(pt) União Popular Anarquista (UNIPA) Causa do Povo #71 - Combater a opressão contra as mulheres!
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Terça-Feira, 3 de Março de 2015 - 14:32:55 CET
Desde 2012 o povo curdo em armas na região de Kobane (fronteira síria com a Turquia) deu
início a uma revolução que derrotou o imperialismo e o Estado Islâmico (EIIL). Nesta luta,
as mulheres compõem uma brigada dentro do exército guerrilheiro e estão na linha de frente
pela liberdade e autodeterminação de seu povo. ---- “A luta de classes, fato histórico e
não a afirmação teórica, é refletida no nível do feminismo. As mulheres, como os homens,
são reacionárias, centristas ou revolucionárias. Elas não podem, portanto, travar a mesma
batalha juntas.” ---- Mariátegui, Reivindicações Feministas. --- A questão de gênero está
em grande medida na pauta dos movimentos sociais, da esquerda e sociedade como um todo. A
violência contra a mulher e contra homossexuais é alarmante: dados mostram que de janeiro
a dezembro de 2011 o número de violência baseadas na orientação sexual e na identidade de
gênero, segundo levantamento inédito divulgado pela Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República (SDH-PR), foram de 6.809 violações de direitos humanos contra
LGBTs, envolvendo 1.713 vítimas e 2.275 suspeitos.
Já em relação à violência contra a mulher, segundo um estudo do IPEA – “Estupro no Brasil:
uma radiografia segundo os dados da Saúde” – a pesquisa estima que no mínimo 527 mil
pessoas são estupradas por ano no Brasil, sendo que registros do Sinan (que baseia a
pesquisa) demonstram que 89% das vítimas são do sexo feminino e possuem, em geral, baixa
escolaridade.
As correntes de gênero e alguns desvios
Frente a uma sociedade profundamente marcada pelo conservadorismo patriarcal e pela
mercantilização crescente do trabalho e do corpo da mulher, a luta feminista classista se
demonstra um imperativo. O feminismo e a liberdade sexual assim como a igualdade social
são elementos essenciais para qualquer organização revolucionária. Apesar disso, são
comumente tratados de forma separada. Pautas de classe e pautas de gênero, o que se
configuram como um feminismo pequeno-burguês e um determinismo econômico, o qual colocam a
questão de gênero em segundo plano.
Neste sentido, esbarramos com correntes feministas pós-modernas, policlassistas,
colaboracionistas, comportamentalistas, adeptas à sororidade e desta forma, até
aburguesadas e racistas. Se faz necessário analisar, discutir e atualizar a luta da mulher
dentro da perspectiva materialista, classista e revolucionária, ou seja, dentro do
contexto no qual se desenvolve a sociedade, onde o proletariado sofre objetivamente com
tal sistema de exploração e opressões. Entendemos que para uma real emancipação da mulher
é necessário ter uma emancipação da classe trabalhadora como um todo; sendo assim um
processo dialético.
Tais correntes citadas acima reproduzem a ideia de que o feminismo deve ser a luta de toda
mulher, somente da mulher, e não de toda uma classe. Isto abre brechas para um
colaboracionismo, onde a mulher burguesa está supostamente ao lado da mulher trabalhadora,
e não como sua exploradora em lados opostos. Outra tendência destas correntes é de que
todo homem é um opressor por natureza, não sabe (e sequer pode) lutar ao lado de suas
companheiras.
Da mesma forma, impõem como princípio a questão comportamental, onde a violência e
opressão se vale meramente do comportamento, como modo de se vestir, gestuais etc., não
indo na raiz do problema. Ou então servindo apenas como grupo de apoio e autoajuda, o que
em nossa concepção acaba por despolitizar e se perder a combatividade da questão.
Vencer a opressão é tarefa das mulheres e homens da classe trabalhadora
O machismo e a violência têm causas estruturais presentes tanto em condutas cotidianas
dentro da classe, como através de relações e conflitos entre as classes e o Estado, o que
impõe a necessidade da via combativa e classista, onde o protagonismo proletário e a
solidariedade de classe devem orientar os princípios e ações. Neste sentido, o feminismo
deve incorporar o combate ao racismo, à xenofobia, ao etnocentrismo, à homofobia, a
transfobia; entendendo que quem sofre estas opressões contra a classe trabalhadora é
companheira(o) e deve seguir ombro a ombro nas fileiras da luta de classes.
O machismo e qualquer outra opressão se destrói a partir da luta, organização e ação
direta da classe trabalhadora, sem conciliação de classe, através de exemplos como comitês
de autodefesa das mulheres, o que se possibilita a construção de um autêntico movimento de
classe.
https://uniaoanarquista.wordpress.com/2015/02/26/combater-a-opressao-contra-as-mulheres/#more-1749
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