(pt) Coletivo Anarquista Luta de Classe: OPINIÃO ANARQUISTA #7: FRENTE AOS ATAQUES, A INOVAÇÃO DAS TÁTICAS
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Terça-Feira, 23 de Fevereiro de 2016 - 15:53:16 CET
Novo Opinião Anarquista do Coletivo Anarquista Luta de Classe sobre a luta por transporte
público e de qualidade: ---- Baixe em PDF: Opinião Anarquista 7
https://coletivoanarquistalutadeclasse.files.wordpress.com/2014/04/opiniao-anarquista-fev-2016-leve.pdf
---- Frente aos ataques, a inovação das táticas ---- Mais uma vez, o aumento da tarifa do
transporte coletivo pegou o povo de “surpresa”. Apesar do espanto, os ataques ao bolso das
pessoas que andam que ônibus já não é mais novidade. Ano após ano, a máfia do transporte
de Curitiba aumenta o valor da tarifa e quem sai perdendo são sempre os de baixo,
trabalhadores (as) e estudantes em sua maioria. ---- No último dia 1º de fevereiro, a
tarifa dos ônibus de Curitiba passou de R$ 3,30 para R$ 3,70. Um aumento de 40 centavos!
Aos domingos, que era cobrado R$ 1,50 passa a ser R$ 2,50. Um aumento de 66%!
A Prefeitura, para tentar minimizar o choque e a revolta da população com esse aumento
absurdo, diz que os outros serviços públicos – como água e luz – subiram ainda mais que a
passagem de ônibus. Parece brincadeira, não é?
Os ricos empresários do transporte alegam que não têm mais condições de arcar com os
custos de manutenção e operação dos ônibus que circulam na região. O motivo deles é o
mesmo de sempre: o aumento no preço de insumos e o reajuste salarial dos (as) trabalhares
(as) do transporte.
Desde o último aumento a integração de Curitiba com a Região Metropolitana também foi
ameaçada. A prefeitura e os empresários alegam, mais uma vez, que para manter a integração
é necessário aumentar ainda mais o preço das passagens. Cidades como Colombo, Piraquara e
São José dos Pinhais já não têm integração com Curitiba e possuem preços mais caros que o
cobrado na capital.
Com o novo aumento, a tarifa em Piraquara e Fazenda Rio Grande chegou ao patamar de R$
3,90! Quem mora longe paga cada vez mais caro para andar de ônibus. Com a criação dos
chamados “degraus tarifários”, a tarifa cobrada em Bocaiúva do Sul, Contenda, Rio Branco
do Sul e Itaperuçu chega ao inaceitável valor de R$ 4,70!
Os ataques ao nosso bolso são cada vez mais intensos e não vemos melhorias concretas na
qualidade dos ônibus ou na quantidade de linhas do transporte coletivo. Os ônibus
continuam demorando a passar e quando chegam estão quase sempre lotados.
Alguns terminais de ônibus, como o Terminal Santa Cândida, ainda estão em fase de término
da obra. Na Linha Verde as obras foram retomadas há pouco tempo, sendo que a promessa era
que estivessem prontas antes da Copa do Mundo de 2014! Outros tantos terminais que
precisam de reformas urgentes são ignorados pelos governantes.
MOBILIZAÇÃO E AÇÃO DIRETA
No início deste ano vimos várias cidades do país irem às ruas contra o aumento da tarifa
do ônibus. São Paulo, Rio de Janeiro, Joinville, Belo Horizonte e Florianópolis tiveram
grandes atos. Em Curitiba também tivemos mobilização, chamadas pela Frente de Luta pelo
Transporte (FLPT), a campanha “3,70 de nem tenta!” e o Movimento de Acompanhamento ao
Transporte Urbano (MATU). No dia 2 de fevereiro, o povo mobilizado foi às ruas e trancou
algumas das principais vias do centro da capital. O ato seguiu até a Prefeitura de
Curitiba para pressionar o prefeito Gustavo Fruet (PDT) a negociar com o movimento.
RENOVAR AS TÁTICAS, APRENDER COM OS MAIS NOVOS
No final de 2015 vimos em São Paulo um movimento protagonizado por estudantes
secundaristas que foi forte e saiu vitorioso. Foi mais de 200 escolas ocupadas em sinal de
resistência ao fechamento de escolas e à “reorganização escolar” planejado pelo governador
Geraldo Alckmin (PSDB).
O processo de ocupações organizado pelo movimento estudantil secundarista retomou
instrumentos de organização da classe oprimida até então abandonados pela esquerda
tradicional: ação direta, independência de classe, autonomia e autogestão dos espaços de
luta. Foram essas as ferramentas que levaram os/as secundaristas à vitória!
