(pt) Nota da FAG sobre a luta dos secundaristas independentes no RS e o conflito sindical pela ocupação do CAFF:
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Sexta-Feira, 17 de Junho de 2016 - 17:42:51 CEST
Entre a mão pesada da repressão e o “afago” traidor das burocracias. ---- Segue em curso a
guerra de nervos deflagrada pelo governo Sartori contra a greve no magistério estadual e a
ocupação das escolas por parte dos estudantes secundaristas. Após a ocupação da Assembléia
Legislativa por parte da burocracia estudantil na quinta feira passada, quinta-feira,
14/06/2016, que revelava seu verdadeiro intuito: roubar a cena do movimento que resiste
nas bases, a saber, em cada escola ocupada e, com isso, projetar suas organizações
políticas (UJS/PCdoB, JUNTOS/PSOL, Pátria Livre, A Marighela/ALE), esta última que tem se
sentido no direito de se portar como milícia deste campo, agredindo fisicamente,
secundaristas mulheres em atos, coisa que repudiamos profundamente. Estes são os
oportunistas que já preparam ostensivamente a campanha para as eleições municipais.
O acordo espúrio, rebaixado e vazio assinado por essas organizações com o auxílio de seus
parlamentares oportunistas, previa a retirada da educação do projeto de lei que visa à
entrega dos serviços públicos nas mãos de OSs e a liberação de 40 milhões para a educação.
Fazendo um imenso alarde carnavalesco, estas organizações comemoraram tal feito como se
fosse a grande vitória dos últimos tempos. Esqueceram, por sua vez, de consultar as bases,
talvez porque jurassem que tinham o cabresto da rebeldia que tomou conta de diversos
estudantes de norte a sul do país (trairagens do tipo estão rolando solta em todos os
estados) ou, talvez porque acreditaram estar lidando com uma base estúpida, mal informada,
sem discernimento crítico e sem desejo de protagonismo. Viram-se no direito de falar e
deliberar por um movimento que não é e nunca foi controlado por eles, pelo contrário, um
movimento que se mostrou refratário a seus métodos burocráticos que não possuem nada no
horizonte além da busca por uma cadeira nos poderes legislativo e executivo.
Uma das principais características das burocracias sempre foi carnavalizar as derrotas,
transformando-as em vitórias a partir de recursos retóricos e carismáticos que jogam na
despolitização das lutas e no deslumbramento pelas reuniões de gabinetes, uma ânsia
descontrolada em solucionar os conflitos em mesas de negociação, regadas a cafezinhos
servidos pelos inimigos e não nas bases. O gato vendido por lebre na ocasião foi à
retirada da educação. “Esqueceram-se” os nobres representantes estudantis que no caso ao
assinar esse tipo de acordo estão legitimando a entrega às OSs de outros serviços
fundamentais, como é o caso da saúde. Já no que diz respeito aos recursos, aproveitam-se
da desinformação generalizada e no impacto torturante que os números são capazes de
causar. Os R$40 milhões em questão, já haviam sido liberados, mas estavam bloqueados pelo
governo, além do mais R$40 milhões para todo o RS acaba representando uma esmola menor que
R$20 mil para cada escola, que sofrem com falta de estrutura diversas: desde falta de
Xerox e internet, até encanamento, muros caindo, goteiras e infiltrações... Por fim,
nenhuma palavra sobre o famigerado projeto de lei Escola Sem Partido, cujo paladino e
maior agitador ideológico, o playboy deputado da extrema-direita gaúcha Marcel Van Hatem
contratou no final da última semana uma empresa de telemarketing para contatar pais e mães
dos estudantes dizendo que as aulas voltariam ao normal no início da semana. O objeto era
claro, causar um conflito entre estudantes e pais contra e a favor das ocupações, fato que
ocorreu na manhã de quarta-feira na escola Paula Soares, por exemplo.
O corporativismo despolitizante guiou do início ao fim a ação destas agrupações.
Incapacitados de ter um projeto de fortalecer organizações de base viram na ocasião uma
grande oportunidade de fortalecer e legitimar suas respectivas “super-estruturas”,
máquinas de fazer carteirinhas e eleger vereadores. Sequer as organizações oportunistas
deste espectro que tanto se vangloriam de se localizarem a esquerda destas outras
agrupações, foram capazes de sinalizar no famigerado acordo de terça-feira como um avanço
tático. Era preciso um grande carnaval, para que ficassem em evidência e assim suas
respectivas organizações e candidaturas, objetivo do qual toda análise crítica que aposte
em uma luta de longo prazo, de fortalecimento da organização dos próprios estudantes em
cada escola e bairro é vista com desdém.
