(pt) Brazil, Coletivo Quebrando Muros - NOTA DE APOIO ÀS OCUPAÇÕES NA UFPR - Não aceitaremos nenhum direito à menos!
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Segunda-Feira, 31 de Outubro de 2016 - 10:37:57 CET
Em meio às ocupações iniciadas por secundaristas que protestam contra a MP 746, que visa
uma "Reforma" no Ensino Médio, e a PEC 241, que prevê o congelamento de investimentos
públicos por 20 anos, uma ocupação foi iniciada na noite do dia 24/10/2016 (segunda-feira)
no prédio Dom Pedro I no campus Reitoria da UFPR fomentada principalmente a partir de
estudantes do curso de Pedagogia e com a participação de alguns estudantes de outros
cursos. Hoje pela manhã uma outra ocupação foi iniciada pelos estudantes de Educação
Física no campus Botânico em Curitiba, onde o Restaurante Universitário está fechado e
apresenta diversos problemas estruturais. Os cursos de Turismo e Filosofia já deflagraram
greve estudantil. Os Técnicos Administrativos estão em greve desde a última segunda-feira.
Na UFPR Litoral em Matinhos, estudantes, técnicos e professores também se mobilizam e
paralisam as aulas. A luta contra essas medidas é de todos(as) trabalhadores e estudantes,
pois todos(as) seremos afetados(as) por tais medidas que visam acabar com nossos poucos
direitos conquistados ao longo de vários anos de lutas.
Ao mesmo tempo, a direita se organiza para tentar deslegitimar a ascensão dos movimentos
de resistência.Temos assistido em Curitiba e Região a atuação da direita fomentando
movimentos de desocupação com depredação e violência, na tentativa de desarticular a luta
contra a precarização da educação dos secundaristas, e na Universidade vemos a mesma
movimentação partindo de estudantes que insistem em desconsiderar a gravidade do
congelamento dos investimentos, já insuficientes, nos serviços públicos e da precarização
da formação no ensino básico que terá reflexos diretos também para o ensino superior.
Entendemos que todos nós devemos colocar nossos esforços para apoiar esse movimento de
ocupações nas escolas, mas enquanto estudantes da UFPR também temos pautas para lutar e as
mobilizações em nossa Universidade também cumprem um papel político importante ao
paralisar as aulas e prestar apoio ao movimento marcando nossa posição.
A ocupação começou sem serem consultados os Centros Acadêmicos daquele prédio, nem havendo
uma conversa aberta com a base sobre como ocorreria a ocupação. Um evento foi puxado em
cima da hora no intuito de construir uma reunião setorial, a partir de alguns militantes,
atropelando assim a possibilidade de mobilização dos demais cursos. Ao mesmo tempo o que
estava ocorrendo era uma assembleia dos estudantes da Pedagogia, desse modo no começo
algumas confusões atrapalharam a unidade de estudantes do campus. Frisamos isso pelo fato
de acreditarmos que as ocupações devam ser pautadas por toda a comunidade acadêmica
envolvida nesse espaço ocupado com apoio mútuo e participação de todos e todas os/as
estudantes que podem e devem opinar sobre o prédio ou campus ao qual estão inseridos. Não
é nosso papel nesse texto criticar a ocupação em si, pois acreditamos que ela tem um papel
importante nas lutas pelas nossas reivindicações e é uma forma de reanimar o movimento
estudantil na Universidade, contudo, devemos ter cuidado com nossos ânimos para não deixar
que o processo de ocupação se torne algo verticalizado e sem construção conjunta das
bases, que são a maior força de apoio de qualquer ocupação e lutas não só no movimento
estudantil como nos movimentos sociais diversos. Dessa forma, ressaltamos que nossa
crítica não é direcionada à ocupação, mas sim a forma como essa ocupação foi construída
inicialmente.
Neste momento a conjuntura pede união nas trincheiras para resistir aos ataques impostos
ao povo. Mas não deixaremos que o oportunismo de determinados grupos políticos passe
despercebido entre nossas fileiras. Setores da juventude do PT, como o coletivo Kizomba,
tentam se colocar à frente do movimento e usá-lo para autopromoção, de forma semelhante ao
que acontece no movimento estudantil secundaristas por parte de entidades como a UPES
(União Paranaense dos Estudantes Secundaristas) e a UBES (União Brasileira dos Estudantes
Secundaristas), aparelhadas pela juventude do PCdoB.
Sabemos como tais organizações atuam atreladas aos setores da classe dominante e do
Estado, com acordões impostos e que tentam colocar suas decisões de cima pra baixo
passando por cima do conjunto de estudantes. Essa militância não vê problema em apoiar um
Reitor e um governo que diversas vezes nos atacou em benefício dos de cima e ao mesmo
tempo querer puxar uma ocupação, mas ficamos felizes em saber que o movimento de ocupação
da UFPR possui em sua maioria estudantes que não compõem essas organizações e que não irão
deixar que essa forte e importante mobilização para barrar os ataques à população sirva
como palanque para sua atuação pelega.
A ocupação é legítima e deve ser construída lado a lado pelos estudantes de forma
horizontal e autônoma, sem deixar que grupos políticos fiquem a vontade para cooptar o
movimento. Que as plenárias sigam como instâncias máximas de deliberação e que não
prevaleça o protagonismo de certos grupos sobre a organização do movimento. É pela ação
dos de baixo e com independência que pressionaremos o Governo e a Reitoria!
Ocupar e Resistir contra a retirada de direitos, é pela base que se cria poder popular!
https://quebrandomuros.wordpress.com/2016/10/26/nota-de-apoio-as-ocupacoes-na-ufpr-nao-aceitaremos-nenhum-direito-a-menos/
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