(pt) Itália, Federação Anarquista Reggiana – FAI: Solidariedade a todas as vítimas da guerra e do terrorismo
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Quinta-Feira, 31 de Março de 2016 - 14:58:37 CEST
Os ataques bárbaros de vinte e dois de Março, em Bruxelas [Bélgica] confirmam tragicamente
o que estamos discutindo há algum tempo: nós somos as vítimas dos jogos de poder.
Analisemos a dinâmica que vimos durante todos os últimos ataques: dezenas de pessoas
mortas, políticos grisalhos ou em camisas verdes que expressam sua vulgaridade na
esperança de juntar mais alguns votos, as clássicas lágrimas de crocodilo dos líderes
europeus que, enquanto expressam simpatia para com os mortos nas capitais ocidentais,
exportam a guerra e morte em todo o mundo, assassinos islâmicos que orgulhosamente
reivindicam ataques mortais e que aplicam a mesma lógica de poder dos estados. Este é o
show, cada vez mais trágico na sua repetição, que vemos de longe até agora desde Setembro
de 2001.
A retórica do choque de civilizações forneceu a tela ideológica para as guerras que
causaram centenas de milhares de mortes em toda a Mesopotâmia, Norte da África e na Ásia
Central. Centenas de milhares de pessoas são forçadas a migrar de suas terras como
refugiados, morrendo aos milhares na viagem, impulsionados por guerras que parecem não ter
fim, conflitos amplamente fomentados e apoiados por governos ocidentais, mas também pela
Rússia, pelos turcos, e pelas petromonarquias do Golfo e pela indústria armamentista em
todo o mundo.
E enquanto os nossos racistas e fascistas lançam mão de propostas de fechamento
anti-humanitário das fronteiras e a suspensão de direitos, a União Europeia começa a dar
bilhões de euros para o ditador belicista Erdogan na esperança de ser capaz de delegar-lhe
a gestão do fluxo de refugiados da Síria, fingindo não saber que o governo turco está, por
cálculo político, entre os principais patrocinadores do Estado Islâmico.
A União Europeia dá dinheiro sustentando politicamente, militarmente e logisticamente a
mesma entidade que agora reivindica os ataques contra as cidades europeias. Um movimento
digno de uma comédia, mas não há nada para rir: é a realidade. Um movimento que mostra
como a classe dominante ocidental não tem nenhuma necessidade real para pôr fim à questão
do terrorismo e como isso serve os interesses daqueles que fazem o seu negócio na pele das
pessoas. Por ocasião dos ataques de Paris e Beirut, em Novembro de 2015, escrevemos que
esta é a guerra deles, porque são eles que ganham dinheiro, mas que os mortos são nossos:
que as vítimas estejam em um aeroporto belga ou em um bistrô parisiense, ou em um metrô de
Londres ou no mercado sírio, numa Rua de Istambul ou na cidade de Bakur, que as explosões
sejam causadas por explosivos almofadados ou por um míssil sofisticado fabricado na Itália
e vendido para a Arábia Saudita, que é lançado num mercado do Iêmen, para nós pouco muda.
Nós não aceitamos a ideia de que as vítimas em solo europeu devem ser choradas enquanto
aquelas na margem sul do Mediterrâneo devem ser amontoadas na categoria de “dano colateral
da guerra contra o terror” ou como qualquer merda similar. A barbárie do sistema econômico
e político em que vivemos se demonstrou mais uma vez hoje. Para nós, os que nos planos dos
governantes somos descartáveis, restam a tarefa de construir uma alternativa. Não é uma
tarefa fácil, mas é possível, como se tem demonstrado pela luta daqueles que, como em
Rojava, em Bakur e na Turquia, se opõem às políticas dos poderes regionais e aqueles que,
na Europa, se opõem às políticas antipopulares, belicistas e racistas de seus próprios
governos. A tarefa é possível e cada vez mais necessária para alcançar uma sociedade mais
justa, livre e solidária.
Federação Anarquista Reggiana – FAI
federazioneanarchicareggiana.noblogs.org
Tradução > Liberto
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