(pt) anarkismo.net: Radicalidade ainda que tardia - 1 by BrunoL
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Terça-Feira, 2 de Junho de 2015 - 12:21:33 CEST
O nome deste breve texto poderia ser: como é simples expor as bases do rentismo e
mobilizar quem está organizado para combater este absurdo. No final da tarde de 19 de maio
tive a oportunidade de retornar ao contato com a base de trabalhadores do município de
Cachoeirinha (Sindicato dos Municipários de Cachoeirinha), na Região Metropolitana de
Porto Alegre. O tema da formação para a categoria era a relação da dívida pública com a
financeirização da economia e a ausência de controle democrático sobre os rumos da riqueza
nacional. A exposição em si levou menos de uma hora e quinze minutos, incluindo um
saudável intervalo. ---- Na charge adaptada da original estadunidense, o grafista nos
chama a atenção para o óbvio. Quem empresta dinheiro ao banco é o correntista e ele o
"devolve" na forma de crédito. Os bancos operam como a casa (a banca) no cassino.
Trabalhei o argumento da seguinte forma: expus volume da dívida como despesa corrente
líquida (dados de 2014), comparei com os gastos das demais pastas; expus a taxa Selic
atual (13,25%) e a composição do Conselho de Política Monetária (Copom, a instância do
Banco Central) que fixa a mesma. Informei que o Copom leva em conta o Boletim Focus, que é
uma aferição e consulta a menos de 100 pessoas jurídicas através de seus gestores e
administradores (todos do mercado financeiro); dei o exemplo do Santander que tem no
Brasil seu maior faturamento mundial e é muito interessado na elevação desta taxa; citei o
lucro dos bancos privados no primeiro trimestre de 2015 (onde estaríamos em crise);
coloquei os índices de sonegação, apenas utilizando dados da mídia (hoje a sonegação das
780 maiores empresas devedoras da União estaria em R$ 357 bi, ainda sem pagar); dei como
exemplo a Operação Zelotes e a lista das empresas suspeitas da PF de agirem em benefício
próprio através de corrupção e advocacia administrativa e, após, puxei o exemplo para o
Rio Grande do Sul, incluindo uma consulta na dívida ativa do estado e ver quem são os
maiores devedores da Fazenda rio-grandense.
A participação de quem estava presente, a acertada comparação com a realidade local puxada
pelos combativos e classistas militantes da atual direção eleita do Simca fez valer o
momento e, estes momentos, valem toda a correria sem fim do pós-fordismo nosso de cada
dia. Esta reflexão terá sequência e é reforçada com o cínico silêncio da mídia hegemônica
diante da Operação Zelotes e a lista do HSBC, cuja fraude conjunta pode vir a totalizar
mais de R$ 40 bilhões de evasão fiscal e de divisas para o Tesouro Nacional. Insisto
dizendo e repetindo um sem número de vezes que tudo estaria resolvido caso o caminho para
a interpretação das relações de poder reais estivesse ainda aberto. Pois no Brasil este se
encontra justamente no cruzamento destas duas investigações. Apenas com o retorno de R$
200 bilhões do montante sonegado e já não precisaríamos sofrer nenhum "ajuste fiscal"ou
política de austericídio emitido pelo andar de cima.
O fato inegável é que ao não cortar a cabeça da serpente ainda na CPI do Banestado, o
partido de governo termina por colaborar com o giro da roleta dos especuladores,
tornando-se assim uma grotesca caricatura de si mesmo.
Bruno Lima Rocha é professor de ciência política e de relações internacionais.
Site: www.estrategiaeanalise.com.br
Email: strategicanalysis riseup.net
Facebook: blimarocha gmail.com
http://www.anarkismo.net/article/28215
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