(pt) CALC - [CQM] NOTA DE REPÚDIO À UPES, UBES E UJS - RESPEITEM O MOVIMENTO SECUNDARISTA!
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Sábado, 5 de Novembro de 2016 - 13:32:39 CET
Os estudantes secundaristas de todo o Paraná estão dando uma verdadeira aula de luta por
direitos! Desde a primeira escola ocupada contra a Medida Provisória nº 746, que impõe uma
Reforma no Ensino Médio, há quase um mês, o número de ocupações já ultrapassou a marca de
800 escolas no estado. Aos poucos, a luta dos e das secundaristas contra os ataques à
educação pública vem tomando um caráter nacional e já elevou a casa de mil ocupações em
todas as regiões do país, sendo um número histórico em nível internacional. ---- Além da
pressão da grande mídia, do governo e, muitas vezes, das direções das escolas contra as
ocupações, a mobilização dos estudantes se tornou alvo de organizações de direita, como o
Movimento Brasil Livre - MBL, que aproveita o efeito das campanhas mentirosas da mídia e
do governo para chamar manifestações em frente às escolas ocupadas. Os estudantes tem
sofrido diversos ataques e tentativas de desocupações forçadas que ameaçam aqueles e
aquelas que estão lutando pela não-retirada de direitos. A direita planeja seus ataques,
mas a solidariedade dos de baixo tem falado mais alto e manifestações de apoio tem
ocorrido em quase todos as ocupações que esses grupos tentam chegar, impedindo suas ações.
Atendendo à demanda do governo estadual, a Justiça concedeu a reintegração de posse de 25
escolas ocupadas em Curitiba na última quinta-feira (27), além de outras liminares que já
haviam sido assinadas em cidades como Londrina e Ponta Grossa. Entre as escolas de
Curitiba que deveriam ser desocupadas imediatamente, está o Colégio Estadual do Paraná, o
maior do estado e uma referência nacional das ocupações secundaristas. No entanto, ao
contrário do que pretendem certas organizações, isso não significa em hipótese alguma o
protagonismo dessa escola em detrimento das demais. A força do movimento reside no grande
número de ocupações, na organização e mobilização por local de estudo, nas periferias e
regiões metropolitanas - que contra todas as adversidades tem construído a resistência dia
após dia.
Sabemos que não é de hoje que organizações estudantis vinculadas à política representativa
como a União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES) e a União Brasileira dos
Estudantes Secundaristas (UBES) - ambas aparelhadas pela União da Juventude Socialista
(UJS, juventude do PCdoB) - vendem sua imagem como organizações de luta que constroem suas
políticas ao lado de trabalhadores e estudantes, mas na prática passam por cima das
decisões coletivas e fazem acordos que só beneficiam seus próprios interesses, usando o
nome de movimentos independentes que estão na luta por pautas concretas. Tais entidades,
incluindo também a União Nacional dos Estudantes (UNE), fizeram parte do arco de
sustentação ao projeto de conciliação de classes levado a cabo pelo Partido dos
Trabalhadores (PT) no período em que esteve a frente do governo federal. Dentro desse
projeto - que contou com a participação de banqueiros, empreiteiras, do agronegócio e de
grandes empresários, além da institucionalização de diversos movimentos sociais - a UPES,
UBES e UNE agiram como braços do governo federal, desmobilizando lutas e apoiando
programas de transferência de recursos da educação pública para empresas privadas de
educação. Seguiram a cartilha do governo federal, se negando a fazer qualquer crítica e
freando movimentos contrários à tais medidas.
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Não esqueceremos! Em abraço com a líder ruralista Katia Abreu (PMDB), a presidenta da UNE,
Carina Vitral, e a então presidenta da UBES, Barbara Melo. Ambas da UJS/PCdoB.
Esse caráter hierarquizante e conciliador ficou evidente para muitos estudantes nas
assembleias das ocupações convocadas pelo ‘Ocupa Paraná' - página vinculada a essas
organizações - sobretudo na assembleia estadual realizada em 26 de outubro. Os
secundaristas, que tiveram pouco espaço para se colocar (além da questão burocrática das
inscrições por internet), defenderam a importância de impulsionar e nacionalizar o
movimento. Afinal, a MP 746 e a PEC 241 (agora PEC 55) são pautas nacionais e fogem da
alçada do governador Beto Richa negociá-las ou não, como propunham essas entidades sem
ouvir a base estudantil.
Contudo, o desrespeito com o movimento autônomo dos estudantes chegou ao seu auge na
última sexta-feira (28), quando o Colégio Estadual do Paraná foi notificado da
reintegração de posse. Nessa ocasião, a UPES e UJS comprovaram seus reais interesses ao
negociar, sem qualquer consulta aos estudantes, a desocupação das 24 escolas que estão na
lista de reintegração para manter apenas a ocupação do CEP por mais 10 dias.Assim, todos
desocupariam suas escolas para compor uma única ocupação central, sem levar em conta a
realidade das escolas periféricas que sofrem com a falta de visibilidade e apoio nas
lutas, além da criminalização recorrente.
upes-e-ney
Presidente da UPES e militante da UJS, Matheus dos Santos em campanha com Ney Leprevost
(PSD). O PCdoB estava na coligação do candidato desde o primeiro turno.
Os estudantes que ocupam o CEP negaram essa proposta em assembleia e publicaram uma nota
repudiando essa atitude centralizadora que, além de ferir a horizontalidade do movimento,
também o enfraquece em um momento em que a perspectiva é de fortalecimento e
nacionalização das lutas.
Demonstramos nosso apoio a todas e todos os estudantes secundaristas, que tem construindo
coletivamente um movimento que segue como exemplo de luta e resistência frente aos
constantes ataques que vem do andar de cima. É fundamental fortalecer constantemente os
laços de solidariedade entre as ocupações, e princípios já presentes como a
horizontalidade, a autogestão e a organização por local de estudo.
Só nos organizando de maneira autônoma e combativa que iremos mudar nossa realidade. Até
vencer! Firmes!
https://anarquismopr.org/2016/11/03/cqm-nota-de-repudio-a-upes-ubes-e-ujs-respeitem-o-movimento-secundarista/
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