Organizados no Comitê de Escolas Independentes (CEI), organização de base formada no calor
das ocupações e que vem aglutinando diversos estudantes que fazem linha de frente contra a
burocracia e o aparelhamento em seus locais de estudo, vários estudantes tomaram a
iniciativa de ocupar o prédio da Secretaria da Fazenda na manhã de quarta-feira, exigindo
a total retirada do projeto de lei das OSs e a liberação de mais recursos à educação.
Respaldado no acordo assinado no dia anterior o governo viu-se com a faca e queijo na mão
para fazer o que até então se constrangia: reprimir violentamente os estudantes. As cenas
de selvageria por parte da Brigada Militar e o BOE nunca serão esquecidas por essa geração
que faz suas primeiras experiências de luta e passam pelo batismo de fogo. Estudante por
estudante foi retirado as cacetadas e jatos de spray de pimenta nos rostos. Do lado de
fora quem tentava se aproximar para exprimir solidariedade também era atingido por spray
de pimenta.
Ainda ao lado de fora da SEFAZ fez-se sentir a importante medida de solidariedade dos
municipários de POA que iniciaram sua greve na terça-feira que se concentraram em frente
ao prédio em apoio aos estudantes, recebendo a descarga dos jatos de pimenta da Brigada. O
seguiu depois da retirada violenta dos estudantes do prédio da Sefaz foi, tortura, abuso
sexual, pressão psicológica e muita criminalização. Os menores, todos levados ao Deca
(delegacia da criança e do adolescente) onde foram intimidados pelos policiais, mais uma
vez, com apoio do Conselho Tutelar que fez chantagem nos pais e mães que vinham buscar
seus filhos e filhas, dizendo para estes que era melhor “não deixar mais os jovens irem
para as ocupações”. Aos jovens maiores de idade a questão foi mais absurda ainda, estes
foram levados e fichados na delegacia de polícia pelos crimes de corrupção de menores,
formação criminosa, esbulho possessório, entre outras coisas, num total de seis acusações,
todas elas absurdas. Precedente gravíssimo de criminalização aos lutadores do RS. Estamos
atentas/os a isso, este grupo que foi incriminado pelo Estado/Justiça opressores estão em
liberdade provisória, toda a solidariedade é necessária e uma campanha contra esta ação é
urgente.
Enquanto todo esse cenário se desenrolava, o prédio do CAFF seguia ocupado desde
segunda-feira por parte dos professores em greve. Na terça-feira o governo começou a
mobilizar a Brigada Militar para impedir a entrada de pessoas no prédio e com isso tentar
isolar a mobilização, ainda assim várias pessoas conseguiram furar o bloqueio. O conflito
do CAFF parece ter surpreendido todos, grevistas, ocupantes e a própria direção do
sindicato, o que era para ser uma ação simbólica de desfecho de uma greve bem
enfraquecida, se tornou uma ocupação de cindo dias. Mesmo com este enfraquecimento da
categoria do CPERGS, por descrédito no sindicato, houve uma demonstração de força
importante por parte dos ocupantes do CAFF. Neste conflito sindical que teve como desfecho
sua saída hoje e que conseguiu garantir apenas uma nova audiência ainda em aberto, deixa
como lição o fato de que o trabalho sindical para fortalecer a categoria, deve se dar no
empoderando seus núcleos em uma perspectiva de base, de descentralização da direção
burocrata, na orientação por zonais, onde possa atuar em conjunto com a comunidade, etc.
Existe hoje no RS um campo aberto para lutar pela educação, de baixo pra cima, articulando
os professores de luta e os estudantes combativos, esta tarefa esta colocada para todos
aquelas e aqueles que pensam para além de seus umbigos e que acreditam no protagonismo de
base destas categorias, sem a ânsia de ser os “representantes” destas vozes, ao contrário,
queremos que estes setores possam dizer, por si mesmo, como avançar e resistir na defesa
da Educação pública e de qualidade.
RODEAR DE SOLIDARIEDADE XS QUE LUTAM!
PROTESTO NÃO É CRIME!
NÃO SE AJUSTA QUEM PELEIA!
Em cada escola Luta e Rebeldia!
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