(pt) colectivo libertario evora: MORREU O ANARQUISTA ALGARVIO JÚLIO CARRAPATO, CIDADÃO DO MUNDO
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Sábado, 25 de Junho de 2016 - 14:56:17 CEST
Chega-nos a notícia da morte de Júlio Carrapato. O anarquista algarvio, tradutor,
livreiro, editor, professor universitário, mas sobretudo um homem que gostava da vida e da
liberdade, morreu esta terça-feira em Faro e o seu corpo será autopsiado esta
quarta-feira, não se sabendo ainda quando terão lugar as cerimónias fúnebres ---- Júlio
Carrapato (1947- 2016) esteve ligado ao grupo “Acção Directa”, nutrindo especiais relações
de proximidade com elementos deste grupo forjadas em Paris, onde vários dos seus elementos
estiveram refractários à guerra colonial; pertenceu depois ao grupo “Apoio Mútuo”, de
Évora, onde foi professor nos primeiros tempos da Universidade; criou mais tarde o jornal
“O Meridional”, um dos ícones da imprensa libertária pós 25 de Abril.
Regressando a Faro, de onde era natural, abriu a livraria e as edições Sotavento.
Entretanto, e posteriormente, traduziu diversos clássicos da literatura anarquista: “O
Povo em Armas”, de Abel Paz; “O Ladrão”, de George Darien, entre outros, e escreveu um
conjunto vasto de livros em que se destacam: “Resposta de Um Anarquista aos Últimos
Moicanos do Marxismo e do Leninismo, assim como aos inúmeros Pintaínhos da Democracia”,
“Novas Crónicas Bem Dispostas”, “Os Descobrimentos Portugueses e Espanhóis ou a Outra
Versão de uma História Mal Contada”, “Para uma Crítica Libertária do Direito seguido de A
Lei e a Autoridade”, “Subsídios para a Reposição da Verdade sobre a Guerra Civil de Espanha”.
Há um par de anos foi operado a um cancro do pulmão. Morre agora uma das vozes mais
inconformadas e irreverentes do anarquismo português do pós-25 de Abril, capaz das maiores
polémicas em torno dos valores do anarquismo – e da necessidade de separação de águas
relativamente ao marxismo e aos vários esquerdismos que gravitavam à sua volta – mas
sempre fortemente solidário com todos os que se reivindicavam da prática anarquista pura e
dura, sem quaisquer cedências ao politicamente correcto.
capa de alguns livros (traduzidos ou escritos por Júlio Carrapato):
Jornal “O Meridional”
Em Abril de 1978 começou a publicar-se em Faro, com sede na Praça Alexandre Herculano, o
jornal “O Meridional”, que se apresentava como um “mensário algarvio”. Em todo o cabeçalho
não havia uma única identificação de que este era um jornal anarquista da primeira à
última das suas 10 páginas. Tendo como seu principal redactor Júlio Carrapato, “O
Meridional” caracterizou-se por textos longos, sem imagens ou fotografias, bem escritos e
muito contundentes para a realidade circundante, poucos anos depois da “instauração da
democracia”.
“O Meridional”, publicou-se durante um escasso período de tempo, mas teve uma grande
influência nos meios anarquistas devido aos textos de autores (então desconhecidos entre
nós) que publicava, à for- ma aguerrida como tratava as questões que, então, estavam na
ordem do dia, não poupando nas críticas fosse à direita ou à esquerda e também devido a
algumas entrevistas, muito completas, com Juan Gomez Casas (o biógrafo de Durruti e
primeiro secretário-geral da CNT após a queda do franquismo), com Simon Leys ou Emídio
Santana.
a.
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Junho 21, 2016. 4 Comentários
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