(pt) Brazil, Anarchist Federation Gaucha FAG - Periferia do Vale do Gravataí se levanta contra o governo e o patrão
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Sexta-Feira, 29 de Maio de 2015 - 09:46:37 CEST
A última semana foi marcada por focos de resistência que ganharam expressão local e
estadual lutando contra o governo municipal e a máfia do transporte metropolitano. Nos
referimos aqui, principalmente, a luta travada pela periferia em oposição ao fechamento
arbitrário de Unidades Básicas de Saúde e ao piquete promovido na zona norte da cidade
contra a empresa laranja de transporte metropolitano, a Transcal, que opera há alguns anos
com nova razão social da mesma máfia que comanda o serviço há décadas na região do Vale do
Gravataí. ---- No caso de Cachoeirinha, é importante registrar que em ambos os processos
de luta popular, além da presença libertária, operam interesses escusos de forças
políticas que são base de apoio do governo federal. Citamos aqui principalmente o PT e o
PCdoB que almejam aprofundar o desgaste político do PSB que há quase uma década comanda a
Prefeitura desde o racha do "irmão bastardo" Stédile, sendo Cachoeirinha a maior base do
partido no Estado do RS. No entanto, sempre é bom ressaltar que, independente do jogo
partidário, a luta popular e as suas respectivas pautas são completamente legítimas,
embora a coligação que governa o município tente deslegitimar toda e qualquer resistência
dos de baixo.
O desafio que sempre esteve na ordem do dia é o de garantir, além da independência de
classe, a permanência e coordenação ao longo do tempo dessas expressões de resistência do
povo em luta na região, pois há inúmeros processos que resultaram dispersos após a
conquista da necessidade imediata. Isso sem falar na fragmentação por força da cooptação e
da intimidação.
Entre esses processos de resistência temos exemplos recentes que vão desde a vitoriosa
luta contra a privatização da água em 2010 reunindo diversos sujeitos e tendo na
comunicação popular o catalisador da revolta; as ações diretas com algumas vitórias
pontuais da Frente de Luta pelo Transporte Público nos anos de 2012, 2013 e 2014; a
conquista da moradia pela comunidade Arinos de Gravataí em 2014 e as lutas pela água de
diversas comunidades; a resistência dos trabalhadores municipários de Cachoeirinha por
meio do sindicato da categoria, sendo a oposição política de mais expressão e estabilidade
ao longo dos últimos sete anos.
Porém, longe de simplesmente contar histórias onde o anarquismo operou como motor desses
processos de luta na região, queremos fazer memória dessa resistência para que, a partir
da experiência política acumulada, possamos superar os limites que foram comuns a essas
lutas. Até mesmo porque na atual conjuntura onde partidos com origem de esquerda e hoje
estão no governo federal aplicando as medidas de ajuste fiscal, não representam
alternativa de poder real para solucionar as demandas dos de baixo, pois o aparente
engajamento e dedicação militante tem prazo de validade até a disputa eleitoral de 2016.
Portanto, fazemos essa reflexão e análise para debate junto as companheiras e companheiros
que constroem conosco no dia a dia a necessidade de engajamento para mudança e
transformação desse sistema de dominação que em nossa região opera com algumas
características singulares.
A luta da saúde é uma pauta comum dos usuários e trabalhadores do ramo
Nas últimas semanas em Cachoeirinha, a pauta da saúde tem sido protagonizada pela
periferia que luta contra o fechamento e a reestruturação arbitrária das Unidades Básicas.
A ação direta realizada em frente è prefeitura municipal e que ocupou por iniciativa
popular o gabinete do chefe do poder executivo pra fazer pressão, rendeu no dia seguinte a
promessa do Secretário de Saúde de manutenção das atividades dos postos sem cessar o
atendimento. Vitória parcial do povo organizado. No entanto, o desafio neste momento é
colocar em movimento usuários e trabalhadores do ramo, pois as ações antipopulares do
governo municipal são apenas parte da estratégia de tratar o serviço de saúde como um
negócio privado. Isso irá afetar tanto a comunidade quanto os trabalhadores do ramo, pois
a lógica a ser implantada é a da meritocracia, do fazer mais com menos recursos e impor ao
trabalhador a disputa competitiva sob o engodo da premiação por produtividade. Portanto, é
urgente e necessário unificar os interesses dos trabalhadores e usuários numa perspectiva
classista.