Se, para além de muita luta, também queremos vitórias econômicas e políticas, devemos
olhar para esse movimento e aprender com ele. Devemos construir o movimento de luta pelo
transporte a partir das bases. As escolas são locais muito importantes para a militância
na luta por transporte público.
Além das tradicionais e indispensáveis panfletagens nas portas das escolas, é necessário
que o movimento esteja nas escolas, construindo diálogo com os/as estudantes e trazendo
toda essa galera para a luta.
Hoje, a cada três estudantes que abandonam os estudos, 1 é decorrente dos altos gastos que
as famílias têm com o transporte. O transporte é a terceira maior despesa das famílias no
Brasil.
Temos visto que existe certo esgotamento do modelo comum de atos de rua, que iniciam em um
ponto do centro da cidade e caminham até a Prefeitura, se encerrando com algumas palavras
de ordem ou encaminhando uma nova reunião.
O movimento secundarista foi vitorioso porque sua dinâmica de atuação foi diferente do que
até então se vinha experimentando. O movimento foi criativo, inovador, combativo e eficaz!
O movimento contra o fechamento das escolas em SP representou um avanço
político-organizativo que deve ser observado por toda a esquerda, levando esse acúmulo não
apenas para seus grupos de estudos, mas também, para suas ações nas ruas.
Uma tática histórica do movimento pelo transporte é o “catracasso”, abrindo os tubos de
ônibus para que as pessoas usufruam de Tarifa Zero! O Movimento de Curitiba tem se
utilizado dessa tática, que dialoga com a população e beneficia quem mais precisa.
CRISE ECONÔMICA x DIREITO À CIDADE
Para entendermos melhor o cenário em que estamos inseridos, é necessário compreender o
caminho desde os cortes no orçamento nacional (conhecidos como “ajuste fiscal”) promovidos
pela presidenta Dilma Rouseff (PT), até o aumento da tarifa na catraca.
Basicamente, os enormes cortes em saúde, educação e programas sociais por exemplo foram
realizados para se alcançar o superávit primário, que é aquilo que o governo “economiza”
para o pagamento de juros da impagável divida pública.
O Ministério das Cidades, em conjunto com o Ministério dos Transportes, foram os que, no
final do ano passado, sofreram os maiores cortes. Isso quer dizer que os municípios e
estados passaram a receber ainda menos dinheiro da União para arcar com os custos do
transporte coletivo e demais serviços públicos.
Apesar disso, não podemos cair no erro de achar que é a “falta de dinheiro” o problema
central da questão do transporte coletivo em Curitiba. Não é de hoje que estão
escancaradas as enormes taxas de lucro dos empresários do transporte na capital
paranaense. Eles, além de lucrarem dentro do marco legal do capitalismo (o que, em nossa
opinião, já representa roubo aos de baixo), ainda se utilizam de fraudes para ganhar ainda
mais à custa do povo.
Desde a década de 70 movimentos sociais de luta por transporte público denunciam a
formação de cartel no processo de licitação das linhas de transporte curitibanas.
Atualmente, apenas uma família é dona de 70% do sistema de transporte da Grande Curitiba.
O poder econômico da família Gulin concede a eles grande influência também no meio
político. Por isso, sai prefeito e entra prefeito, mudam os mandatos dos vereadores, mas
os Gulin continuam mantendo seu lugar de privilégio. Para se mantiverem ricos, roubam do
povo, que perde seu direito à cidade.
Nesse ano de eleição, muitos políticos tentarão construir sua campanha querendo usar a
pauta do transporte como alavanca eleitoral em seu próprio beneficio. Serão muitos os
charlatões, oportunistas e políticos de má-fé. Nós não devemos acreditar que é votando no
candidato A ou B que a vida do povo vai, de fato, mudar.
O Coletivo Anarquista Luta de Classe (CALC) entende que não importa se o candidato (a)
veste a roupagem “mais popular” ou “menos popular”, pois todos representam os interesses
dos de cima e da máfia do transporte. O que faz a diferença e traz conquistas concretas
para a vida do povo é a organização e a luta nas ruas, e será somente isso que trará a
vitória para o movimento por transporte verdadeiramente público.
Será com nossas próprias mãos, com nossa força social, que conseguiremos barrar esse
aumento. De cima só vêm ataques e migalhas.
Somente com Poder Popular é que as condições de vida irão melhorar e por isso é sempre
hora de lutar e reagir. Política se faz todos os dias e de baixo pra cima! Sem nenhuma
ilusão na farsa eleitoral, pois o prefeito, os vereadores, a presidenta, e todos os
representantes do Estado tem um lado, e não é o nosso!
Por uma vida sem catracas!
Nossas urgências não cabem nas urnas!
CALC, Fevereiro 2016
http://anarquismopr.org/2016/02/17/opiniao-anarquista-7-frente-aos-ataques-a-inovacao-das-taticas/
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