(pt) Brazil, União Popular Anarquista (UNIPA) - Causa do Povo nº 72: Redução da maioridade penal: política contra a juventude das periferias
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Quarta-Feira, 8 de Julho de 2015 - 14:47:50 CEST
perfil dos jovens infratores no Brasil corresponde ao perfil das principais vítimas de
violência no país: homens, negros, pobres, sem estudo, nem emprego. O Estado nega o
direito a uma vida digna à juventude, mas quer ampliar as cadeias. É preciso que o povo
construa organismos de autodefesa. Esta é uma questão de vida ou morte. ---- No dia 17 de
junho uma comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou uma emenda à Constituição de
redução da maioridade penal de 18 para 16 anos para crimes considerados graves. Ainda que
a intenção de aprovar a redução para quaisquer crimes não tenha se concretizado, a emenda
se configura no bojo dos esforços do Estado em endurecer a repressão contra a juventude
pobre e negra, tratando a miséria e as contradições sociais como caso de polícia.
Pesquisa recente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica aplicada), divulgada dia 16 de
junho, permite traçar um perfil dos jovens infratores detidos:
95% são do sexo masculino;
66% são de famílias pobres;
60% são negros;
51% não estudavam;
49% não trabalhavam quando cometeram o delito;
A pesquisa também discute a severidade das penas imputadas ao menor. Considerando que, da
totalidade de adolescentes privados de liberdade, 64 % (15,2 mil) cumpriam pena de
internação, a mais severa, apenas 13,8% (3,2 mil) cometeram delitos considerados mais
graves, como homicídio e latrocínio. Isso derruba o argumento de que os menores não são
duramente punidos no Brasil.
O perfil do menor infrator do IPEA corresponde ao das vítimas fatais da violência: na
maioria das vezes jovem, pobre, negro e do sexo masculino, como discutido no texto da
UNIPA "Mapa da violência: jovens e negros na mira da polícia assassina". Quando
contrastamos esses dados, percebemos que, diferente do que é alardeado, a juventude pobre
e negra não é a principal responsável por crimes violentos no Brasil, mas é a principal
vítima dessa violência.
Construir Comitês de Autodefesa das Periferias
Para combater o racismo, a violência policial e a falta de direitos, comunidades
negras e pobres dos EUA na década de 60 organizaram o "Partido Panteras
Negras para Autodefesa". Uma lição para a atualidade brasileira.
O resultado da política de repressão e criminalização da pobreza e da juventude longe de
combater a violência, serve para acirrá-la. Isso ficou evidente em abril, quando o menino
Eduardo de Jesus Ferreira (10), estudante e morador do complexo do Alemão foi morto na
porta de casa por um policial, enquanto fazia deveres de casa. Depois tentou-se justificar
a ação com a mentira de que o menor estava armado.
Ao mesmo tempo em que o direito à vida e a uma existência digna são negados à nossa
juventude, o senado aprova em regime de urgência uma lei que torna mais severa a punição
ao homicídio de policiais, tentando impedir a resposta legítima e violenta do povo aos
agentes da repressão do Estado e garantir o exercício do monopólio da violência.
O combate a esses ataques ao povo por dentro da burocracia do Estado dos governistas
(PT/PCdoB) e para-governistas (PSOL/PSTU) já demonstrou sua ineficiência ao tentar
conciliar ou abrandar o conteúdo das propostas, aceitando a derrota com sua política do
mal menor.
É necessário que o povo trabalhador use das referências históricas da construção de
organismos de autodefesa de massas nos locais de moradia, trabalho e estudo para responder
à violência sistemática do Estado contra a juventude pobre e negra nas periferias,
inclusive violentamente.
https://uniaoanarquista.wordpress.com/2015/06/26/reducao-da-maioridade-penal-politica-contra-a-juventude-das-periferias/
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