A luta pelo transporte público é das comunidades, dos estudantes e dos rodoviários
O piquete da última sexta-feira em frente à garagem da Transcal durou bravamente mais de
cinco horas, inviabilizou a circulação dos ônibus na região metropolitana na região e
ganhou repercussão em todo o Estado do RS. Foi uma experiência ímpar de enfrentamento
direto com a patronal do transporte, tendo a comunidade como sujeito protagonista desse
processo que enfrentou sem medo a intimidação truculenta da empresa e da Brigada Militar.
Na pauta de reivindicações, para além da revolta em virtude da redução dos horários e
mudança de itinerário de algumas linhas, incorporaram-se solidariamente demandas dos
trabalhadores rodoviários que não são defendidas pelo sindicato metropolitano, tão pelego
e mafioso quanto o da capital. Como conquista imediata obteve-se o retorno do itinerário
comum da linha que circula pelo bairro Granja Esperança naquele mesmo dia. As demais
pautas ficaram na promessa de serem atendidas pela empresa até a próxima semana, mas todos
cientes da necessidade de manter a mobilização permanente para pressionar a Transcal no
cumprimento dessas demandas. O cenário deste próximo mês torna imprescindível a
necessidade de unificar a luta pelo transporte público desde as comunidades, dos
estudantes e dos trabalhadores rodoviários, pois está anunciado o aumento das passagens de
ônibus concomitante ao dissídio da categoria, tanto a nível municipal, quanto na região
metropolitana. Sabemos que a empresa irá tentar justificar o aumento jogando trabalhadores
contra usuários, portanto, essa experiência recente do piquete abre um precedente na luta
pelo transporte público de aliança entre os distintos segmentos e que deve ser mantida a
todo o custo.
A luta pela água é contra a privatização do saneamento
Como parte das lutas na região, as diversas mobilizações da comunidade no ano de 2014 em
virtude da falta da água expuseram a precariedade dos serviços prestados pela CORSAN.
Estivemos dentro desse processo, porém com uma linha firme de defesa do caráter público do
serviço e contra a privatização: http://www.federacaoanarquistagaucha.org/?p=245
Naquela circunstância o prefeito Marco Alba já insinuava o rompimento do contrato com a
CORSAN para abertura de licitação e privatização do saneamento. Nessa semana, porém, num
cenário distinto em relação ao do ano passado onde vivemos um considerável descenso das
diversas lutas na cidade, o prefeito do PMDB anunciou que fará o rompimento do contrato
com a CORSAN. Está na ordem do dia, portanto, o movimento popular e sindical tomar parte
dessa pauta sob o risco de sofrermos uma enorme derrota enquanto classe.
Potencializar a luta sindical para além do corporativismo e coordenar as lutas na região
para fortalecer o poder dos de baixo
Diante do contexto de mobilizações nacionais contra as terceirizações (PL 4330) e o ajuste
fiscal (MPs 664 e 665), que flexibiliza diversos direitos, como o seguro desemprego, a
atual conjuntura torna-se ímpar para que as mobilizações locais ganhem amplitude e
repercussão ao mesmo tempo em que serão fortalecidas. Nossa modesta força militante está
atuante nesses processos de luta com uma linha e conduta coerente de fortalecimento do
poder de baixo. Não trocamos nossa independência política por cargos e tampouco nos
engajamos nas lutas com pretensões políticas-eleitorais. Nossa estratégia de mudança passa
pela construção do Poder Popular que vem sendo gestado e criado a partir das experiências
concretas acumuladas ao longo dos 20 anos que completa nossa organização. Está na hora de
coordenamos as experiências de luta na região com critérios de independência,
solidariedade de classe e protagonismo de base.
Todos à luta no dia 29 de Maio, contra a terceirização do PL 4330 e o ajuste fiscal das
MPs 664 e 665!
Por uma coordenação das lutas na região para fecharmos o punho contra o inimigo de classe
e superarmos a fragmentação!
Que a ofensa feita a um seja a luta de todos!
Federação Anarquista Gaúcha - FAG - Organização integrante da Coordenação Anarquista
Brasileira (CAB)
20 anos (1995-2015)
24 de Maio de 2015
http://www.federacaoanarquistagaucha.org/?p=1127
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