(pt) uniao popular anarquista UNIPA: Causa do Povo - edição nº75 - Não vote! Lute!
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Terça-Feira, 11 de Outubro de 2016 - 09:34:39 CEST
O boicote às eleições burguesas e a crise política ---- As eleições municipais de 2016
ocorrem no contexto da crise política da Era PT, ou seja, no contexto da crise política do
projeto de governo de conciliação de classe. ---- O PT assumiu a presidência da República
em 2003 e iniciou um governo de conciliação de classe, isto é, governou atendendo aos
interesses da burguesia, mas se apresentava como o legítimo representante dos interesses
da classe trabalhadora. O resultado foi a submissão das organizações dos trabalhadores às
políticas de um governo que, na verdade só atendia às classes dominantes. ---- Entretanto,
o agravamento da crise econômica mundial por um lado, e, de outro lado, o rompimento de
setores da classe trabalhadora com o projeto petista, cujo marco foi o levante
popular-proletário de junho de 2013, levou a burguesia a abandonar o pacto de conciliação
de classe. Ao abandonar o governo petista, a burguesia desencadeou o processo de impeachment.
Como se vê, o projeto reformista do PT de assumir a presidência da República, como o único
caminho para a classe trabalhadora conquistar seus direitos, foi à falência.
A política de golpe institucional da burguesia foi respondido por uma envergonhada reação
do PT que demonstrou dois elementos:
a) já não ter o mesmo poder de controle sobre as organizações dos trabalhadores, elemento
fundamental para a ação da burguesia, já que o PT perde a sua principal utilidade para a
classe dominante; e
b) a profunda integração do partido na ordem burguesa, percebida na necessidade da cúpula
petista em manter a estabilidade do país visando as eleições de 2018, e de forma ainda
mais escancarada nas eleições municipais, que demonstram a grande hipocrisia da "luta
contra o golpe" e contra os "setores conservadores".
As eleições municipais de 2016 e o reformismo renovado
Na tentativa de se salvar, o PT e seus aliados, PCdoB, PSOL, PCB, e outros partidos
reformistas, saíram em defesa da democracia burguesa. Sob as palavras de ordem "Não vai
ter golpe" e "Fora Temer", procuraram renovar às ilusões da classe trabalhadora com o
processo eleitoral.
O discurso e a luta contra o impeachment parecem ter se dissolvido no ar quando analisamos
o conjunto das coligações para as disputas das eleições municipais. PT, PCdoB e PSOL de
fato esqueceram os "golpistas", pois, segundo informações atualizadas no dia 22 de agosto
na página do TSE, estão coligados com os principais partidos da burguesia: PMDB, PSDB, PP
e DEM. Ou seja, na visão dos dirigentes dos partidos reformistas, enquanto o povo seria
usado de bucha de canhão nas ruas para defender o mandato burguês de Dilma, seus políticos
articulam a manutenção do poder das velhas oligarquias.
É importante que o arco o PSOL, partido que se apresenta como um reformismo renovado, faz
coligações com os principais partidos burgueses em municípios pequenos, de menor
visibilidade. Um exemplo dessa prática é sua participação na candidatura de Decio Lagares
(PSB) para a prefeitura de Espigão do Oeste, Rondônia, cuja coligação conta com a
participação do DEM, entre outros partidos burgueses. Portanto, o PSOL se une aos partidos
burgueses numa região marcada pelos conflitos agrários e pelos assassinatos de camponeses,
explicitando seu caráter colaboracionista.
Eleição é farsa! Só a luta muda a vida!
O abandono das ilusões com a participação nas eleições burguesas é um passo fundamental
para a ruptura com as concepções e práticas reformistas que, considerando a Era PT,
somente contribui para a manutenção da dominação burguesa.
A cada eleição o boicote popular é significativo, o que comprova que uma parcela
expressiva da classe trabalhadora não nutre esperanças na via eleitoral. Se participação
nas eleições é abrir mão do protagonismo popular nas lutas sociais, o boicote eleitoral é
um primeiro passo na construção do poder popular.
Por isso, é necessário dar um passo além. É necessário avançar para organizações de
conselhos populares que possam assumir as lutas da classe trabalhadora na direção da
ruptura com a ordem burguesa.
Os comitês de boicote às eleições devem estar enraizados nas organizações populares nos
locais de moradia, trabalho e estudo. Porque será a partir da organização de base, de
baixo para cima, que as lutas e as organizações populares irão assumir a dimensão
necessária para a ruptura com a exploração e a opressão burguesa.
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