conduzidos por organizações
feministas. Nossa posição é de que a Feira Anarquista é um espaço importante, onde muitas
pessoas terão seu primeiro contato com materiais políticos e o silenciamento à
participação de organizações feministas é extremamente danoso e só faz afastar ainda mais
as mulheres do anarquismo.
A Coletiva Feminista Radical Manas Chicas havia pedido um espaço para vender seus zines e
só na véspera recebeu a notícia de que não poderiam participar, eliminando assim a
possibilidade de que as companheiras pudessem expor seus argumentos e reivindicar que os
organizadores ao menos entrassem em contato com o conteúdo do material exposto. Não houve
canal de diálogo, restando à coletiva, e à nós, a publicação de notas de repúdio.
O desconhecimento generalizado acerca do feminismo radical, somado com práticas
conscientes de calúnia e difamação contra feministas tem se tornado cada vez mais
corriqueiro. Acusada de transfóbica, a teoria do feminismo radical é colocada de escanteio
e as críticas ficam girando em falso em torno de um senso comum superficial.
O feminismo radical tem um entendimento materialista sobre gênero e compreende esse como
uma construção social. A teoria não prega violência às pessoas trans nem nega que essas
podem sofrer e estarem em situação de vulnerabilidade (como é o caso de muitas pessoas
trans que estão em situação de prostituição). O horizonte máximo do feminismo radical é a
abolição total dos gêneros e não um política de ódio contra indivíduos. Assim a
distribuição de zines de introdução sobre feminismo radical e sobre combate à violência
contra a mulher (que eram os materiais que a coletiva pretendia vender) não colocam
pessoas trans em risco.
Também ressaltamos o fato de que é público que a Aliança Anarquista também defende uma
concepção materialista sobre gênero e a nós não foi privada a participação na Feira
Anarquista. Assim como não foi privada a participação de várias outras mulheres, também
feministas radicais, de estarem nos stands de suas organizações e/ou frequentando o espaço
enquanto visitantes.
Com esta nota marcamos publicamente nossa solidariedade à Coletiva Manas Chicas, que mais
de uma vez já sofreram perseguições políticas desse tipo, e fazemos um apelo à organização
da Feira Anarquista para que pare de privar o tão necessário debate político.
Nenhuma a menos nos espaços políticos!
Erguer a luta contra o patriarcado e o capitalismo!
Imagem: Fotografia de Gerda Taro durante a Guerra Civil Espanhola, 1936.
http://alianca-anarquista.org/basta-de-perseguicao-as-feministas/
Mais informações acerca da lista A-infos-pt