(pt) Federação Anarquista do Rio de Janeiro FARJ - Nem dia 13, nem dia 15: organizar a luta pelas bases nos próximos meses! (en) )
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Domingo, 15 de Março de 2015 - 10:16:20 CET
Os recentes acontecimentos políticos no Brasil trouxeram o debate em torno do possível
impeachment e do golpismo de setores da direita declarada. Duas manifestações estão
marcadas, uma para o dia 13, composta de movimentos sociais, partidos e organizações em
sua maioria ligadas ao governo e outra dia 15, organizadas por agrupamentos de direita e
extrema-direita. ---- A direita se organiza: dentro e fora do governo ---- É inegável
certa organização e crescimento de organizações de direita, algumas financiadas pelo
imperialismo ou por organismos internacionais que estão se mobilizando para combater
agendas progressistas. Se os agrupamentos conservadores e da direita sangram o governo com
a ideia do impeachment, não há como negar também a presença da política da direita e da
burguesia no interior do próprio governo. Os ajustes fiscais neoliberais de Joaquim Levy,
a repressão às lutas sociais (processo dos 23 no Rio de Janeiro, mais companheiros da
Coordenação Anarquista Brasileira em SC e RS), a política de militarização tocada pelo PT
nas favelas (UPP's e exército), o congresso totalmente conservador, a expansão do plano
IIRSA no Brasil e o menor índice de famílias assentadas na história da reforma agrária no
país; todos esses elementos indicam o óbvio que com impeachment ou não, o programa da
direita já está no poder. Seu trabalho agora é apenas acabar de reorganizar um novo ciclo
de sua hegemonia dentro do organismo político da classe dominante: o Estado.
Exército na Maré: o legado de militarização das comunidades pobres foi deixado pelo
governismo.
Soluções dentro do sistema não mudam nada para os trabalhadores
Como resposta a mobilização golpista, estimulada por agrupamentos de extrema-direita e
setores do imperialismo, o PT vem mobilizar suas bases. Centrais sindicais, movimentos
sociais, dentro ou fora da órbita do PT são incentivados a mobilizar-se para defender o
governo ou tentar fazer "reforma política" dentro do sistema. Por mais que digam que a
luta é por direitos, o sentido dado por essa mobilização é bem claro: defesa do governo
Dilma. O mesmo governo que tanto beneficiou a burguesia e arrancou direitos dos
trabalhadores. Com a ameaça de impeachment, o PT faz-se de vítima e reforça sua presença
nos movimentos sociais que ele utilizou para promover seu pacto de classes e quanto ao
PSDB e aos agrupamentos de direita, conseguem surfar na onda do golpismo, fazendo avançar
sua política conservadora.
Independente do que aconteça, a política de austeridade, precariedade e repressão aos
movimentos autônomos vai continuar, seja com Dilma (PT) ou Michel Temer (PMDB) no poder. O
ciclo do PT, que montou uma estratégia desde os anos 80 de fazer as mudanças sociais pelo
Estado parece chegar ao fim, e com esse fim, caem as ilusões de que é possível dentro
desse aparelho, fazer avançar qualquer tipo de pauta de esquerda.
Abaixo e à esquerda: as lutas de hoje apontam um caminho para o amanhã
A saída para derrotar a direita (dentro e fora do governo) e o golpismo não passa por
soluções dentro do sistema político burguês, tampouco atrelando as lutas às pautas do PT.
Devemos apoiar os germes de ação direta e poder popular que se anunciam nesse período.
Mesmo que sejam tímidas, eles existem e estão aí no horizonte. Lutas sindicais,
iniciativas camponesas de trancamento de rodovias, ocupações de terra, prédios públicos e
ações populares pela base (Professores, Garis, Estudantes, Sem-tetos, Operários do
COMPERJ, Petroleiros, Camponeses/as), contrariam em muitos casos a burocracia/pelegos e se
mobilizam contra o cortes de direitos e precariedade desse novo governo.
Assembleia dos garis dá indicativo de greve.
Nossos esforços devem estar focados em fortalecermos essas lutas à esquerda e pela base,
para derrotar tanto as mobilizações golpistas quanto o governismo. Toda luta por direitos
sociais e econômicos ameaça as políticas de direita e só assim conseguiremos impor de fato
uma pauta classista. Mas para tocar as lutas por direitos sociais, precisamos reforçar
movimentos populares autônomos e vencer o governismo pelo método correto. Agir sem
sectarismo, com política de construção pelas bases, sem reproduzir os mesmos vícios da
esquerda autoritária e o vanguardismo.
Derrotar as posições de direita e o governismo passa por enraizamento e capilaridade
social. Organizar a luta de classes nos locais de moradia, trabalho e estudo! Essa é a
tarefa daquelas/es que lutam para os próximos meses: unir o disperso e organizar o
desorganizado. A resistência contra o fascismo e o governismo vem do poder da classe
trabalhadora de se mobilizar de maneira independente.
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Trabalhadores do COMPERJ em ação direta fecharam uma das vias da ponte Rio-Niterói.
Por isso, nem dia 13, nem dia 15!
Organizar as categorias e os sujeitos sociais!
Lutar, criar, poder popular!
https://anarquismorj.wordpress.com/2015/03/13/nem-dia-13-nem-dia-15-organizar-a-luta-pelas-bases-nos-proximos-meses/
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